Idosos agredidos esperam anos antes de queixa
Vítimas aguentam entre dois a seis anos de sofrimento.
A maior parte dos idosos que recorreu à APAV entre 2013 e 2014 viveu entre dois a seis anos como vítima de crime e de violência, delitos cometidos sobretudo pelos filhos e companheiros, segundo dados esta quinta-feira divulgados.
Hoje assinala-se o Dia Internacional da Pessoa Idosa e para marcar a data a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) divulgou uma estatística temática sobre as pessoas idosas vítimas de crime entre os anos de 2013 e 2014.
De acordo com os dados da APAV, neste período houve 2.009 pessoas idosas que pediram ajuda à associação, sendo que 1.626 revelaram ser vítimas de crime e de violência. Este número reparte-se entre 774 vítimas em 2013 e 852 em 2014.
"De 2013 para 2014 verificou-se um aumento processual de 10,1% (+78 processos de apoio) ", diz a APAV.
APAV regista 4.105 crimes
No total, a APAV registou 4.105 crimes contra pessoas idosas, sobretudo maus tratos psíquicos (36,4%) e maus tratos físicos (24,4%).
Em 2013 houve registo de seis homicídios consumados, número que baixou para três em 2014.
As pessoas idosas foram sobretudo (80%) vítimas de crimes de violência doméstica.
Em mais de 50% dos casos (208 - 2013, 228 - 2014), as vítimas têm entre 65 e 69 anos e quando analisado o estado civil, conclui-se que a maioria ou estava casada (44,5%) ou era viúva (28,5%).
Em 550 casos, os idosos viviam em famílias nucleares com filhos, havendo também outros 300 que viviam sozinhos.
Filho é o principal agressor
Quando analisada a relação com o agressor, os dados da APAV revelam que em 617 casos (36,5%) o autor das agressões ou do crime é o próprio filho, enquanto em 489 casos (28,8%) o agressor foi o cônjuge. Há também 80 casos em que são os próprios netos.
Os dados mostram também que o tipo de vitimação continuada atinge nos dois anos "um valor bastante elevado", chegando aos 77% em 2013 e aos 80% em 2014.
A maior parte dos idosos (62,4%) não soube ou não respondeu à pergunta sobre durante quanto tempo aguentaram as agressões, mas entre os que responderam (37,5%), a maior parte (26,6%) admitiu ter aguentado entre dois e seis anos.
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