Jovem escapa a tiros de triplo homicida e foge de autocarro

"Quando ouvi o primeiro disparo não pensei que alguém tivesse sido atingido. Mas ouvi o segundo tiro, levantei-me da cadeira e só quis salvar a minha vida. O Fernando caminhou tranquilamente e parou à porta da barbearia. Saí a correr, olhei para trás para saber se alguém vinha atrás de mim e vi os três caídos no chão. Virei à esquerda, corri rua abaixo e entrei no primeiro autocarro que encontrei." O relato é do jovem que sobreviveu ao massacre da barbearia 'Granda Pente' em outubro do ano passado, quando Fernando Silva matou Carlos Pina, Fernanda Júlia e Bruno Neto com tiros na cabeça.

Este sobrevivente pediu para não ser identificado por medo de represálias e só falou depois de o triplo homicida sair da sala de audiências. Não teve dúvidas em identificar o autor dos disparos e o relato demonstrou a frieza do homicida. 

Na sala de audiências esteve também a mãe de Fernanda Júlia, que é assistente no processo. "A minha filha e o Bruno estavam a construir uma casa. Deixaram uma menina, que diz sempre 'Avó, tenho muitas saudades do pai e da mãe”, explicou Marta Brandão. “Ela sabe que os pais morreram, está a receber apoio psicológico, tal como o filho mais velho da Fernanda, que tem agora 13 anos. Ficou em prantos, passou a ser um menino muito nervoso, tem muitos pesadelos”, acrescentou a mãe de Fernanda Júlia.

A sessão desta quinta-feira, a segunda, ficou marcada pelo esclarecimento de que Fernanda Júlia não estava grávida no momento do crime. Um equívoco na autópsia levou a essa conclusão, mas afinal tratava-se de um dispositivo intrauterino.