Artur Albarran proferiu ontem as primeiras declarações após ter sido interrogado pelo juiz Carlos Alexandre, durante cerca de sete horas, no Tribunal Central de Investigação Criminal, em Lisboa.
Manifestou-se “tranquilo” quanto aos indícios de burla agravada e abuso de confiança que sobre ele recaem relativos à sua actividade como presidente do conselho de administração da Euroamer, empresa constituída em 1997, com a bênção de Frank Carluci, e com fortes interesses no imobiliário.
O ex-apresentador de televisão, sem entrar em pormenores do processo, disse ontem, no Jornal da Noite da SIC, que está a colaborar com a Justiça. “Resolvi vir aqui porque estou tranquilo. Existem dúvidas e o Ministério Público tem indícios que acho que deve investigar. Há mais de um ano que existem investigações, tenho colaborado activamente, até tem partido de mim a iniciativa de contactar o Ministério Público no sentido de prestar todos os esclarecimentos, mas sobre o processo não posso nem devo falar”.
Artur Albarran acrescentou que as autoridades estão a seguir os trâmites normais para que seja apurada a verdade. “A Justiça está a fazer o que deve, que é investigar, e eu estou a fazer o que devo fazer, que é colaborar e esclarecer. No fim disto tudo há uma conclusão. Se acharem que sou culpado, sou um cidadão como outro qualquer, devo levar uma ‘passa’ como qualquer um. Se acharem que nada tenho com a prática desses crimes devem ilibar-me e mandarem-me para casa tranquilamente”.
Albarran revelou ainda que estava nas instalações da Polícia Judiciária, onde foi “buscar uns papéis”., quando lhe exibiram o mandado de detenção. “O Ministério Público achou que havia perigo de fuga, mas devo dizer que, desde que as investigações decorrem, já fui ao estrangeiro diversas vezes, comunicando sempre às autoridades. Se quisesse fugir, ficava lá fora. Mas o Ministério Público achou que havia esse perigo”, disse. “Eles devem desconfiar e querem saber a verdade, e é para isso que nós, a comunidade, pagamos ao nosso sistema de Justiça”, disse Albarran.
FINANÇAS DETECTAM 'LAVAGEM' DE DINHEIRO
A Inspecção-Geral de Finanças mergulhou durante três anos na contabilidade da Euroamer, a ‘holding’ de que Artur Albarran era presidente do conselho de administração – e os resultados da investigação foram enviados, em 2003, para a Procuradoria-Geral da República.
Os inspectores de Finanças encontraram indícios de fuga ao Fisco e fortes suspeitas da prática de branqueamento de capitais: “O presente relatório evidencia uma complexa teia de contratos e fluxos financeiros entre a Euroamer SPG e entidades do grupo e outras exteriores ao grupo, visando quer a diminuição da matéria colectável quer ainda a ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, disposição e movimentação de fluxos financeiros significativos, os quais induzem à suspeição da prática de ilícitos de branqueamento de capitais”.
Ainda há um ano, em Abril de 2004, Artur Albarran negava que a Euroamer alguma vez tenha sido investigada – e afastou qualquer hipótese de vir a ser a suspeito de ‘lavagem’ de dinheiro. O advogado de Albarran, João Nabais, disse ontem à saída do Tribunal Central de Investigação Criminal que o empresário apenas foi interrogado no âmbito de um processo de burla e abuso de confiança. Mas, segundo disse ao CM fonte judicial, o Ministério Público continua a investigar a suspeita do crime de branqueamento de capitais.
NEGÓCIOS EM PORTUGAL ABRANDARAM
A Euroamer, que tem investimentos espalhados um pouco por todo o Mundo, viu as investigações iniciadas há cerca de um ano afectarem o volume de negócios, tal como confessou Artur Albarran.
“Relativamente ao mercado português há condições económicas que nos levam, se não a desistir, pelo menos a retrair enormemente a presença do grupo. Não nos parece um sítio interessante para desenvolver uma actividade em expansão, mas nos outros sítios continua a funcionar normalmente”.
O ex-jornalista adiantou ainda que, além das condições económicas desfavoráveis, também a Euroamer decidiu abrandar os investimentos. “O início do processo desencorajou um esforço mais activo da nossa parte (...), eventualmente voltaremos a apostar cá, já que isto não é um divórcio definitivo”.
ELOGIOS AO PROCURADOR E AO JUIZ
Artur Albarran, que saiu em “liberdade plena”, como adiantou o advogado João Nabais após o interrogatório, ficando apenas impedido de contactar com outras pessoas ligadas ao processo, revelou ontem que saiu por uma porta lateral do Tribunal da Boa-Hora, uma vez que se encontrava “muito cansado” e para evitar o “circo dos jornalistas”.
Albarran teceu ainda rasgados elogios àqueles que têm conduzido o processo, nomeadamente o juiz Carlos Alexandre e o procurador Rosário Teixeira. “O interrogatório, onde fui tratado com cordialidade e respeito pelos agentes policiais, que são excelentes profissionais, confirmou-me que o procurador do Ministério Público é um homem interessado em encontrar a verdade, em fazer o seu trabalho, o mesmo acontecendo com o juiz, como é o seu dever”.
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