António Costa diz que relatório sobre Tancos não é "documento autêntico"
Primeiro-ministro critica Passos Coelho por tecer comentários sobre "algo fabricado".
O Estado Maior-General das Forças Armadas negou este sábado que exista algum relatório dos serviços de informações militares sobre o caso do roubo de armas em Tancos. O EMGFA nega, assim, a notícia divulgada este sábado pelo jornal Expresso, que diz existir um relatório destes serviços que "arrasa a atuação do Governo e dos chefes militares" no caso do roubo de armas.Num curto comunicado, assinado por Helder Perdigão,
"Relativamente à notícia publicada este sábado pelo jornal Expresso intitulada "relatório explosivo sobre Tancos arrasa poder político e militar" e que está a ter eco em outros órgãos de comunicação social, vem o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) informar que o seu Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL) não produziu qualquer relatório sobre o assunto".
O Jornal Expresso reagiu a este comunicado na tarde deste sábado, afirmando a veracidade do documento que divulgou.
O documento, cuja credibilidade foi confirmada pelo Expresso junto de várias fontes, contém informação de cariz militar e também ao nível da segurança interna. As fontes humanas citadas pelo relatório são militares no ativo e também na reserva".
O CM apurou que a Polícia Judiciária ainda não recebeu qualquer relatório desta natureza, oriundo de alguma fonte militar, com as características divulgadas este sábado pelo Expresso.
Relatório não pertence a "nenhum organismo oficial" do Estado, diz António Costa
O primeiro-ministro, António Costa, reiterou na noite deste sábado desconhecer o relatório noticiado pelo Expresso sobre o furto de armas em Tancos, sublinhando que o documento não pertence a "nenhum organismo oficial" do Estado.
"Não sei a que documento se refere o jornal. Sei que não é de nenhum organismo oficial do Estado português", disse António Costa, em declarações à RTP em Almancil, no concelho de Loulé, à margem de uma iniciativa de apoio aos candidatos locais nas autárquicas de outubro.
"O que nós já sabemos é que não é um documento produzido por nenhum dos serviços de informação do Estado português, por nenhum serviço de segurança do Estado português", acrescentou o primeiro-ministro.
António Costa sublinhou que o Estado-Maior-General das Forças Armadas já "desmentiu a autenticidade desse documento", tal como o secretário-geral dos Serviços de Informações.
Para o líder do executivo do PS, sai fragilizada a "credibilidade da informação" e dos que "comentam notícias sem verificar a veracidade dos documentos", aludindo ao presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.
"Acho absolutamente lamentável que [Passos Coelho] tenha feito comentários com base numa notícia sem primeiro sequer confirmar se esse documento era autêntico", sublinhou António Costa.
E concretizou: "Receio muito que estejamos a falar sobre algo fabricado e não sobre um documento autêntico. Um documento autêntico já sabemos que não é".
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