"O meu filho disse-me que achava que ia morrer": Mãe de menino que ficou com dedos amputados quer justiça
Inspeção-Geral da Educação abriu processo para averiguar o caso.
"O meu filho disse-me que achava que ia morrer. Eu quero que seja feita justiça". As palavras são de Nivia Estevam, mãe do menino de 9 anos, aluno na escola de Fonte Coberta, em Cinfães, que teve de amputar as pontas de dois dedos. O caso ocorreu na segunda-feira. O menino ter-se-á dirigido à casa de banho quando, segundo a mãe, foi perseguido por outras duas crianças. "As crianças seguiram-no até à casa de banho, era o primeiro intervalo da manhã. Entraram atrás dele e fecharam a porta, o meu filho disse-me que imediatamente os dedos foram amputados, ainda tentou abrir a porta, mas não conseguia", explica Nivia. Segundo a mãe, o menor teve de se arrastar por baixo da porta para conseguir sair do local.
A Inspeção-Geral da Educação, a pedido do diretor-geral da Direção de Estabelecimentos Escolares, abriu um processo para averiguar as circunstâncias em que ocorreu o caso.
Segundo Nivia, os episódios violentos já tinham acontecido antes. "Eu já tinha reclamado à professora de situações de puxões de cabelo e pontapés, mas ela dizia que as crianças mentem e que isso é coisa de criança", descreve. Foi no dia 5 que o menino chegou a casa com a primeira marca de agressão. "Ele chegou com ferimentos na pele de alguém a enforcá-lo com o braço. Ficou com sangue no pescoço. Não foi tomada nenhuma atitude e a situação evoluiu", afirma a mãe revoltada.
Na segunda-feira, o menino foi transportado para o hospital de São João, no Porto. "Foi já depois da cirurgia que o meu filho me explicou o que tinha acontecido. É uma sensação de impotência, porque eu não estava lá para o proteger", desabafa.
Inquérito interno
Agrupamento de Escolas de Souselo, em Cinfães, abriu um inquérito interno para investigar o caso. Segundo o diretor, "os seguros foram acionados logo no dia seguinte" aos factos.
Quer justiça
Nivia Estevam reuniu, este sábado, com uma advogada, no Porto. "A minha revolta não é com as crianças. Neste momento, queremos que o caso vá a tribunal e que a decisão judicial seja imparcial", refere.
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