Ministério Público acusou jovem informático de burla, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, pedindo uma perda a favor do Estado de 4,2 milhões de euros.
Um ex-emigrante de 36 anos na Suíça criou um esquema em pirâmide desenvolvido a partir de Pombal, que chegou a ultrapassar os 25 mil "clientes", sendo contabilizados mais de quatro milhões de euros indevidos com a burla.
O Ministério Público acusou recentemente o jovem informático, bem como outros três cúmplices e sete empresas associadas ao esquema, de burla, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, pedindo uma perda a favor do Estado de 4,2 milhões de euros.
O negócio, que funcionava como um esquema em pirâmide, intitulava-se "MeoClick" e era publicitado na Internet como uma forma de ganhar dinheiro fácil a partir de casa, tendo chegado a atrair mais de 25 mil clientes, que foram sobretudo angariados em França e na Suíça, país onde o arguido terá começado a alegada burla.
Só entre março de 2015 e março de 2016, o Ministério Público (MP) contabiliza 3,8 milhões de euros angariados através do esquema, a partir da empresa Binary Dialogue, que tinha criado em Pombal, refere a acusação a que a agência Lusa teve acesso.
O principal arguido cresceu na Suíça, onde entre 2007 e 2013 já tinha cometido várias infrações, tendo sido condenado por duas vezes por crimes relacionados com burla e falsificação de documentos.
Ainda na Suíça e já depois de condenado, o arguido terá decidido desenvolver um esquema de captação de investimentos de estilo piramidal, criando para tal uma oferta de um suposto serviço de aplicação de fundos que comprava espaços de publicidade na internet, prometendo elevados retornos, refere o MP.
Entrando no 'site' da empresa, o cliente poderia comprar um "cupão" (que custava 25 euros) ou 'packs' de cupões, sendo o mais comum o de 200 euros, sendo que eram prometidas comissões que poderiam chegar até aos 150% do valor investido.
Apesar de referir que não era preciso "apadrinhamento" (angariar outros clientes) para ganhar dinheiro com este negócio, "o apadrinhamento era muito proveitoso", com os clientes a receberem 11% sobre os afilhados diretos, explica a acusação.
De acordo com a acusação, o 'site' era "sofisticado" e a empresa tinha "um logótipo e designação apelativos", que era sobretudo dirigido ao público francófono.
No início de 2015, o principal arguido acabou por sair da Suíça devido a "problemas que tinha (e tem) com as respetivas autoridades", tendo passado a residir em Pombal, concelho de onde era natural, contou o Ministério Público.
Ali, instalou-se num edifício recente "e com design moderno", tendo pedido ajuda ao proprietário do imóvel, "um conhecido empresário" de Pombal.
Este empresário e responsável por uma empresa de contabilidade e a sua advogada passaram a colaborar com o jovem informático em diversas matérias associadas com o esquema que sabiam ser ilícito, salienta o MP.
Em março de 2015, criou a empresa Binary Dialogue, reformulou o 'site', contratou funcionários para dar uma aparente imagem de negócio legítimo e foi fazendo conferências 'online' e enviando vários boletins informativos dirigidos aos seus utilizadores para tentar apaziguar e acalmar as dúvidas que iam surgindo por parte dos clientes.
O caudal anormal de transferências para a conta da Binary Dialogue fez "disparar os alarmes" nas autoridades responsáveis pela prevenção de branqueamento de capitais, que fizeram uma suspensão provisória dos movimentos bancários, em 2016.
Face a essa situação, o arguido voltou-se novamente para os conselhos do empresário de Pombal e da sua advogada, tendo constituído duas novas empresas, que também acabaram com as contas bancárias apreendidas.
A solução passou depois por constituir empresas na Guiné-Bissau, país para o qual o empresário de Pombal já tinha trabalhado.
Já com a investigação em andamento, as contas bancárias bloqueadas e imóveis e carros de luxo apreendidos, o arguido, juntamente com os restantes cúmplices, tentaram arranjar esquemas para resgatar os fundos e os imóveis, mas sem sucesso, salienta o Ministério Público.
O principal arguido, a morar em Vilamoura, está sujeito a termo de identidade e residência.
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