PSP negam tortura e violência racial
Detenção de jovem acabou com tentativa de invasão de esquadra de Alfragide.
"O que está descrito na acusação é perturbador, é chocante, mas não é a realidade." Esta foi a frase do agente da PSP, André Silva, que marcou a primeira sessão de julgamento de 17 polícias por tortura e outros crimes motivados por ódio racial na sequência de uma detenção na Cova da Moura que terminou com uma tentativa de invasão da esquadra de Alfragide.
O caso remonta a 5 de fevereiro de 2015. De acordo com a acusação, um jovem foi detido sem motivos aparentes – os agentes alegam que atirou uma pedra a uma carrinha policial – e um grupo de amigos acabou sequestrado quando se deslocou à esquadra para perceber os motivos da detenção.
Na altura o caso foi tratado pelas autoridades como uma invasão da esquadra, mas o Ministério Público acabou por acusar todos os agentes de serviço por crimes violentos. André Silva garante que se alguém ficou ferido foi "por ter resistido à detenção".
Este polícia adiantou ainda que estranha o facto de nem o INEM nem o hospital Amadora-Sintra terem participado o caso na altura em que as alegadas vítimas foram assistidas e de ninguém ter visto sangue na esquadra.
PORMENORES
Subcomissária de fora
A subcomissária Ana Hipólito também foi acusada neste processo por ter ignorado os pedidos de ajuda. Mas pediu a abertura de instrução e ficou de fora do julgamento. Estava de folga no dia dos acontecimentos.
Todos vão falar
Os 17 agentes em julgamento estão acusados por tortura, sequestro, injúrias, ofensas à integridade física, falsificação de documento e de testemunho e omissão de auxílio. Todos garantiram ontem que querem prestar declarações e dar a sua versão dos factos.
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