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Artigo exclusivo

Acusação de assédio sexual aquece guerra da Bragaparques

Manuel Rodrigues e Domingos Névoa lutam pela posse da Bragaparques, uma luta por mais de 100 milhões de euros.

09 de maio de 2021 às 01:30

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Domingos Névoa lidera a Bragaparques
Domingos Névoa lidera a Bragaparques Bruno Colaço
Bragaparques é uma das maiores empresas do País na área do estacionamento automóvel em áreas urbanas
Bragaparques é uma das maiores empresas do País na área do estacionamento automóvel em áreas urbanas Manuel Moreira
 Manuel Rodrigues é dono da Onirodrigues
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Os factos remontam a 10 de setembro de 2018, mas a funcionária só enviou um email à administração, a contar toda história, a 14 de maio de 2019, ou seja, oito meses depois. Nesse email, afirma que, dois dias depois da ocorrência, contou o que se havia passado ao administrador Manuel Rodrigues e que este nada fez, ou seja, tentou encobrir os factos.

Entretanto, interpôs, no Tribunal do Trabalho, uma queixa contra a Bragaparques, a Onirodrigues e o seu atual administrador, Manuel Rodrigues, mas nunca apresentou qualquer queixa, crime ou cível, contra o alegado autor do assédio

Em declarações ao CM, Manuel Rodrigues afirma que “nunca tentou encobrir o que quer que fosse”, que repudia “todo e qualquer ato de assédio ou abuso” e que este caso não pode ser dissociado da guerra em curso na Bragaparques.

“As disputas empresariais no seio da Bragaparques, que muito me desgastam e entristecem, têm sido pretexto para muitas histórias, atuações e insinuações”, afirma Manuel Rodrigues. O CM tentou ouvir Domingos Névoa, atual administrador da Bragaparques, mas sem sucesso.

PORMENORES

Queixa por difamação

O funcionário acusado de assédio apresentou uma queixa-crime por difamação contra a autora das acusações. O Tribunal da Relação considerou que não houve crime de difamação.

Tribunal alega inação

No acórdão, a Relação de Guimarães considera que, logo que teve conhecimento dos factos, Manuel Rodrigues devia ter instaurado um processo interno de averiguações.

Névoa fala em caso grave

"Como pode o Manuel Rodrigues ter conhecimento e nada fazer para te proteger é muito grave", escreveu Domingos Névoa, em resposta ao email que a funcionária enviou no dia 14 de maio de 2019.

Silêncio total

O CM tentou ontem chegar à fala com Domingos Névoa, assim como com a funcionária que se diz vítima de assédio sexual. Apesar das várias tentativas, tal não foi, de todo, possível.

"E se eu te desse um beijinho?"

“Deslocámo-nos ao chamado ‘arquivo morto’ da empresa, quando sem nada fazer prever, amarrou-me por trás encostando-se a mim, virou-me para ele, amarrou-me novamente com força e tentou-me beijar à força, dizendo: ‘e se eu te desse um beijinho?’

Imediatamente dei-lhe um forte empurrão tendo-o afastado de mim. Disse que só podia estar maluco e fugi naquele momento, completamente assustada. A minha sorte foi estar do lado mais próximo da porta e ele não me conseguir deter.”

Foi desta forma que, a 14 de maio de 2019, a escriturária relatou a ocorrência à administração da Bragaparques (Manuel Rodrigues, Domingos Névoa e Florinda Névoa). Nesse email, revelou que, três dias depois dos factos, tinha contado tudo ao administrador Manuel Rodrigues e que ele nada fez: “Passados cerca de 3 dias, fui falar com o Sr. Manuel Rodrigues no seu gabinete. Fechei a porta e contei tudo exatamente como se tinha passado. O assunto não teve seguimento.”

Na ação junto do Tribunal do Trabalho, a escriturária pede uma indemnização de 15 mil euros por danos morais.

"Sou vítima de cabala"

O funcionário acusado de assédio na Bragaparques nega a prática de qualquer crime. "Estou a ser vítima de uma cabala", afirma.

"Vivi dias difíceis"

Presidente da junta de uma freguesia da Póvoa de Lanhoso, o acusado diz que quer esquecer tudo. "Vivi dias muito difíceis", assume.

Manuel Rodrigues contesta queixa

Manuel Rodrigues contestou, junto do Tribunal do Trabalho, a queixa apresentada pela funcionária. Alega que nunca quis encobrir qualquer ato de assédio, refere que repudia tais comportamentos, e adianta que o caso está a ser usado na guerra da Bragaparques. Pede 40 mil euros de indemnização.

Posse da empresa decidida em tribunal

Chegou a estar marcada, para dezembro de 2018, a escritura que passava a propriedade da Bragaparques para o empresário Manuel Rodrigues por 102,7 milhões de euros. Só que, à última hora, Domingos Névoa não compareceu e o ato ficou sem efeito. Apesar das diversas tentativas de aproximação, promovidas por escritórios de advogados, o litígio acabou por ir parar a tribunal. Na passada sexta-feira teve lugar a primeira audiência prévia.

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