Ex-presidente do Instituto da Habitação diz que há “gente sem escrúpulos” a reconstruir Pedrógão
Processo de obras irregulares já tem 34 arguidos.
Vítor Reis, ex-presidente do Instituto da Habitação, considera que a reconstrução de propriedades atingidas pelo incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, está "entregue a gente que age sem critério, sem escrúpulos e à margem da lei".
E aponta o dedo à autarquia liderada por Valdemar Alves: "Há uma total opacidade na sua conduta neste processo".
O inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal de Coimbra tem, neste momento, 34 arguidos e mais quatro cidadãos já foram notificados para serem inquiridos, em breve, também, como arguidos.
O antigo líder do Instituto da Habitação enviou já ao Ministério Público e Tribunal de Contas um relatório com 44 casos em que as regras - aplicar donativos na reconstrução de habitações permanentes e só apoiar casos de propriedades afetadas pelo fogo - não foram cumpridas: "São dezenas e há muitos casos que só serão conhecidos quando as entidades envolvidas se dignarem a tornar públicos todos os apoios concedidos".
Já Carlos David Henriques, o ex-presidente dos bombeiros de Pedrógão, indicou ao CM que há um donativo de empresários chineses ao município de "cerca de 90 mil € em dinheiro vivo, que ninguém sabe onde está".
Referiu ainda que "há um clima de suspeição" na ajuda às vítimas, "promovida pelo autarca, que não divulga os apoios concedidos".
O Correio da Manhã questionou o município, há vários dias, sobre estas e outras matérias, sem sucesso.
PORMENORES
Debate instrutório dia 26
O processo em que 13 arguidos, incluindo Valdemar Alves, respondem por homicídio por negligência e ofensas à integridade física está em fase de instrução. O debate instrutório está marcado para dia 26.
Donativos parados a prazo
O inquérito sobre donativos chineses em cheques foi arquivado, em fevereiro. O Ministério Público deu três meses à câmara para indicar como aplicará a verba da conta solidária.
Bens armazenados
Questionado sobre os bens ainda armazenados, o fundo Revita diz apenas que "são entregues em função das necessidades".
Capela ainda destruída
Uma capela, na aldeia de Adega, continua totalmente destruída, apesar de várias promessas.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt