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Apenas um em cada quatro concluiu curso de Comandos. Chefe do Exército quer adaptá-los ao combate no Leste da Europa

Preparação para ambiente operacional "virado a Leste", afirmou o general Mendes Ferrão. 14 chegaram ao fim, todos praças.

30 de junho de 2025 às 16:19

Apenas 14 militares chegaram ao fim do último curso de Comandos, que encerrou no domingo, no Quartel da Carregueira, Sintra, dia em que foi celebrado o 63.º aniversário desta unidade de elite do Exército. São todos praças. Pelo caminho, nas 14 semanas que durou o 143.º curso, iniciado em março, ficaram 40 militares: 3 oficiais; 13 sargentos; e 24 praças. Uma taxa de aproveitamento de 25,9% que atesta a dificuldade da instrução. "São 14, queríamos mais. Temos vindo adaptar o curso às novas realidades, mas não baixamos a exigência", assegurou o chefe do Exército, general Eduardo Mendes Ferrão.

O general anunciou, no seu discurso aos militares na parada e às centenas de ex-Comandos e famílias que assistiam - entre eles o antigo Presidente da República general Ramalho Eanes -, que o País "precisa de uma geração de Comandos capaz de responder às solicitações de um mundo em constante transformação" em que as missões "devem ser adequadas aos desafios e às demandas dos tempos". "Hoje, enfrentamos uma realidade em que o emprego da Força Militar exige inteligência, adaptabilidade e uma atitude de constante evolução", destacou.

E assumiu ser a sua obrigação, no chamado dever de tutela, ter os Comandos "preparados, treinados e devidamente equipados". É que "conflitos de alta intensidade e as operações convencionais, algumas em larga escala, são uma realidade, que muito pensavam já ultrapassada".

"É para um ambiente operacional, virado a Leste – onde o combate terrestre é o vetor decisivo, com um amplo espetro de atuação e níveis de intensidade e com características muito diferentes das que temos no continente africano – que o Exército Português, à imagem dos exércitos aliados, se está a preparar", afirmou. Essa adaptação deve ser "com rapidez". Os Comandos deverão assim receber novas especializações, logo já nos cursos, e novos equipamentos, que "estão a ser trabalhados" com a tutela.

Aos Comandos na parada, o general Mendes Ferrão pediu ainda que sejam "inovadores (…), progressivos (...) e integradores (...)". 

Na sua intervenção, o comandante do Regimento de Comandos, coronel Duarte Varino, destacou a forma "distinta" como a 16.ª Força Nacional Destacada na República Centro-Africana, que regressou a Portugal há poucas semanas, cumpriu a missão. E sobre o número de militares que chegaram ao fim do curso, afirmou: "Podem ser poucos, mas certamente são os melhores. Não tiveram qualquer favor ou ajuda".

Disse que se trata de um curso "exigente", mas que "não há impossíveis para quem quer ser mesmo o melhor".

Militar da Madeira foi o primeiro classificado

Cerimónia de encerramento do 143.º curso de Comandos no Quartel da Carregueira, Sintra
Comandante do Regimento de Comandos, coronel Duarte Varino, felicita José Ferreira

O cabo-adjunto José Ferreira, de 30 anos, foi o primeiro classificado do 143.º curso de Comandos - e por isso o primeiro a quem, na parada, foi feita a pergunta: "Queres ser Comando?". À qual respondeu em brado: "Quero!"; recebendo o crachá e a boina vermelha e mandado cumprir o seu dever. De Câmara de Lobos, é também o primeiro elemento do Quadro Permanente de Praças do Exército a conseguir concluir o curso. "Queria muito chegar ao fim", disse ao CM no final da cerimónia. Contou terem sido "muitas as dificuldades" durante o curso: "só estes 14 é que sabem!", confidenciou. Mas destacou as "saudades de casa, as muitas horas de sono perdidas e o muito cansaço acumulado". Desde 2015 no Exército, José Ferreira espera agora "ir em missão".

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