Justiça abandona criança que viu o pai ser raptado
Menor continua em choque e mãe vive com dificuldades, sem apoio para consultas de psicologia e psiquiatria.
'Ana' (nome fictício) já tem nove anos. Foi há poucos dias que celebrou o primeiro aniversário sem a presença do pai, João Paulo Fernandes. O empresário que estava emigrado em França, visitava a criança pelo menos duas vezes por mês. Eram muito próximos e ainda hoje a menina não aceita o que aconteceu. Não percebe porque é que o pai foi assassinado.
Relata o processo cuja investigação chega agora ao fim que, no momento do ataque, ‘Ana’ tinha chegado com o pai do supermercado. Estavam na garagem do apartamento alugado por João Paulo, em Braga, quando os homens apareceram. Encapuzados, em dois carros de gama alta. Agrediram, de imediato, o empresário que ainda teve tempo de pedir ajuda a um irmão por telefone.
A menina, aterrada, ouviu o pai pedir aos sequestradores para a deixarem viver. E ouviu pelo menos um homem a garantir-lhe que o pai seria assassinado.
Oito meses depois do rapto – e seis meses depois dos suspeitos terem sido presos – esta criança foi abandonada pela Justiça. Não beneficia de qualquer ajuda do Estado. A mãe, que agora passa por grandes dificuldades financeiras, tem de ser ela própria a providenciar a ajuda psicológica. Tem de pagar as consultas do psiquiatra e do psicólogo que permitem à criança algum equilíbrio.
Na escola que frequentava, todos recordam uma ‘Ana’ diferente. Hoje é uma menina assustada, com menor aproveitamento escolar e não esconde a revolta. Continua em choque.
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