Juíz Carlos Alexandre perplexo com versão de Azeredo Lopes sobre caso de Tancos

Ex-ministro da Defesa é acusado de denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário e abuso de poder.

03 de fevereiro de 2020 às 08:02
Azeredo Lopes Foto: Duarte Roriz
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O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes é esta segunda-feira interrogado, a seu pedido, na fase de instrução do processo de Tancos, no qual é acusado de denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário e abuso de poder.

Recorde-se que o ex-ministro da Defesa foi apontado pelo Ministério Público como alguém que sabia da farsa de Tancos. 

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Cerca das 09h20, Azeredo Lopes chegou ao tribunal. No entanto, optou por manter o silêncio à chegada, avançando apenas aos jornalistas que vai responder a todas as questões que lhe sejam colocadas, mas apenas perante o juiz. "Tudo o que puder esclarecer vou dizer lá dentro (tribunal) e não perante vós", avançou Azeredo Lopes à chegada ao tribunal de Monsanto, em Lisboa.

No entanto, o advogado de Azeredo Lopes, Germano Marques da Silva, avançou aos jornalistas o porquê de ter chamado o primeiro-ministro, António Costa.

"Chamei porque houve notícias na comunicação social a dizer que o Ministério Público queria chamar o primeiro-ministro e foi impedido de o fazer. Sobre factos não falo mas posso dizer que  chamei o primeiro-ministro para que não houvesse dúvida que ele pudesse responder", concluiu.

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"Tem imunidade para não responder": Defesa de Azeredo Lopes ponderou chamar Marcelo a depor no caso Tancos

"Ponderei e só não o fiz por ser uma alta figura de Estado com direito a imunidade e com possibilidade de não responder", afirmou Germano Marques da Silvam, quando questionado sobre se tinha ou não chamado o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Cerca das 12h00, Azeredo Lopes abandonou o Tribunal de Monsanto, em Lisboa, para a pausa de almoço. O ex-ministro da Defesa terá dito ao juiz que, efetivamente, recebeu um documento por whatsapp, mas que esse documento não revelava qualquer indicação de que se tratava uma farsa. Esta é uma terceira versão dos factos.

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Carlos Alexandre teve algumas intervenções durante a manhã, chegando mesmo a mostrar a sua perplexidade, uma vez que esperava que o ex-ministro viesse desempatar uma história que tem sido contada a duas versões, do Coronel Luís vieira, ex-diretor da PJ militar e a depois pelo chefe de gabinete de Azeredo Lopes. O depoimento terá sido pouco esclarecedor, respondendo a questões feitas pela sua defesa, Germano Marques da Silva, e algumas questões feitas pelo juiz Carlos Alexandre.

Recorde-se que, para a defesa de Azeredo Lopes, "os factos que lhe são imputados não passam de meras conjeturas, gravemente infundadas, não são suportadas em provas juridicamente relevantes", pode ler-se no Requerimento de Abertura de Instrução (RAI) do processo sobre o furto e a recuperação do armamento militar dos paióis de Tancos.

O ex-ministro irá depor a seu pedido perante o juiz de instrução Carlos Alexandre com a convicção de que é "vítima de uma grave injustiça" e que o "tribunal há de reconhecê-lo".

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No RAI, um documento com 250 páginas, o advogado Germano Marques da Silva refere que "procurou mostrar neste longo requerimento como é absolutamente infundada a acusação" deduzida pelo Ministério Público. Opinião oposta tem o Ministério Público (MP) ao considerar que o ex-ministro da Defesa desrespeitou deveres funcionais como a isenção, imparcialidade, zelo e lealdade, classificando de "extrema gravidade" os crimes que lhe são imputados.

Segundo a acusação do MP, a recuperação do armamento furtado dos paióis de Tancos, em junho de 2017, deve-se a um "verdadeiro pacto de silêncio entre Azeredo Lopes e os arguidos da GNR, Polícia Judiciária Militar e que todos criaram sérios obstáculos à descoberta da verdade material".

Azeredo Lopes demitiu-se do cargo a 12 de outubro de 2018. Nove dos 23 arguidos do processo de Tancos são acusados de planear e executar o furto do material militar e aos restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes, é-lhes imputada a participação na encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

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O inquérito de Tancos investigou o furto, em 28 de junho de 2017, e as circunstâncias em que aconteceu a recuperação de grande parte do material militar, em 18 de outubro do mesmo ano.

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