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Barbeiro sobrevivente de triplo homicidio na Penha de França em audição emotiva

Corte de cabelo resultou num triplo homicídio.

13 de novembro de 2025 às 17:08
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Barbeiro sobrevivente de triplo homicidio na Penha de França em audição emotiva

O julgamento do suspeito de assassinar três pessoas numa barbearia na Penha de França começou esta quinta-feira em Lisboa com a audição do barbeiro sobrevivente, que explicou de forma emotiva como um corte de cabelo resultou num triplo homicídio.

O arguido, Fernando S., e os familiares presentes foram retirados da sala e não ouviram o testemunho de Fábio Ferreira porque, sob grande tensão, disse ao coletivo ter receio da retaliação da família do suspeito.

"Foi mais um dia como os outros", começou por contar, salientando que ele e o barbeiro Carlos Pina, a primeira vítima mortal, tinham ido buscar o almoço e, quando voltaram, decidiram atender um cliente que estava à porta antes de irem almoçar.

Foi então que chegou o suspeito, que exigiu um corte de cabelo, a quem Carlos Pina disse que ia almoçar primeiro, contou.

Fernando S. insistiu e Fábio Ferreira disse que ainda lhe perguntou se "estava tudo bem, porque ele estava um pouco alterado".

Perante a recusa à sua insistência para cortar o cabelo, o arguido terá então disparado uma arma de fogo na cabeça de Carlos Pina.

Segundo a testemunha, foi em segundos, que não soube quantificar quantos, que o suspeito se dirigiu para a porta e terá disparado na cabeça de um outro cliente que tinha, entretanto, chegado.

Depois também terá atingido mortalmente a mulher que o acompanhava.

Afirmando que não viu a arma quando foram feitos os disparos contra o casal porque estava de costas, Fábio Ferreira disse que tentou acalmar o cliente a quem iam cortar o cabelo e que conseguiram depois fugir.

Já cá fora, Fernando S. ainda disparou na direção de Fábio Ferreira, mas a testemunha baixou-se e o tiro acabou por atingir a montra da barbearia.

Fábio Ferreira frisou que temeu pela sua vida, ainda hoje teme pela da sua família e admite que nunca mais foi o mesmo.

Para exemplificar, disse que tem tanto receio que já se pôs em frente à porta de casa com uma faca "para o caso de ele entrar para fazer mal ao meu filho".

Atualmente, está a tomar medicação para a ansiedade e deixou de fazer muita coisa.

"Deixei de passear com o meu filho pela rua. Há sítios a que nunca mais fui com a minha família. Temo por eles e por mim", contou.

O arguido, que optou por se remeter ao silêncio, foi identificado, mas afirmou não saber o seu nome completo, nem o nome do pai e que a mãe se chama só Maria.

Quando questionado onde vive, disse à juíza que "vive com a polícia" e que desconhecia a acusação que o levara ali.

A juíza, que leu os factos ao acusado, salientou que este tinha demonstrado "capacidade suficiente para ser cauteloso nas respostas" e "capacidade cognitiva para compreender os factos".

Segundo a acusação, o suspeito usou uma arma de fogo "que bem sabe ser capaz de tirar a vida" e "agiu de forma livre e voluntária e consciente, bem sabendo de que o seu comportamento" era contra a lei.

As vítimas dos disparos foram o proprietário da barbearia "Granda Pente", de 43 anos, que tinha cinco filhos, e um casal, de 34 e 36 anos, residente na zona de Alenquer. A mulher tinha dois filhos e encontrava-se grávida.

A audição de testemunhas continua hoje à tarde no Campus da Justiça, em Lisboa.

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