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Cocaína com chocolate

Cinco pessoas foram detidas em Portugal e Espanha acusadas de tráfico de droga. A investigação desenvolvida pela Polícia Judiciária de Braga levou ainda ao desmantelamento de um laboratório químico em Monção, onde os suspeitos purificavam cocaína oriunda da América Latina, através de ‘correios’ que dissimulavam os estupefacientes com chocolate.

06 de dezembro de 2007 às 00:00

Segundo revelou ontem fonte policial, a rede era liderada por um químico espanhol e um português conhecido por ‘El Gordo’, que se encontrava evadido da cadeia de Monção desde 1998, onde tem ainda que cumprir dez anos de prisão. O grupo integra ainda o proprietário da casa onde funcionava o laboratório (em Troporiz, Monção), e dois espanhóis detidos em Redondela, Pontevedra, pela Polícia da Galiza. Todos vão aguardar julgamento em prisão preventiva.

A cocaína vinha da Bolívia e, sobretudo, da Argentina. Para iludir as autoridades, os ‘correios’ espanhóis, portugueses e sul-americanos compravam barras de chocolate nas lojas de diferentes aeroportos ibéricos, que eram trocadas por embalagens com cocaína e chocolate. Perante as autoridades exibiam facturas das compras, despistando qualquer suspeita.

Antes da introdução e distribuição de “elevadas quantidades de produto estupefaciente” na Península Ibérica, os detidos encarregavam-se de purificar a cocaína no “laboratório-cozinha”, seguindo métodos concebidos por um químico catalão, de 47 anos de idade e já cadastrado em Espanha por ligação ao tráfico de droga, sendo ainda apontado como responsável pela ligação da rede ao mercado de narcotráfico sul-americano.

Na moradia situada na aldeia de Troporiz, foram apreendidos “cerca de cinco quilos de cocaína de elevado nível de pureza em processo final de secagem, várias substâncias em estado semilíquido suspeitas de conterem aquele produto estupefaciente ainda em processo de separação, assim como precursores e múltiplos utensílios inerentes ao processo de purificação”.

A PJ foi ainda surpreendida, no sótão da moradia, com a existência de uma estufa “altamente sofisticada” – como fez questão de frisar fonte policial – para cultivo de canábis. “Estava devidamente equipada com sistemas automáticos de iluminação, ventilação e irrigação, tendo sido apreendidas várias daquelas plantas”, precisou a mesma fonte.

'EL GORDO' VAI CUMPRIR PENA

‘El Gordo’ – o português com 49 anos de idade que era um dos cabecilhas da rede de tráfico de droga na Península – já havia sido detido em 1998 pelo Departamento de Investigação Criminal de Braga da PJ. Quando se encontrava ainda em prisão preventiva, conseguiu fugir da cadeia de Monção. Em situação de foragido à Justiça, foi condenado a dez anos e seis meses de prisão, pena que terá agora de cumprir. Seria o responsável pela angariação de distribuidores de droga em Portugal, mas residia em Espanha. A PJ acabou por detê-lo numa visita a Monção, a par do dono da casa e do químico catalão.

Do lado espanhol, a Unidade de Combate ao Tráfico de Droga e Combate ao Crime Organizado (UDYCO) de Vigo da Polícia da Galiza deteve dois espanhóis, com base em indicações fornecidas pela PJ, e apreendeu ainda material num laboratório já desmantelado em Pontevedra.

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