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Centenas exigiram no Rossio, em Aveiro, o fim do poder de Maduro

Crise política na Venezuela soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015.

02 de fevereiro de 2019 às 17:54

Centenas de pessoas concentraram-se este sábado no Rossio, em Aveiro, exigindo que cesse "a usurpação do poder" de Nicolas Maduro, que seja formado um governo de transição e realizadas eleições "livres e democráticas" na Venezuela.

Muitos vestidos com trajes de amarelo, vermelho e azul, outros simplesmente com chapéus tricolores, com as cores da bandeira venezuelana, juntaram-se no Rossio para responder ao apelo de Juan Guaidó, agradecendo a posição assumida por Portugal e pelo Parlamento Europeu, em relação à situação política da Venezuela.

Cantados os hinos de Portugal, país de acolhimento, e da Venezuela, pátria de nascimento ou "do coração", seguiram-se palavras de ordem contra o regime de Maduro e de apoio à oposição.

Sofia Marques, do núcleo da região centro da Associação Civil de Venezuelanos, que organizou a manifestação, pediu um minuto de silêncio em homenagem aos que morreram "para libertar a Venezuela" desde que Maduro assumiu o poder.

Toda a praça do Rossio se manteve calada durante o minuto e marcou com uma ruidosa salva de palmas quando terminou a contagem pelo cronómetro.

Sofia Marques pegou então no microfone e falou em português, "porque muitos portugueses não sabem o que se passa na Venezuela", para sintetizar três reivindicações da manifestação: que cesse a "usurpação de poder" de Nicolas Maduro, que seja formado um governo de transição presidido por Juan Guaidó, e que sejam convocadas eleições livres e democráticas.

"Apoiamos e agradecemos o reconhecimento do Parlamento Europeu do Presidente Guaidó, mas não concordamos com a mesa de negociação proposta pelo Conselho Europeu", disse Sofia Marques, justificando que já são vários os anos de tentativa de diálogo e negociação dos oposicionistas com Maduro, sem resultado.

"Nunca serão eleições verdadeiramente livres com Maduro no poder", considerou.

O empresário Paulo Senos, que emigrou há 20 anos e tem relações comerciais com aquele país da América Latina, apenas reconhece Guaidó como o único Presidente da Venezuela e afirma que tem de haver a mudança no poder

Paulo Senos também não acredita no êxito de qualquer negociação com Maduro: "Até hoje não conheço nenhuma ditadura que tenha caído democraticamente. Nunca vão entregar o poder..."

Com familiares a viver na Venezuela, admite o medo de represálias, mas diz que já pouco há a perder.

"Já estamos numa situação tão complicada, em que se morre todos os dias, em que as pessoas morrem por ir comprar um pacote de açúcar, por falta de medicamentos... Represálias tem havido todos os dias para nos calar, mas já chega", conclui.

A manifestação realizada em Aveiro somou-se a outras iniciativas semelhantes convocadas para este sábado em Lisboa, Funchal, Ponte da Barca, Porto e Faro.

Guaidó, de 35 anos, autoproclamou-se Presidente interino, no dia 23 de janeiro, e tem convocado várias manifestações de oposição ao regime de Maduro, que já fizeram dezenas de mortos e centenas de feridos.

A crise política na Venezuela soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

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