Débora Carvalho
JornalistaCatarina Cascarrinho
JornalistaDecorre esta quinta-feira a sexta sessão de julgamento do caso da morte de Jéssica, a menina de três anos que morreu em junho do ano passado.
Nesta sessão estavam previstas falar quatro pessoas, testemunhas do pai de Jéssica, assistentes no processo. Contudo, o advogado prescindiu de uma delas. De tarde são ouvidos dois médicos do INEM.
O julgamento tem cinco arguidos:
Inês Sanches, a mãe da menina, Tita, ama de Jéssica, Justo, Eduardo e Esmeralda, marido e filhos de Tita, respetivamente.
Começa a sétima sessão do julgamento
Testemunha conta que viu a menina pela última vez "quatro ou cinco dias antes" do homicídio
A testemunha do assistente do processo admite que conhece quatro arguidos, que vivem perto do local onde trabalha: Tita, Justo, Esmeralda e Inês.
"Nunca os vi aos 4 juntos, só à família Montes, sem a Inês", começa por dizer.
A testemunha relata que viu várias vezes Esmeralda com a filha e, mais tarde, com outra menina que seria Jéssica.
"Vi algumas vezes Esmeralda e a Tita com as duas meninas, a Jessica ia sempre pela mão da Tita. Na última vez que a vi [4 ou 5 dias antes da morte], ia com um chapéu na cabeça, com uns óculos gigantes, a chorar. Estavam a puxá-la para ela andar, a menina não queria andar", acrescenta.
O juiz procura saber como teria a certeza que essa criança seria Jéssica.
"Tenho a certeza absoluta de que aquela menina era a Jéssica", responde.
"Sempre que a vi estava sempre com a Tita e com a Esmeralda, com a filha da Esmeralda. A Jéssica andava sempre pela mão da Tita."
A testemunha diz que nunca viu Justo com Jéssica.
"Tenho a certeza absoluta que vi a menina pela última vez quando ela estava a chorar 4/5 dias antes dela morrer."
O juiz dá como terminado o depoimento desta testemunha.
Juiz resume o depoimento de Inês na sexta sessão do julgamento
“Ela [Jéssica] não morreu por lhe fazermos mal": 'Bruxa' Tita defende-se em tribunal
A advogada de Tita informa que a sua arguida quer prestar declarações.
"Esta senhora está a mentir", diz a bruxa Tita a apontar para Inês.
O juiz interrompe e afirma que não cabe à arguida fazer comentários.
Tita confirma que Jéssica lhe foi entregue "uma única vez".
"Pediu-me para ficar com a filha. Onde ela ia não sei", assume.
"Isto foi a um domingo. Ela agarrou a miúda da minha casa, quando eu estava a fazer o comer. As miúdas puseram-se em cima da cadeira a saltar, eu disse para ela ficar quieta, mas ela continua a saltar."
"Ela não morreu por lhe fazermos mal, não foi", garante Tita.
"Eu estou a fazer o comer, só estou eu e a miúda, disse-lhe 'Jéssica põe-te quieta', ela dá um pulo da cadeira para cima do cadeirão, aí ouço um estouro", conta.
"Nesse dia liguei para ela [Inês], 'olha vem que a miúda caiu', 'anda que eu vou contigo ao hospital'. Ela disse que não, agarrou na miúda. Tinha a língua enrolada, ela pediu uma colher tentou desenrolar."
"Eu fui entregar a miúda, a miúda ia viva, o que ela fez eu não sei. Foi na casa da mãe dela, a mãe é que sabe", diz.
Depois de uma pausa nos trabalhos, Tita admite que quer falar novamente, mas a advogada pede aos restantes arguidos para abandonarem a sala, para que ela seja "coerente, livre e mais espontânea".
A advogada justifica o pedido com o facto de Tita ter medo de prejudicar os familiares.
Juiz pergunta se Tita não conseguiria falar se estivessem presentes os seus filhos e o seu marido.
A arguida responde: "Sim consigo. Esta senhora [aponta para a mãe de Jéssica] é que tem de sair".
"Eu percebi logo que medo da Dona Inês não tem, muito pelo contrário", responde o juiz.
O Ministério Público opõe-se à saída dos arguidos para Tita testemunhar.
Depois de ouvida a posição dos advogados, o tribunal decide que, uma vez que as defesas dos arguidos não se opõem, vão sair para Tita testemunhar, mas só da parte da tarde e depois das testemunhas falarem.
Vistos em tribunal os vídeos que foram enviados para Inês a ameaçá-la
No vídeo ouve-se Esmeralda a ameaçar Inês: "Já estou a ir a caminho da casa da Alice, vou chamar, ela não é tua sogra? Vou já chamá-la aqui, não vês? Estamos a ir."
"É desta não é", acrescenta Tita.
Pai de Jéssica pede indemnização
Alexandrino exige aos arguidos uma indemnização de 800 mil euros pela morte da criança e 200 mil pelo desgosto.
Pausa no julgamento. Retoma às 14h00
Tribunal recomeça os trabalhos após pausa
Médica do INEM que assistiu Jéssica: "Tinha um hematoma e peladas na cabeça"
A profissional de saúde conta o que viu quando chegou ao local.
"Chegámos ao local e à porta do edifício estava um indivíduo do sexo masculino que ficou cá fora. Estava ainda a mãe da criança, que nos encaminhou para o quarto, onde estava a Jéssica."
A médica conta que a criança tinha uma fralda e que estava em cima da cama um chapéu.
"A criança estava de costas e nós não conseguimos avaliar nada, porque a criança não se estava a mexer", acrescenta.
"Tive que pegar na criança e virá-la para avaliar a respiração. Era uma vítima crítica à partida", prossegue.
A profissional do INEM acrescenta que verificou que Jéssica tinha um pulso fraco, e já estaria "em paragem respiratória".
"Naquele momento a Jéssica estava em coma, em paragem cardiorespiratoria. Se ainda não estivesse em coma, era uma criança que eventualmente teria muita dor."
A médica, que estaria acompanhada de uma enfermeira, terá iniciado o suporte ventilatório.
"Tentámos reverter o quadro da menina", explica.
"Vi uma criança em coma, com um hematoma na região do nariz e na boca, muito inchada, muitos fluidos a drenar. Eram visíveis as lesões na face e as contusões que tinha nos membros", detalha antes de terminar o depoimento.
Técnico do INEM diz que Jéssica estava inanimada" e "numa situação crítica"
Testemunha é técnico de emergência pré-hospitalar, que tripulava a mota de emergência médica no dia do homicídio.
"A médica já estava a fazer a avaliação, recebi a indicação para dar início à reanimação cardiorrespiratória"
"A criança estava deitada na cama, de barriga para cima, a médica estava a terminar a avaliação e a acabar de a ventilar."
O técnico acrescenta que Jéssica estava "inanimada" e "numa situação crítica".
"A criança estava vestida e foi exposto o tórax para se iniciar as manobras."
A testemunha confirma que Jéssica estava vestida da cintura para baixo.
Termina o depoimento do técnico do INEM.
Tita fala em tribunal e diz que mãe de Jéssica desvalorizou ataques epilépticos da criança
O juíz volta a perguntar a Tita se Jéssica saiu de casa da 'Bruxa' no dia da sua morte.
"Ela entregou-me a menina, eu levei-a para a minha casa. Não estava nem o meu marido, nem a minha filha. Fui eu sozinha buscar a miúda", relata.
Segundo a arguida, Inês entregou uma mala com roupa a Tita e disse-lhe para dar banhoe mudar o vestuário de Jéssica.
Depois de ter perguntado à mãe da menina quando a ia buscar, Inês terá dito que poderia ir buscar a criança no mesmo dia se tivesse tempo.
Depois disso, a arguida conta que a mãe de Jéssica terá ligado a dizer que não podia ir buscar a menina.
"A menina está a chorar, dói-me o coração de a ver a chorar. A menina quer-te a ti", terá respondido Tita.
"Eu estava à espera que ela fosse buscar a filha, estava eu e a menina, a menina estava a brincar, a saltar da cadeira para o cadeirão", relata Tita.
"Ouvi o barulho de uma queda. Era a menina que se tinha aleijado", prossegue.
"A menina nessa altura estava sentadinha, quietinha. Vi a menina a desmaiar, aí chamei a mãe disse para irmos ao hospital. A mãe disse que não era preciso, que eram ataques epilépticos", conta.
Tita conta que não fazia ideia o que eram ataques epiléticos e que, quando a mãe chegou, a menina estava a "esticar-se".
"Ela estava a respirar, estava a respirar bem, quando ela caiu é que deitou o sangue."
A arguida prossegue a relatar o jantar dessa noite, que terá sido frango. Jéssica ficou a ver televisão durante a noite.
"Essa parte da noite correu bem. Quando eu fui dar banhinho é que vi o corpo dela com nódoas roxas", acrescenta.
"A menina chamou por mim, disse: 'anda vestir-me', eu vesti, a mãe dela ligou-me para eu a ir levar e eu levei-a."
Tita conta que entregou a criança à progenitora, que disse que a levaria ao hospital.
O juíz interrompe e questiona porque foram encontrados cabelos na casa da arguida.
"Na nossa casa não foi. Quando a miúda la estava eu penteava com a escova, para entregar à mãe, só se eu não vi", esclarece.
"Se tivesse algumas peças com sangue, a miúda deve ter limpado a cara e pode ser disso. O sangue pode ser dos lençóis pode ser de outra coisa", justifica.
Tita admite, após questão do juiz, que lavou a casa com lixívia e afirma que não tem "mais nada que dizer". A arguida ainda terá de responder a questões do Ministério Público.
Tita responde a questões do MP e do restante coletivo
A arguida continua a responder a questões em tribunal.
"Conhecia a dona Inês porque ela era minha freguesa, vendia meias, cuecas. A Inês não era minha cliente há muito tempo. Não tinha muito confiança com ela", diz.
Tita conta que conheceu a mãe de Jéssica dois anos antes da morte da menina, mas que não conhecia o pai.
"Eu encontrava-a de vez em quando na rua, era raro vê-la."
A mulher diz ainda que nunca recebeu dinheiro de Inês e que nunca lhe pediu medicamentos.
"A Inês entregou-me a Jéssica de manhã. A minha filha como tinha a minha netinha de dois aninhos iam passear com ela. Eu tinha um telefone, mas ele caiu-me num balde de água", acrescenta.
Quanto ao vídeo, mostrado esta manhã em tribunal, no qual aparece com a filha a dizer que iam a casa de Inês, Tita justifica: "Não tem nada a ver com nada. Estava ao pé da minha filha. A gente ia lá para falar com ela, mas não era nada de mal."
Tita responde a nova pergunta da juíza e diz que a sua família nunca fez nada de mal à Jéssica.
O juíz ordena que os arguidos regressem "imediatamente" à sala.
Alegações finais marcadas para as 13h30 do dia 13 de julho
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