Arma usada para matar Liliane e Luis tinha sangue de Pedro Dias

PJ garante que homicida foi ajudado na fuga.

09 de novembro de 2017 às 09:43
Pedro Dias Foto: Nuno André Ferreira / Lusa
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Pedro Dias entrou no tribunal da Guarda em novembro do ano passado, onde se manteve em silêncio. O juiz que o ouviu disse que ficava em prisão preventiva, até ao julgamento Foto: Paulo Novais / Lusa
GNR baleado quer enfrentar Pedro Dias Foto: CMTV
Pedro Dias está preso Foto: Nuno André Ferreira
Pedro Dias Foto: Nuno André Ferreira / Lusa
Pedro Dias

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Pedro Dias, suspeito de ter cometido três homicídios em Aguiar da Beira e acusado de múltiplos outros crimes, continua esta quinta-feira a ser julgado no Tribunal da Guarda.

Hoje são ouvidos oito testemunhas: a GNR Manarimba Pina, o guarda Marques, guarda Filipe Ferreira, guarda Toni Mateus, enfermeiros Joana Gonçalves e Horácio Filipe, o guarda Filipe Cruz e o PJ Fernandes da Costa. Este último é o PJ responsável pela investigação do processo e foi quem prendeu Pedro Dias.

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Nas sessões anteriores já foram ouvidas as vítimas de Pedro Dias, os familiares das vítimas e alguns militares da GNR que também estiveram envolvidos no caso.

Sargento ligou a Pedro Dias no dia do crime

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A primeira pessoa a ser ouvida foi a Sargento Manarimba Pina que atualmente se encontra a trabalhar no posto de Viseu. Disse que não conhecia o Pedro Dias mas que conhecia os militares baleados. Foi esta militar que apreendeu a carta de condução do arguido. "Cheguei ao local onde a viatura foi encontrada", começa por contar. Estavam a fazer reanimação a Caetano quando um militar lhe entregou o documento e a informou que caiu do bolso de Caetano.

"Peguei no telemóvel de um Guarda que ligou ao Pedro Dias. Perguntei onde é que ele estava. Pedi para ir ao nosso encontro", conta Pina. A militar refere que insistiu que tinham um assunto para tratar mas não contou a Pedro do que se tratava. "Ele disse que não podeia vir ter connosco e eu passei outra vez o telefone ao Cabo Jorge", diz a militar.

Neste momento a advogado de Pedro Dias questiona Manarimba: "Acusou Pedro Dias [durante a chamada] de algum crime?"

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A militar responde que não porque naquela hora só tinham indícios: a carta de condução. "Precisava de saber mais. Por isso disse ao Pedro Dias para vir ter connosco", refere acrescentando que não sabia que vários militares já tinham ligado a Pedro Dias.

Cabo Jorge conhecia Pedro Dias 

O militar afirma em tribunal que também conhecia Caetano e Ferreira, os militares baleados.

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"Às oito e meia recebi um telefonema de um colega a dizer que havia dois militares baleados. Fui para o posto. Ouvi nas comunicações que estavam a pedir para identificar uma carrinha que eu sabia que era usada por Pedro Dias e por outro familiar da então namorada, Ana Cristina", refere.

"Como eu sabia onde era a quinta onde Pedro Dias parava, em Vila Cha, fui ver se a carrinha estava lá.", conta o militar que recorda que tinha o número do homicida de Aguiar da Beira.

"Há algum problema na quinta? Roubaram-me o gado?"

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"Dei-lhe um toque e ele não atendeu. Entretanto chegam outros militares. Estamos a falar para decidir ir lá à quinta e ele devolve-me a chamada. Disse que não estava em Fornes e estava a caminho de Valladolid", conta Cabo Jorge. A chamada caiu e o militar voltou a ligar. A rede estava má e não conseguiram falar mas percebeu que Pedro disse que estava a caminho do aeroporto.

"Voltei a ligar já de número não identificado. Nesse momento ainda não sabia da carta de condução.", diz. Entretanto o militar recebe a informação sobre o documento de Pedro Dias e de que na quinta estavam as carrinhas que ele usava. Foram outros colegas que passaram lá.

Pedro Dias liga ao Cabo Jorge. "Há algum problema na quinta? Roubaram-me o gado?", perguntou o homicida.

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O militar perguntou-lhe se tinha a carta de condução. Ele respondeu-lhe que não e que se esqueceu dela com os militares de Aguiar da Beira. "Fui jantar na Ana Cristina, eles até eram uns gajos porreiros", diz Pedro Dias. "Mandaram-me embora e nem levantaram o auto. Tinha um gasóleo que comprei mais barato", refere o arguido.

Neste momento a chefe retira o telefone ao militar. Cabo Jorge afirma que não ouviu a conversa. "O Pedro Dias foi muito simpático. Disse que ia viajar mas que voltava no dia seguinte. Ele estava muito calmo. Ele não sabia que o Ferreira estava vivo", conta o militar. 

O Cabo Jorge foi falar com Ana Cristina. A carrinha que Pedro Dias usava era dela. Conseguiu o número da mulher e ligou-lhe. Ana Cristina mentiu. Disse que estava a chegar à escola e que Pedro Dias tinha dormido em sua casa. Que saiu às 8h30 da manhã da residência.

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À noite a mulher assumiu que mentiu e que só tinha visto Pedro Dias às 8h30 quando este foi trocar as carrinhas.

"Eu conhecia o Pedro Dias por piloto. Não associei de imediato ao nome Pedro Dias.", refere o militar. "Ele estava sempre muito calmo ao telefone. Quando lhe perguntei sobre a carta fez-se silêncio. Na altura não dei importância. Hoje é possível que estivesse a pensar numa resposta", continua.

O militar conta que a ideia que tinha de Pedro é que era uma pessoa educada, com quem se podia conversar. Quando surgiram as notícias não associou que seria Pedro mas sim alguém que tivesse usado a carrinha em vez dele.

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"Ouvi a sargento dizer-lhe que tinha de vir esclarecer uma coisa", refere.

A advogada de Pedro Dias interrompe o testemunho: "É depois dai que se inicia a fuga que todos conhecemos". Quintela diz que a partir deste momento não houve mais chamadas. Pedro Dias nunca mais atendeu.

"Tenho uma chamada às onze e tal para o senhor Pedro. Deve ter sido acidental", termina Cabo Jorge.

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Enfermeiro que socorreu militares trabalhava com Liliane

O enfermeiro, que trabalhava nos bombeiros de Aguiar da Beira, foi chamado para socorrer os militares baleados. "Fui ao local. Fui ativado. Não sabíamos muita informação. Sabíamos que havia baleados", conta. 

"Abri a mala e vi o Caetano, estava em posição fetal"

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Foram acionadas duas ambulâncias naquela manhã. Os bombeiros encontraram Ferreira em pânico. Dizia que estava baleado e que estava outro militar ferido dentro da mala do carro. Ferreira tinha uma algema na mão, segundo Felipe.

"Aguardamos por instruções para saber para onde ir. Começamos a procurar para atuar o mais rápido possível", conta o enfermeiro. Quando a GNR encontrou o carro os bombeiros foram de imediato para o local. O António Ferreira estava a receber tratamento na ambulância. "Paramos para a chegada da VMER e recebemos o aviso de que tinha sido encontrado o carro de patrulha", conta o enfermeiro.

Os bombeiros foram ao encontro da viatura a pé, estava a 200 metros do local onde se encontravam.

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"Façam o vosso trabalho mas preservem o local o mais possível", pediram os militares da GNR aos bombeiros.

"Abri a mala e vi o Caetano, estava em posição fetal", conta Felipe. Depois, tentou ver sinais vitais, como manda o protocolo, mas sem sucesso. Tirou a vítima da mala do carro com a ajuda dos colegas e continuou sem encontrar sinais vitais. "Estava em paragem cardiorespiratória", conta. Começaram a ventilar quando se aperceberam que a vítima tinha levado um tiro na cara.

Os bombeiros tentaram reanimar Caetano, usaram o desfibrilador e levaram-no para dentro da ambulância. "Tentamos tudo. Chegou a VMER e confirmou o óbito", relata o enfermeiro.

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"Cortei a roupa para o socorrer e caiu uma carta de condução já dentro da nossa ambulância. Deve ter caído do bolso", diz Felipe acrescentando que os militares da GNR que estavam no local questionaram os bombeiros se lhes pertencia. "São o Pedro Dias?", questionaram os militares.

Os enfermeiros respondem que não e o militar entrega a carta de condução à Sargento Manarimba Pina.

Comandante do posto de S.Pedro do Sul fala sobre a perseguição a Pedro

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Quando Pedro passa pelos militares vai em marcha lenta. "Faço sinal de paragem. Ele percebe. Estou a meio do cruzamento. Eu tenho perceção que ele vai parar. Olho para ele, ele olha para mim e acelera violentamente", conta Horácio.

"Vejo uns arbustos onde estava o cinturão da GNR e uma pistola"

Começam a perseguição. É uma estrada de serra. O carro dos militares é mais lento e Pedro Dias consegue fugir.

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"Não o conhecia. A fotografia que tínhamos era da carta de condução que não tinha nada a ver", conta o militar.

Quando os militares chegaram a Povoa das Leirias perderam completamente a carrinha. Um militar, que estava num ponto mais alto, disse-nos que Pedro estava a fugir para Candal.

"Andamos às voltas. Dois minutos para cá, dois para lá, percebemos que a carrinha entrou numa localidade. Percebemos que há um caminho florestal", continua Horácio.

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Depois, o militar junto de outro colega entram apeados para a floresta. Andam cerca de 500 metros e pedem reforços. Continuam e um quilómetro depois estava a carrinha parada com a chave na ignição. "Vejo uns arbustos onde estava o cinturão da GNR e uma pistola", relata o militar.

Dois GNR ficaram junto à carrinha e os restantes continuaram. "A arma encontrada estava num saco e era uma glock", diz Horácio dando ideia que Pedro Dias atirou as coisas para o chão durante a fuga.

PJ que investigou crimes conta pormenores sobre o caso

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Fernandes da Cruz, inspetor da PJ da Guarda, conta que o primeiro local onde esteve foi o hotel de Cavaca. Encontrou um invólucros de uma arma 7.65 mm. Quando estavam lá souberam que António Ferreira tinha ido para o hospital de Viseu. O objetivo era ouvi-lo e preservar as mãos e a roupa.

Enquanto fala, Fernando vai vendo as fotografias dos vários momentos num ecrã gigante. Conta que, quando chegaram ao carro da GNR, recolheram vestígios de sangue na porta e na mala.

"No local onde a Liliane e Luís estavam encontramos dois invólucros de nove milímetros", conta o inspetor. "Verificamos que foram disparos em sítios diferentes. Havia um rasto, alguém arrastado, onde temos duas manchas de sangue e invólucros de nove milímetros", continua.

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A mancha de sangue estava pisada. Alguém ao ir socorrer as vítimas pisou a mancha de sangue. Fernandes da Cruz diz que quando chegou ao local o casal já tinha sido levado para o hospital e que Liliane estava viva."Percebemos mais tarde que uma foi abatida junto ao passat e outra noutro sítio", diz o inspetor.

Quando os inspetores chegaram à árvore, onde Ferreira foi alvejado, já sabiam o que tinha dito o militar. Encontraram poças de sangue que se confirmaram ser de Ferreira. "E temos uma mancha muito grande", acrescenta o inspetor.

"A D. Lídia disse-me que foi Pedro Dias. Dizia: Foi ele, foi ele, foi ele"

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"Encontrámos um arrastamento no interior. Muito semelhante ao cenário do casal. Tudo indica que tentaram ocultar o corpo", conta Fernandes da Cruz.

O PJ refere que tentaram refazer o percurso. "São cinco quilómetros que ele andou a pé. Ele andou pela serra. O sangue mostra que andava perdido. Fez o percurso contrário", conta o inspetor.

Fernandes da Cruz diz que Pedro Dias estava apenas a um quilómetro de uma casa. "Deve ter sido uma batalha chegar a uma casa. Mata de um lado a outro. Vegetação alta", diz. 

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O inspetor começa a contar o que aconteceu em Moldes dias depois dos crimes. "Fomos chamados pela GNR. Diziam que duas pessoas tinham sido atacadas e podia ter sido Pedro Dias", diz. "A D.Lídia disse-me que foi Pedro Dias. Dizia: Foi ele, foi ele, foi ele", conta o inspetor.

Fernandes da Cruz garante que Pedro Dias estava a ser ajudado. A casa onde foi não tinha fogão mas tinha comida cozinhada. "Havia há e comida que não estavam na casa antes", explica. 

A PJ encontrou ainda vestígios de sangue que indiciavam que houve luta. "A D. Lidia tinha marcas na cara, mãos e cabeça que mostravam que tinha sido agredida", revela. Quando falaram com a vítima ela ainda estava a ser tratada.

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"Para o cidadão e para mim que sou polícia não há dúvidas que são agressões bárbaras. A Lídia estava muito mal. O ADN e as impressões digitais de Pedro Dias estavam na casa", diz o inspetor.

Depois, Pedro Dias fugiu para Vila Real. Encontraram um carro em Carro Queimado, Vila Real, onde também havia sangue de Lídia.

"Pelos vestígios recolhidos no local onde os corpos foram encontrados, pela disposição dos corpos e pelos vestígios de ADN, podemos concluir que Luis Pinto foi baleado primeiro e Liliane depois", afirma o inspetor António Cruz. 

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Já depois de sair a acusação, a GNR de Arouca confirma que encontrou uma 7.65 milímetros enterrada. Foi numa estarda onde o jipe, que Pedro Dias conduzia, foi visto. Por isso, a PJ decidiu mandar para o laboratório da polícia científicia e confirmou que foi com essa arma que Carlos Caetano foi morto.

"Quando apreendemos as cartas na casa de Fátima Reimão [local onde Pedro se entregou] fizemos a comparação com outros documentos apreendidos", explica o inspetor. Um dos documentos estava no carro e a outra pequena nota estava numa casa em Vila Real. Os inspetores compararam a letra e era da mesma pessoa. No entanto, Pedro Dias, recusou fazer o teste de letra.

Durante o julgamento, Fernandes da Cruz fala sobre uma fotografia onde aparece uma camisola. A peça de roupa foi apreendida mais tarde e tinha resíduos de pólvora. "Como chegámos ao Lidl?", questiona o inspetor explicando que foi através de comida e de uma fatura que estava no interior do carro que Pedro abandonou na serra. Depois, a PJ foi ao supermercado e viu as imagens de vídeovigilância.

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A defesa de Pedro Dias que saber se havia vestígios de sangue de Pedro Dias em Aguiar da Beira. O PJ responde que no carro da GNR e no carro do Candal havia sangue mas nunca foi de Pedro. No entanto, a glock usada para matar Liliane e Luís tinha vestígios de sangue do homicida de Aguiar da Beira.

GNR que ajudou militar baleado dá testemunho em tribunal

António Ferreira seguia no carro com Carlos Caetano na madrugada fatídica de 11 de outubro de 2016. Já com o colega morto na bagageira do carro, António foi até casa do Cabo Santos e pediu socorro.

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"Levei um tiro na cabeça e o Caetano está morto", foram as primeiras palavras de António, conta o Cabo Santos em tribunal. O militar ligou de imediato para o 112 e tentou que o colega se mantivesse acordado. Depois, ligou para o comandante do Posto e contou o que se estava a passar.

"O Ferreira vinha cheio de sangue"

"Não pude fazer nada. Ele obrigou-me", foram as palavras de António. O Cabo Santos diz não ter questionado o colega sobre quem o tinha baleado, tentou manter António acordado, tinha medo que ele desmaiasse. "Parecia uma eternidade", diz.

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Pedro Dias, julgamento, Guarda, advogada, Mónica Quintela
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O Cabo Santos conta durante o seu testemunho que o colega ia perdendo as forças e que o militar terá chegado à sua casa por volta das 7h15. "Só pedi, Ferreira aguenta-te", diz.

"O Ferreira vinha cheio de sangue, nem o olho conseguia abrir. Trazia a camisa enrolada na cabeça", conta Cabo Santos. Quando entregou António aos bombeiros, o militar foi à procura do carro da GNR onde supostamente estaria o corpo de Caetano. Cruzou-se com outras patrulhas e foram à procura. O comandante do posto disse-lhe a localização do carro e seguiram caminho.

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Quando encontraram o carro já lá estavam outros militares. Abriram a mala e tiraram o corpo de Caetano. "Podia ainda haver sinais vitais", afirma o Cabo.

Enquanto alguns militares ficaram com Carlos Caetano outros seguiram um rasto de pingas de sangue, queriam encontrar o local onde Ferreira tinha sido baleado. "Encontramos um pinheiro onde estava uma poça de sangue. Deve ter sido o local onde o Ferreira foi baleado", conta o militar.

Mais tarde, já de noite, o Cabo Santos foi com outros militares buscar o carro de Liliane e Luís Pinto. "Estava escondido, num local isolado, junto da zona do hotel, afirma. O carro do casal estava a cerca de um quilómetro do carro da GNR que já não andava, o que pode significar que Pedro Dias abandonou o local onde disparou contra Ferreira e foi até à estrada, onde se cruzou com Liliane e Luís.

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"O Caetano era alegre, jovem, sorridente. Era um bom amigo, alguém com quem se podia contar", diz Cabo Santos. 

Guarda Silva recebeu chamada de Caetano antes deste ser morto

O Guarda Silva, que estava no posto quando Caetano e Ferreira entraram ao serviço começa por falar sobre o local onde a patrulha abordou Pedro Dias pela primeira vez. Segundo o militar, havia indicações concretas para passar por lá. No dia anterior, tinha havido um incêndio naquela zona.

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"O Caetano ligou-me. Disse-me que estava uma carrinha parada. Deu-me o nome da pessoa. O nome completo", afirma Silva. Depois, o militar que estava de atendimento no posto ligou para Fornes de Algodres e atendeu o Guarda Almeida. Perguntou sobre Pedro Dias ao colega que lhe respondeu que o conhecia, mas não sabia muito mais. Silva voltou a ligar para Caetano e deu-lhe o número de outro militar que poderia saber mais sobre o homicida de Aguiar da Beira.

"Quando soube que eram eles, fiquei devastado"

Carlos Caetano avisou o colega que Pedro Dias trazia na viatura bidões de gasóleo e que queria saber se havia algum processo pendente e de quem se tratava. "O Caetano estava calmo, tranquilo. Era uma fiscalização normal", conta Silva.

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Depois desta conversa e passado algum tempo, António Fereira pede via rádio informações sobre matriculas. Às quatro e meia os militares costumam voltar ao posto e desta vez, não voltaram. Silva achou estranho e ligou ao Caetano mas este já não atendeu. Depois ligou ao Ferreira que lhe disse: "já vamos".

O Guarda Silva não achou estranho. Mas as sete e trinta recebeu informação do comandante dos bombeiros que havia dois feridos. "Não disseram se eram militares da GNR. As informações iniciais eram contrárias", afirma Silva.

"Quando soube que eram eles, fiquei devastado. Fiquei no posto a atender telefones e a ouvir as comunicações", conta.

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Guarda Cruz encontrou Caetano dentro da bagageira do carro

O militar Carlos Cruz, que trabalha no posto de Fornos de Algodres, recebeu uma chamada de Caetano a questionar se era possível que Pedro Dias andasse metido em assaltos.

"Eu disse-lhe que não. Mas que em Fornes se dizia que ele tinha um feitio esquisito", afirmou Cruz. O outro colega de Fornes, que seguia na mesma viatura que Cruz, ouviu a chamada e disse a Caetano para ter cuidado que Pedro Dias "andava armado".

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Caetano respondeu que Pedro estava calmo e também parecia calmo na forma como falava.

Quando, de manhã, Cruz se apercebeu do que tinha acontecido decidiu seguir para Caldas da Cavaca e encontrou o carro da GNR. "Fomos os primeiros a chegar. Abrimos a mala. Tentei apanhar sinais vitais do Caetano. Eu disse para tirar o corpo da bagageira e tentar reanimar", conta o Guarda Cruz que teve de esperar pela chegada da PJ para mexer no corpo.

Claudio Carneiro tentou reanimar Caetano

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Todos os militares que têm dado o seu testemunho em tribunal, contam que foram acionados vários postos da Guarda Nacional Repúblicana depois dos homicídios. Procuravam o carro da GNR e todos referem o mesmo: "Caetano estava morto na mala".

O GNR Claudio Carneiro conta que tentou reanimar o colega porque tem curso de primeiros socorros. Não conseguiu. Esperaram pela ambulância e quando o corpo foi transportado caiu do bolso de Caetano a carta de condução de Pedro Dias.

GNR Nuno Gonçalves encontrou Liliane e Luis Pinto

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O militar Nuno Gonçalves contou esta quara-feira em tribunal que também andava à procura do carro da GNR quando encontrou Liliane. "Vi sangue e ouvi gemidos", conta o GNR.

"Ela estava viva. Ele estava aos pés dela"

O casal estava camuflado com giestas, para não ser visto. Mas os gemidos da mulher chamaram a atenção do militar.

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Nuno pediu socorro e chamou a Polícia Judiciária. "Encontrei o casal. Ela estava viva. Ele estava aos pés dela", conta o militar. 

Familiares das vítimas ouvidos em tribunal

Esta terça-feira foram ouvidos os familiares das vítimas de Pedro Dias. Ao contrário do que aconteceu com António Ferreira, que pediu para Pedro Dias sair da sala para conseguir falar, os testemunhos desta segunda sessão foram dados em frente ao homicida de Aguiar da Beira. 

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Foi ouvida a mãe de Liliane, Maria de Fátima, a mãe de Luís Pinto, Vírginia Pinto, vítima da freguesia de Moldes, António de Jesus e a ex-namorada de Pedro Dias.

GNR que sobreviveu contou em julgamento o que aconteceu 

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O militar da GNR António Ferreira, sobrevivente da madrugada fatídica de 11 de outubro de 2016, pediu para Pedro Dias sair da sala esta sexta-feira, no primeiro dia de julgamento. Não conseguia falar na sua presença.

O tribunal aceitou e Pedro Dias assistiu ao depoimento por videoconferência, noutra sala. António Ferreira contou então o que aconteceu naquela madrugada. Depois de Carlos Caetano ser morto, o homicida ainda o ameaçou.

Disse Pedro Dias ao Guarda Ferreira.

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"Se mexeres os cornos fo****", disse Pedro ao militar que relatou o momento, emocionado. António diz que chamou o colega e que este já estava morto. "Foi um choque", diz. Pedro Dias disse-lhe: "És burro. Não vês que está morto." António respondeu-lhe: "Leva tudo, mas deixa-me socorrê-lo". 

O militar contou que, ainda hoje, questiona as atitudes de Pedro. Conta que quando Pedro Dias o levou no carro, um colega da GNR lhe ligou. O homicida não o deixou atender o telefone e continuou às voltas com o carro entre Lameiras e Aguiar da Beira. Andaram mais de duas horas de carro com o corpo de Caetano na mala. O homicida ainda questionou António sobre a localização do posto da GNR de Aguiar da Beira. 

Pensando que Pedro queria ir apagar os vestígios do crime, respondeu-lhe que havia muitos militares no posto, evitando que houvesse mais mortes. "És burro. Não vês que está morto?" Disse Pedro Dias a António Ferreira, militar da GNR.

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António relata que ainda estava escuro quando saiu do carro e Pedro Dias o olhou nos olhos e disparou. Sentiu tudo. A ser arrastado pelo chão, a serem colocadas pedras. "Quando acordei já havia dia. Tinha sangue a escorrer na cara. Fiquei um bocado perdido. O sítio não me dizia nada. Caía e levantava-me. Pensei que ia morrer", explica. O militar conseguiu chegar a uma casa. "Ajuda-me que o Caetano está morto", disse António que não se recorda de mais nada.

Pedro Dias acusado de vários crimes

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Pedro Dias é acusado da prática de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas. 

Na altura em que foi marcada esta data para arranque do julgamento, ainda não figurava o crime de homicídio relativo a Liliane Pinto, que faleceu cerca de cinco meses após ter sido alvejada. 

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Pedro Dias, RTP
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Pedro Dias, detenção, Aguiar da Beira, Polícia Judiciária, RTP
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A defesa prescindiu então do prazo para abertura de instrução do processo relativo a Liliane Pinto, por forma a conseguir juntá-lo ao processo principal, o que acabou por verificar-se.

A primeira das 24 sessões do julgamento que já se encontram agendadas aconteceu na passada sexta-feira e requisitou medidas adicionais de segurança.

O julgamento conta com 76 testemunhas por parte da acusação, informou a advogada do arguido, Mónica Quintela.

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