Presidente da Associação Internacional de Hidrogeólogos defende que a estrada deveria ter sido interditada.
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A parede das pedreiras de Borba tinha uma fratura identificada pelo menos desde 2008 e hipótese de ruir e a estrada que colapsou devia ter sido interditada, defendeu esta terçao presidente da Associação Internacional de Hidrogeólogos.
A fratura foi identificada pela equipa da Universidade de Évora (UÉ) que em 2008 fez um relatório técnico sobre a estabilidade da parede de uma das duas pedreiras onde ocorreu o deslizamento de terras, nomeadamente da que estava ativa, disse à agência Lusa António Chambel.
A mesma fratura já teria sido identificada, "desde pelo menos o ano 2000, por outras instituições" e, por isso, "estava perfeitamente identificada", sublinhou o hidrogeólogo e também professor do Departamento de Geociências da UÉ.
António Chambel frisou que a fratura foi identificada pela equipa da UÉ na zona da parede da pedreira em atividade e onde morreram dois trabalhadores, mas "entrava parcialmente e via-se perfeitamente que seguia" para a zona da parede da outra pedreira situada ao lado e que está abandonada.
Uma parede vertical de uma pedreira com fratura "pode cair nos momentos seguintes como pode cair daqui a 100 ou 200 anos", explicou, referindo que Borba "não era" um caso em que "se dissesse" que "vai cair nos próximos anos, embora os estudos demonstrassem que havia maior probabilidade de cair mais cedo do que mais tarde".
Segundo António Chambel, "havia já indícios de que [a fratura] existia e quando [as fraturas] são visíveis o melhor é tomar imediatamente precauções".
Questionado pela Lusa sobre o que deveria ter sido feito, António Chambel defendeu que, "quando saiu a legislação a delimitar o espaçamento entre as estradas e as pedreiras, devia-se ter interditado a estrada", porque, naquela altura, as duas pedreiras "já tinham as paredes onde estão hoje".
"Não estando cumprido" o que está na legislação, ou seja, a existência de uma zona de defesa de 50 metros entre estradas nacionais e municipais e pedreiras, "a ação a tomar devia ter sido essa [de interditar a estrada]", frisou.
No entanto, sublinhou, "há uma coisa que foi feita", ou seja, "foram feitas pregagens na parede" com "o intuito de agarrar" a zona da fratura "a toda a rocha que estava por debaixo da estrada".
"Só que já se passaram mais de dez anos" e, entretanto, uma das pedreiras foi abandonada e as pregagens não foram "reforçadas", disse.
Segundo António Chambel, "havia várias pregagens na parede para segurar exatamente a zona" da fratura, mas "possivelmente" não foram "suficientes" e a parede "não aguentou".
Em 2008, a Câmara de Borba, no distrito de Évora, era liderada pelo socialista Ângelo de Sá, que cumpriu três mandatos consecutivos, entre 2001 e 2013.
Contactado esta terça-feira pela agência Lusa, o antigo autarca do PS escusou-se a fazer comentários, alegando não ter tido conhecimento do relatório técnico da Universidade de Évora.
O deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra e o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada 255, entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, para o interior de duas pedreiras contíguas ocorreu no dia 19 deste mês às 15:45.
Segundo a Proteção Civil, o acidente provocou a morte de dois trabalhadores da empresa de extração de mármores da pedreira que estava ativa, um maquinista e um auxiliar de uma retroescavadora, cujos corpos já foram recuperados.
Além disso, na pedreira contígua, que estava sem atividade e possui o plano de água mais profundo, as autoridades procuram ainda, pelo menos, três desaparecidos, que seguiriam em duas viaturas na estrada no momento em que ocorreu a derrocada.
O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente, que é dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação penal (DIAP) de Évora, e duas equipas da Polícia Judiciária estão a proceder a averiguações.
O Governo pediu uma inspeção urgente ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona de Borba.
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