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Absolvida por tentar atropelar e matar o filho em Montemor-o-Velho

Depoimentos contraditórios de arguida e vitima deixa tribunal com mais dúvidas do que certezas em relação ao que se passou, justificou a juíza na leitura do acórdão.

11 de outubro de 2024 às 12:35
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Absolvida por tentar atropelar e matar o filho em Montemor-o-Velho

O tribunal de Coimbra absolveu, esta sexta-feira, uma mulher, de 59 anos, que vinha acusada de um crime de homicídio qualificado na forma tentada, em que a vítima é o filho, de 17 anos, que se constitui assistente no processo.

Em causa está uma discussão, em maio de 2022, que se iniciou no interior de um estabelecimento comercial, que continuou no interior do carro durante a viagem, de ambos, para Figueira a Foz, onde reside a arguida.

A discussão subiu de tom com ameaças que levou a que a mulher parasse o carro do interior do qual o filho saiu. Depois seguiu-se uma sequência de manobras com o automóvel, onde o menor poderia ter sido.

Antes de dar a conhecer a decisão o Tribunal falou da condição de vida da arguida, que vive do rendimento de inserção social, com longos períodos de baixa psiquiátrica, diagnosticada com personalidade bipolar e diabética, problemas para os quais faz medicação e tem acompanhamento médico.

A par disto foi ainda referido o historial da arguida, que em 2018, foi condenada a cinco anos de prisão, com pena suspensa, por branqueamento.

Depois fez saber que "decorre noutro juízo deste tribunal uma situação idêntica a esta que estamos aqui a julgar, mas aí parece que se chegou a vias de facto e terá havido outras consequências".

A juíza disse que a mulher "tem três filhos e não se dá com nenhum, uma situação que não é normal assistir-se a estas desavenças familiares".

"Neste caso em concreto, compreendemos que alguma coisa aconteceu, mas não sabemos de lado está a razão, havendo dúvidas temos de a absolver. A absolvição não á para a senhora de vangloriar, porque é importante perceber que alguma se passou, que não devia e não pode voltar acontecer. A senhora tem uma vida de divisão e separação familiar, que esta decisão não vai ajudar a alterar", disse a juíza na leitura do acórdão.

Na leitura do acórdão que ocorreu na manhã desta sexta-feira no Tribunal de Coimbra, a arguida chorou e limpou o rosto perante várias vezes ao ouvir as advertências da juíza.

Durante o julgamento, a arguida não prescindiu de ouvir a acusação, para depois referir que pretendia esclarecer as "muitas mentiras" que nela constam.

Ao Tribunal de Coimbra contou que a discussão terá começado com o filho a recusar a toma de um café, numa cafetaria, solicitando antes cigarros, tendo-se depois agudizado quando viajavam de carro para a Figueira da Foz.

Segundo a arguida, terá encostado o carro, para que o seu filho saísse e "nada lhe acontecesse", o que viria a acontecer, com o jovem a afastar-se a pé no sentido de Montemor-o-Velho.

Admitiu ter feito marcha atrás, com a porta aberta do lado do ‘pendura’, mas sem nunca o ter tentado atropelar, pedindo apenas para regressar à viatura.

"Jamais o mandaria embora depois de o criar por 15 anos. Ele é que disse que ia embora, para casa da irmã", referiu, esclarecendo que já o seu outro filho, gémeo deste, tinha ido morar com uma das suas duas filhas mais velhas uns dias antes.

Ao Tribunal de Coimbra disse ainda que, pouco depois, se tentou suicidar, atirando-se para a frente de um camião que diz ter travado atempadamente. Mais tarde, foi intercetada pela PSP, quando ia "por fim à vida", por ter ficado "muito transtornada" e "com um desgosto muito grande".

Durante a tarde foi também ouvido o seu filho, agora com 17 anos, que negou ter pedido cigarros e fumar, afirmando ainda que a sua mãe lhe dissera que se quisesse ir viver com a sua irmã, que poderia.

De acordo com o jovem de 17 anos, que se constituiu assistente, a sua mãe terá feito "três investidas" para o atropelar, dizendo primeiro que se matava se ele se fosse embora e depois que o matava se ele se fosse embora.

Disse também que a sua mãe nunca o atingiu, embora pudesse fazê-lo se não tivesse parado a viatura, desatando depois a correr do local para arranjar refúgio e ligar à irmã, que mandou a GNR ao seu encontro.

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