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Sócrates sai em defesa de Manuel Pinho

Ex-primeiro-ministro escreveu um artigo de opinião onde ataca o Ministério Público, os deputados e os jornalistas.

21 de julho de 2018 às 12:41

O ex-primeiro-ministro José Sócrates defende o seu ex-ministro da Economia Manuel Pinho num artigo de opinião publicado este sábado no semanário Expresso.

Num artigo intitulado "Esgar de rejeição", Sócrates acusa os procuradores de desrespeitarem "ostensivamente a decisão de um juiz de instrução que decidiu levar a sério a sua condição de juiz dos direitos e não parece disposto a obedecer ao Ministério Público". De lembrar que o ex-primeiro-ministro acusou em diversas ocasiões o Ministério Público de o perseguir injustamente.

Sócrates acusa ainda os deputados de má prática por terem chamado Pinho ao Parlamento no âmbito do inquérito à forma como o Estado negociou com a EDP as "rendas" do sector energético. Os deputados da comissão interpelaram Pinho sobre a sua relação com o Grupo Espírito Santo, mas o ex-ministro rejeitou responder a qualquer pergunta sobre o caso, decisão suportada pelo antigo primeiro-ministro, um dos principais arguidos na Operação Marquês."À hora de jantar, um líder político resolve expor, resplandecente, a sua política de justiça: se um cidadão reclama o direito a defender-se apenas depois de conhecer a acusação, já nem precisamos de ouvir mais, escusa de cá vir outra vez, o silêncio condena-o imediatamente. À noite, ainda nesse dia, é possível ouvir um líder parlamentar dizer que o convidado, que se limitou a cumprir o que combinou e a aguentar a deslealdade parlamentar, não se sabe comportar com deputados — foi arrogante e incorrecto", escreve o ex-primeiro-ministro, deixando ainda críticas a políticos e jornalistas: . No dia seguinte, eis o coro que só é possível ouvir quando políticos e jornalistas estão de acordo no alvo — eia, fogo nele. Bravo".

Sócrates diz ainda que existe uma aparente "convenção minuciosamente negociada" por deputados e jornalistas de "pôr de lado os direitos individuais e a Constituição da República", colocando-se à parte dessa prática.

O ex-primeiro-ministro deixa ainda a acusação de que o Ministério Público dirige imputações "contra cidadãos através dos jornais", sem que sejam exigidas provas; de que os deputados cessaram de ser porta-vozes "do povo que representam" para passarem a representar "as autoridades judiciais que, através dos jornais, lhes sugerem as perguntas que elas próprias não puderam ou não quiseram fazer".

O artigo termina ainda com uma nova defesa de Manuel Pinho contra aquilo que Sócrates considera ter sido um ataque aos direitos do ex-ministro como cidadão quando foi ao Parlamento responder sobre as rendas da EDP: "O que vejo é a indecência parlamentar da armadilha política: não só não cumprimos o que combinámos, como te criticamos porque, afinal, sabias bem onde te estavas a meter. O que vejo são lideranças políticas que pretendem fazer do direito constitucional a responder só depois de conhecer a acusação uma velharia jurídica formal, pronta a ser sacrificada perante uma qualquer oportunidade política para atacar um adversário", escreve no Expresso

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