Francisca Laranjo
JornalistaDaniela Vilar Santos
JornalistaO julgamento do terceiro arguido envolvido na morte do polícia Fábio Guerra, junto à discoteca Mome, em março de 2022, arranca esta terça-feira no Campus da Justiça, em Lisboa, com Clóvis Abreu a responder por cinco crimes.
Depois de o Juízo Central Criminal de Lisboa já ter condenado, em junho de 2023, os ex-fuzileiros Vadym Hrynko e Cláudio Coimbra a 17 e 20 anos de prisão, respetivamente, pela morte do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), o tribunal vai apreciar, finalmente, a participação neste caso de Clóvis Abreu, que esteve mais de um ano fugido à justiça e só se apresentou às autoridades em setembro do ano passado, ficando em prisão preventiva.
Além da acusação de homicídio qualificado de Fábio Guerra, o terceiro arguido deste caso está ainda acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de tentativa de homicídio (a Cláudio Pereira e ao agente João Gonçalves) e outros dois crimes de ofensas à integridade física qualificadas graves pelos incidentes na madrugada de 19 de março de 2022.
Fábio Guerra, 26 anos, morreu em 21 de março de 2022, no Hospital de São José, em Lisboa, devido a "graves lesões cerebrais" sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Alcântara, quando se encontrava fora de serviço.
Começa o julgamento
O julgamento de Clóvis Abreu já arrancou. Os pais de Fábio Guerra estão visivelmente emocionados no início da audiência.
Advogado garante: ""Clóvis nunca tocou no agente [Fábio Guerra]"
Aníbal Pinto, advogado de Clóvis Abreu, é o primeiro a falar. Começa por lamentar a "noite trágica" para o agente Fábio e garante que o arguido "nunca tocou no agente". "Não tem nenhuma culpa", afirma.
"Pretende mostrar que infelizmente esta tragédia aconteceu por causa de Claudio Pereira. Esperou meia hora à porta da discoteca para os agredir. O Clóvis foi agredido à traição", acrescenta.
O advogado refere ainda que o agente Fábio Guerra "mostrou o crachá". "O Clóvis viu um homem mais alto a dirigir-se a ele e defendeu-se".
"O Clóvis não é fuzileiro. É um jovem de 24 anos e viu-se envolvido numa rixa. Limitou-se a defender-se".
"Vai demonstrar que não praticou homicídio, nem homicídio na forma tentada.", termina o advogado.
Clóvis diz ter sido aconselhado pelo advogado a prestar declarações no fim
“Eu agarro a pedra e atiro. Estava com medo”, confessa Clóvis
Começam a ser ouvidas as declarações do primeiro interrogatório judicial de Clóvis.
"Posso descrever como isto aconteceu. Começou lá dentro entre o Cláudio Coimbra e o Cláudio Pereira. Eu fui com o Cláudio e o Vadym à discoteca. Os Cláudios começaram uma discussão. Eu fui e afastei o Cláudio Pereira e o segurança interviu e meteu o Cláudio Pereira na rua", pode ouvir-se nas gravações reproduzidas agora pelo tribunal.
O arguido refere que "passado um bocado" saiu da discoteca e Cláudio Coimbra é agredido com um soco. "Quando o Coimbra foi agredido eu assustei-me. Só nessa altura é que me assustei", explica Clóvis.
"Eu reagi. Dei um pontapé ao Cláudio. Apareceram os agentes, mas eu não sabia que eram [polícias]. Não ouvi nenhum a dizer que era agente da PSP", recorda.
""Eu não ouvi mesmo. Pensei que eram amigos do Cláudio Pereira, que estavam envolvidos em confrontos, numa briga. Começámos ao murro uns com os outros".
"Eu agarro a pedra e atiro. Estava com medo", confessa Clóvis. "Atiro em direção a algumas das pessoas. Eu só me queria afastar", acrescenta.
O arguido contou no primeiro interrogatório que teve a perceção que a pedra não acertou em ninguém. "Vi que acertou na árvore".
"Eu tive uma atitude errada. Quando ele caiu no chão [Cláudio Pereira], eu não lhe devia ter dado um pontapé. Já estava no chão quando dei um pontapé. Uma atitude muito errada, eu sei."
Clóvis confessa ainda que estava "bastante bêbado". "Não sai animado. Era bêbado".
Ainda durante o primeiro interrogatório, Clóvis garante que sempre esteve disponível para se apresentar. "Não me apresentei porque o advogado não aconselhou".
A juíza questiona: "Acha razoável esperar um ano e meio [para se entregar]?"
Clóvis responde: "Foi o tempo que demorou".
"Ele esteve sempre no Montijo. Não fugiu", diz o advogado.
Clóvis Abreu: "Eu nunca toquei no agente Fábio Guerra"
Começam agora a ser ouvidas as declarações em fase de instrução.
"Estou envolvido na confusão, sim. Estava a agredir e a ser agredido. Ação e reação", diz Clóvis.
"Não sei quem agredi. Só sei que me estavam a agredir também. Não sei explicar quem é quem".
O arguido não fala de Cláudio Pereira nem das restantes vítimas durante este interrogatório.
O advogado questiona se alguma vez deu um pontapé a Fábio. "Eu nunca toquei no agente Fábio Guerra", afirma.
Pausa para almoço
"Nós acreditamos na justiça": Pais de Fábio Guerra emocionados falam sobre julgamento da morte do filho
Amigo de Fábio Guerra recorda noite trágica
Recomeça o julgamento. Está a ser ouvida uma testemunha que tinha ido sair à noite com Fábio Guerra na noite da tragédia.
Trata-se de um agente da PSP, colega e amigo de Fábio. Está a recordar todos os pontos importantes da noite.
Diz que foi a primeira pessoa a socorrer o agente. Viu Fábio deitado no chão, acionou o 112 mas o amigo acabou por não resistir ferimentos.
Deveriam ser ouvidas quatro testemunhas esta terça-feira mas devido à falta de tempo não será possível.
Cláudio Pereira, o jovem com quem começaram as agressões, também foi ouvido.
Termina a sessão
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