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"Era difícil perceber a quem pertencia cada membro": Sapadores relatam horror presenciado no Elevador da Glória

Bombeiros que socorrem vítimas do elevador da Glória relatam momentos que nunca vão esquecer. "Telemóveis não paravam de tocar", lembram.

12 de setembro de 2025 às 01:30

Um semana depois do acidente que matou 16 pessoas e feriu outras 22 pessoas no elevador da Glória, os elementos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSB) ainda estão a receber apoio psicológico para lidar com a tragédia. "Já vi muita coisa em ambulâncias, em acidentes de viação e incêndios... mas um cenário assim, num espaço tão pequeno e com tanta gente morta, nunca. Havia pessoas mutiladas, corpos sobrepostos, e era difícil até perceber a quem pertencia cada membro. Num metro quadrado, chegámos a encontrar cinco pessoas sem vida. É impossível ficar indiferente", contou um dos operacionais envolvidos no socorro à TV7Dias.

"Enquanto tirávamos as pessoas dos destroços, os telemóveis não paravam de tocar. Eram chamadas que nunca iam ser atendidas, de familiares desesperados em busca do som de uma voz que nunca mais vai chegar. Isso mexe connosco, dá vontade de pegar no aparelho e dizer: 'Está aqui a pessoa que procura...', mas sabemos que não podemos. Foi perturbador", acrescenta outro elementos dos Sapadores que esteve na Calçada da Glória. "O que custa mais não são os mortos, por mais duro que pareça dizer disto. O que nos marca são os vivos em sofrimento, conscientes e com dores atrozes. Estas imagens ficam, assim como os seus gritos", explica o mesmo bombeiro. "O elétrico partiu-se ao meio. Do lado esquerdo ficaram esmagadas. Do lado direito caíram umas sobre as outras. Encontrámos uma senhora sentada, viva, no meio dos destroços, em choque mas quase sem ferimentos. Uma sorte enorme no meio de tanta desgraça", recordam, assinalando que "cada um reage de maneira diferente", mas que desde o primeiro momento que está a ser dado apoio psicológico a quem precisa.

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