Investigadores testam alarmes para golfinhos
Centenas de cetáceos ficam presos em redes de barcos.
O problema é mundial, mas só na costa portuguesa, por ano, morrem muitas centenas de espécies protegidas de cetáceos ao ficarem presos nas mais variadas artes de pesca enquanto procuram comida.
São capturas acidentais que resultam, não só na mortalidade dos animais, como em elevados danos económicos para os pescadores que ficam sem o pescado e com as redes danificadas.
É aqui que entram os investigadores do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (UAlg), que tentam agora mitigar este problema com alarmes acústicos.
"Na primeira fase deste projeto e segundo os dados que recolhemos, percebemos que havia mais interação com espécies marinhas protegidas na zona do Sotavento, devido à maior quantidade de embarcações no mar. Agora vamos trabalhar próximo com os pescadores para tentar mitigar este problema", conta ao CM Ana Marçalo, investigadora da UAlg.
Em estreita colaboração com a empresa MarSensing, vão ser instalados os alarmes acústicos nas redes de pesca de emalhar e de tresmalho de embarcações que pescam ao largo de Olhão. O objetivo é tentar manter afastados os cetáceos que procuram comida.
Neste caso, o foco será o golfinho roaz-corvineiro, "o mais problemático em termos de interação com as redes", diz ainda a investigadora. É esperado que até ao final do mês comecem estes ensaios no mar, depois dos dispositivos já terem sido testados em piscinas.
PORMENORES
Reduzir o problema
"Para já não é uma solução. É uma tentativa de reduzir o problema que precisa de ser testada. Em alguns meses esperamos já ter alguns resultados que iremos analisar e tirar algumas conclusões", diz Ana Marçalo.
Aparelhos eletrónicos
Segundo a investigadora, já houve testes do género, tanto no Algarve como em outros pontos de Portugal, mas não funcionaram. Agora foi feita "uma busca minuciosa no mercado" à procura destes aparelhos eletrónicos específicos.
Projeto iNovpesca
Estes testes vão ser desenvolvidos pelo grupo das Pescas, Biodiversidade e Conservação do CCMAR/UAlg, englobado no projeto iNovpesca, um projeto do Mar 2020 que avalia o problema deste tipo de interações.
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