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Substituição dos antigos comandos distritais "foi um enorme erro" e está a atrasar o combate às chamas

Sistema convoca primeiro corporações que estão muito longe e ostraciza outras muito mais perto dos incêndios.

12 de agosto de 2025 às 01:30
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Comandos sub-regionais atrasam ataque às chamas

A vaga de incêndios das últimas semanas que estão a fustigar o norte e centro do país vieram colocar a nu e reforçar a tese de que a criação dos comandos sub-regionais, que substituíram os antigos comandos distritais “foi um enorme erro” e está a prejudicar o ataque inicial aos incêndios bem como o reforço das primeiras horas de combate. Na prática, o atual sistema faz atrasar o combate às chamas e potenciar o seu rápido alastramento.

Os comandos sub-regionais entraram em vigor em janeiro de 2023, foram criados nos governos de António Costa e executados por Eduardo Cabrita e José Luís Carneiros, ministros da Administração Interna. Os governos de Luís Montenegro manifestaram a intenção de extingui-los e voltar aos comandos distritais mas não teve coragem de o executar em tempo útil de entrar em vigor ainda este verão. O resultado está à vista.

E por isso acontecem coisas ridículas, quase insólitas, como por exemplo o dos grandes incêndios de Moimenta da Beira, já em resolução, e o da Covilhã, ainda ativo a de desenvolver-se numa zona altamente sensível e com grande potencial de destruição.

Moimenta da Beira é do distrito de Viseu mas para a proteção civil pertence ao comando sub-regional do Douro. Algumas das corporações de bombeiros convocadas para a primeira intervenção e reforço ficam a mais de cem quilómetros de distância quando a corporação do Sátão, a 20 quilómetros, ali tão perto, não foi chamada para o combate naqueles momentos.

O caso do incêndio da Covilhã, distrito de Castelo Branco, é igualmente aberrante. Eclodiu às 15h00 de domingo, mas como para a proteção civil pertence ao sub-comando Beiras e Serra da Estrela, as corporações do distrito só foram convocadas horas mais tarde, antes foram as da região da Guarda, muito mais distantes.

Trata-se de um sistema que faz gastar mais dinheiro na mobilização de meios e o cansaço junto dos operacionais.

“O atual sistema não funciona e é uma aberração sob ponto de vista operacional. Todos reconhecem isso mas ninguém ainda foi capaz de alterar a situação. E a mudança é fácil, é o regresso aos comandos distritais”, reforça ao CM António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.

E TAMBÉM

Marrocos - Dois canadair

Marrocos disponibilizou esta segunda-feira dois aviões Canadair, após o Ministério da Administração Interna ter acionado o protocolo bilateral de cooperação em proteção civil. As aeronaves deveriam chegar esta segunda-feira a Portugal e vão ficar baseadas em Monte Real. O mesmo pedido foi feito a Espanha, mas inviabilizado pelos fogos neste país.

Distritos a laranja

Os distritos de Bragança, Évora, Guarda, Beja, Castelo Branco e Portalegre estão sob aviso laranja e assim vão permanecer até às 18h00 de quinta-feira.

Fogos - registados 65

Portugal continental registou esta segunda-feira 65 incêndios rurais até às 17h00, nos quais estiveram envolvidos 1735 operacionais, segundo a Proteção Civil, que destaca como mais preocupantes os incêndios em Vila Real, Trancoso, Covilhã e Tabuaço.

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