"Já não acreditava que o Luís estivesse vivo", conta mulher do triatleta
Rosa Grilo fala ao CM e garante não encontrar explicações para crime violento, em Avis.
Depois de mais de um mês de incerteza e sem saber do paradeiro do marido, foi com aparente calma que a mulher de Luís Miguel Grilo recebeu a notícia da sua morte. "Já não acreditava que estivesse vivo", disse ao CM Rosa Grilo, garantindo que acreditava ter-se tratado de um acidente.
"A PJ confirmou-me esta manhã [segunda-feira] que era ele. Assim que vi as notícias na sexta-feira entrei em contacto com a PJ, mas nessa altura ainda só havia uma suspeita".
"Acho que ainda não assimilei bem a notícia, talvez mais tarde fique em choque. Fiquei muito surpreendida com as hipóteses apresentadas [homicídio passional ou ajuste de contas], porque ninguém lhe queria mal", diz Rosa Grilo, que não fez perguntas à PJ nem quis saber pormenores sobre as circunstâncias em que o corpo foi encontrado.
"Durante muito tempo, acreditámos, a família e os amigos, que ele pudesse resistir. Estes caminhos são muito acidentados, podia ter caído e estar ferido, mas ele era muito resistente. Com o passar do tempo fui perdendo a esperança. Mas os amigos foram incansáveis, até a semana passada andaram aqui a percorrer os caminhos".
Para já, a PJ está a dar prioridade máxima à investigação. A brigada de homicídios da PJ de Lisboa, que está a acompanhar o caso desde a primeira hora, tenta vasculhar todo o passado de Luís Grilo para tentar chegar ao móbil do crime. A hipótese de roubo é para já a única que está afastada.
Equacionada hipótese de ataque na estrada
É com base na análise dos indícios recolhidos que a Polícia Judiciária tenta reconstituir o que aconteceu a Luís Miguel Grilo. O Correio da Manhã sabe que as autoridades admitem que o ataque tenha acontecido na estrada, quando o triatleta seguia na sua bicicleta. Poderá ter sido na zona onde o telemóvel foi encontrado que Grilo foi abordado. Tem uma lesão na cabeça, mas a autópsia não é clara. Não se sabe se foi provocada por uma pancada ou por uma eventual queda.
Também o facto de o corpo ter sido encontrado com um saco na cabeça leva as autoridades a admitir que tenha sido asfixiado. Não se sabe porém se o saco serviu igualmente para que o atleta não visse o caminho para onde estava a ser levado.
Outra coincidência. O local onde o corpo foi encontrado - junto à estrada Municipal 1070, no distrito de Avis - embora se situe a mais de 130 quilómetros do local onde o telemóvel apareceu não é muito longe de uma outra localidade, à qual Luís Miguel Grilo se encontrava ligado por motivos familiares. "O Luís conhecia aquela zona [onde foi encontrado]. A minha família é de lá perto, conhecemos a zona, tenho lá um padrinho que é uma pessoa muito humilde e com quem temos uma boa relação. Íamos lá regularmente, a última vez foi no início do ano", contou a mulher, sem conseguir explicar o motivo de o corpo lá ter sido abandonado.
Autoridades procuram bicicleta do triatleta
A bicicleta de Luís Miguel Grilo continua sem aparecer. Foi apenas encontrado o telemóvel, na localidade de Casais da Marmeleira, a seis quilómetros da casa da vítima. Estava numa capa onde se encontrava dinheiro e o cartão de cidadão.
Apanhado pelas câmaras de vigilância
As autoridades acreditam que Luís Miguel Grilo entrou em Casais de Marmeleira, seguindo na sua bicicleta. As câmaras de vigilância da empresa de distribuição Vikings, apanharam a imagem de um vulto que as autoridades presumem ser o triatleta. Depois disso, nunca mais foi visto. Sabe-se que tinha saído de casa às 16h00 de 16 de julho e disse à mulher que demoraria cerca de duas horas a regressar. O alerta foi dado nesse mesmo dia, à noite.
Encontrado nu e em adiantado estado de decomposição
O corpo de Luís Grilo foi encontrado sem roupa e estava em adiantado estado de decomposição. A identificação positiva do cadáver foi feita através das impressões digitais, durante a tarde de sábado. A autópsia aconteceu também no sábado.
Amigos organizam várias buscas
No dia a seguir a ter sido dado o alerta para o desaparecimento de Luís Miguel Grilo, os amigos organizaram buscas para o procurar. Ajudaram a GNR e os bombeiros, mas nada encontraram. Não havia pistas para o paradeiro do atleta. Foram espalhados cartazes.
Família nega dívidas e problemas na empresa
A mulher de Luís Grilo revelou ao CM que vai manter a empresa que possuíam. "Vendemos sistemas de software de gestão, mas não tínhamos problemas financeiros nem dívidas", garante Rosa Grilo.
PORMENORES
Paixão pelo triatlo
O triatlo era uma das grandes paixões da vida de Luís Miguel Grilo. O engenheiro informático, de 50 anos, começou por correr maratonas, mas mudou para o triatlo, que na sua vertente olímpica é constituída por uma prova de 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 quilómetros de corrida.
Prova no estrangeiro
Em junho, um mês antes do desaparecimento, Luís Miguel Grilo participou numa prova na Alemanha, na vertente IronMan, em que as distâncias são maiores: 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e, a terminar, a maratona de 42 km.
Natural de Vila Franca
Era natural de Vila Franca de Xira, estudou na escola Reynaldo dos Santos, e terá tido uma passagem por França, onde se formou. Atualmente, o triatleta era dono de uma empresa sediada em Alverca, dedicada à consultadoria informática e assistência técnica.
Deixa um filho menor
Luís Grilo vivia na aldeia de Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira, numa vivenda geminada, com a mulher, Rosa Grilo, e um filho ainda menor. Era visto pelos populares de Cachoeiras - onde vivia há cerca de dois anos - como uma pessoa pacata, que tinha por hábito passear o cão e treinar de bicicleta.
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