Pedro Santana Lopes venceu João Soares nas eleições autárquicas de Lisboa, em 2001, por apenas 856 votos, uma vitória à justa que suscitou suspeitas no próprio dia do acto eleitoral e daria origem a uma queixa-crime por eventual fraude e irregularidades eleitorais.
Sete anos depois, um livro, ‘construído’ a partir dos dados estatísticos dessa eleição, identifica 2649 votos irregulares e conclui que “não é possível afirmar com segurança quem ganhou efectivamente as eleições em Lisboa em 2001”.
Alberto Silva Lopes, advogado e apoiante de João Soares, foi a primeira pessoa a levantar suspeitas sobre a forma como o processo eleitoral decorreu em Lisboa. Segundo as suas contas, João Soares ganhara a Santana Lopes, “no mínimo, por 1300 votos”. E, por esse motivo, apresentou uma queixa-crime no Ministério Público em 17 de Maio de 2002. João Ramos Almeida, jornalista, pegou no trabalho de Silva Lopes e, após uma prolongada investigação, editou a análise e conclusões no livro ‘Eleições Viciadas? – O frágil destino dos votos – Autárquicas de 2001 em Lisboa’.
Com base na análise dos documentos, foram detectadas diversas irregularidades: “discrepâncias entre o número de eleitores dos cadernos eleitorais, das actas das secções de voto, dos valores divulgados pelo STAPE (Secretariado Técnico para os Assuntos do Processo Eleitoral) e, finalmente, do Diário da República (DR); “discrepâncias entre os números globais de votantes e o conjunto dos votos efectivos”; “eleitorados diferentes para os três órgãos autárquicos, situação ilegal inexplicável, porém publicada em DR”; “discrepâncias entre os resultados das secções de voto, os anunciado no dia das eleições e aqueles que foram publicados no DR”.
Um caso paradigmático é a diferença entre o número de votantes: “O STAPE afiançou terem votado 312 391 pessoas para a Câmara Municipal, mas as assembleias de apuramento geral só encontraram 311 482 pessoas, ou seja, menos 909 pessoas”. E, frisa o autor, “razão de estranheza é o facto de o corte de 909 votantes incidir, sobretudo, entre votantes de João Soares”.
Mas as irregularidades não ficaram por aqui: em algumas secções de voto, como no Lumiar e Sta. Maria dos Olivais, alguns eleitores tentaram votar duas vezes, e o próprio Ministério Público, durante o inquérito, detectou a existência de actas falsificadas. Contas feitas, apurou-se que, num total de 2649 votos irregulares, 887 eram falsos.
No essencial, o livro, apesar de frisar não ser possível afirmar se algum partido ou dirigente foi beneficiado pelas irregularidades, deixa também claro que quer Santana Lopes, quer João Soares podiam ter vencido as eleições. E, mesmo não provando a existência de fraude eleitoral, mostra como pode ser fácil alterar os resultados eleitorais em Portugal.
Ontem, João Soares disse ao CM que, apesar de não ter lido ainda o livro, “até hoje não estou convencido de que houve uma fraude”, posição que manifestou ao autor do livro, apesar de ter reconhecido a este “terem ocorrido ‘coisas muito estranhas’”. O CM tentou falar com Pedro Santana Lopes mas tal não foi possível.
FERNANDO NEGRÃO (PSD): EUSÉBIO CONFIANTE NA VITÓRIA
O antigo futebolista Eusébio considerou ontem que a candidatura de Fernando Negrão à Câmara de Lisboa “tem todas as possibilidades” de ganhar as eleições e reconheceu que não poderia recusar o convite do PSD para apoiar a sua candidatura.
“Nunca escondi que sou do PSD. O PSD pediu, não posso dizer que não”, disse o ex-futebolista da selecção nacional e do Benfica quando questionado sobre as razões que o levaram a apoiar a candidatura de Fernando Negrão.
GOJE: Convenção Lisboa à Frente com o líder do PSD, Marques Mendes, à partir das 15h00
ANTÓNIO COSTA (PS): PRIORIDADE PARA PEQUENAS OBRAS
O candidato do PS à Câmara de Lisboa elegeu ontem a resolução de pequenos problemas como a prioridade para os próximos dois anos. António Costa fez ontem o roteiro ‘Lisboa paralisada’, que começou junto às obras do Jardim de São Pedro de Alcântara, paradas há vários meses por falta de pagamento da autarquia ao empreiteiro, e passou por uma escola HOJE. Apresenta projecto para abrir o quarteirão do Liceu Passos Manuel à comunidade (14h15)
CARMONA RODRIGUES (INDEPENDENTE): CONTRA SALAS DE CHUTO
O candidato independente à Câmara de Lisboa Carmona Rodrigues comprometeu-se ontem a não instalar uma sala de injecção assistida no Bairro do Charquinho, em Benfica, e defendeu a realização de estudos para a localização destes equipamentos. “Comigo não vai ser levado por diante esse projecto”, disse à Lusa Carmona Rodrigues durante uma visita ao Bairro do Charquinho, um dos locais que chegaram a ser pensados para se instalar uma das salas de injecção assistida em Lisboa, projecto que mereceu críticas de deputados municipais.
HOJE: Visita ao Templo e Comunidade Hindu, às 19h00
HELENA ROSETA (INDEPENDENTE): EXECUTIVO MULTIPARTIDÁRO
A candidata independente à Câmara de Lisboa Helena Roseta propôs ontem que os vereadores eleitos elaborem juntos um programa de emergência e que o executivo seja formado por várias forças, com pelouros distribuídos por competências.
Helena Roseta apresentou ontem o programa eleitoral, num pequeno-almoço com a Comunicação Social, mas ressalvou logo no início da apresentação que esse documento “terá de ser submetido ao crivo dos outros eleitos”.
HOJE: Candidata estará presente na inauguração da exposição “Direito a Habitar”, em Chelas, às 17h30
SÁ FERNANDES (BLOCO)
José Sá Fernandes visitou ontem o centro de acolhimento para sem-abrigo de Xabregas e demonstrou a sua revolta contra o seu possível encerramento devido a falta de pagamento da Câmara de Lisboa. “Eu prefiro dever ao banco a deixar estas pessoas na rua. Esta situação é do pior que se pode ter na gestão de uma câmara”, afirmou o candidato do BE à presidência da autarquia. Em visita ao Centro de Acolhimento Temporário para Sem-abrigo de Xabregas, Sá Fernandes afirmou ainda que esta situação constitui “um problema de prestígio da Câmara”. “Se não conseguirmos ajudar os mais necessitados, demonstra uma tremenda incapacidade da nossa parte”, disse.
HOJE: Visita ao Bairro da Liberdade (Campolide), às 10h00
RUBEN DE CARVALHO (PCP/VERDES)
O candidato da CDU à Câmara Municipal de Lisboa, Ruben de Carvalho, reuniu ontem, na Aula Magna, cerca de duas mil pessoas, segundo dados da organização, num comício que contou com a presença do líder comunista, Jerónimo de Sousa.
O secretário-geral do PCP vai participar na campanha mais quatro vezes até às eleições de 15 de Julho, numa espécie de toque a rebate do partido, agora que a pré-campanha entra numa nova fase. Ainda hoje estará numa acção de campanha.
As declarações do candidato sobre a necessidade da realização de uma inspecção à Gebalis é que já mereceram o repúdio do PSD, que, em comunicado, acusa Ruben de Carvalho de oportunismo político.
HOJE: Contacto com a população dos Olivais às 10h30 e Marvila às 11h00
TELMO CORREIA (CDS-PP)
O candidato do CDS-PP à Câmara Municipal de Lisboa, Telmo Correia, desafiou no dia 28, à noite, os seus adversários a definirem números máximos para os assessores do futuro presidente autárquico e respectivos vereadores. “Em tempo de crise, o presidente de Câmara não pode ter no seu gabinete mais assessores do que tem um gabinete de um ministro – que tem cinco adjuntos a trabalharem com ele”, defendeu Telmo Correia, num jantar com cerca de 500 pessoas. O líder do CDS-PP, Paulo Portas, pediu, por seu lado, um voto de “aviso” e “castigo” dos eleitores alfacinhas ao Governo, apelando mais uma vez ao voto útil.
HOJE: Candidato com Paulo Portas em arruada na Avenida da Igreja, 10h45
FERREIRA LEITE
A mandatária de campanha do PSD às eleições de 15 de Julho, Manuela Ferreira Leite, deverá participar amanhã numa acção de campanha de Fernando Negrão. Esta é a segunda vez que entra na campanha, depois de um almoço na freguesia do Castelo.
RUPTURA
A candidata independente à Câmara de Lisboa Helena Roseta defendeu ontem que o candidato do PS, António Costa, enquanto ministro, ou Carmona Rodrigues, enquanto presidente da
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