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Família de adepto morto com very-light pede justiça

"Só pedimos justiça. Queremos que seja bem castigado pelo que fez", defende a mãe de Rui Mendes, o adepto do Sporting que faleceu há quase 15 anos nas bancadas do estádio do Jamor depois de ter sido atingido por um very-light lançado por um simpatizante do Benfica.

19 de fevereiro de 2011 às 00:30

Apanhada ontem de surpresa pela notícia da captura de Hugo Inácio, autor do disparo, que estava foragido depois de ter sido condenado a cinco anos, a família da vítima, residente no Luso, voltou a viver momentos dramáticos.

Tal como aconteceu há 15 anos, António Mendes, pai de Rui, não conseguiu sequer encarar as imagens captadas em 18 de Maio de 1996 e ontem reproduzidas pelas televisões. "Quando me apercebi, só tive tempo de pôr a roupa à frente dos olhos. Como é que conseguiria ver uma coisa daquelas?", questiona, entre lágrimas. "Nem nunca o vamos conseguir fazer", acrescenta a mãe, Maria Adélia Pereira, que ainda estremece quando se lembra da "pancada" que sentiu "no coração" ao ver, através da televisão, o filho "estendido no chão".

Sem conseguir conter as lágrimas, Maria Adélia Pereira defende para o autor do disparo uma pena exemplar: "Pelo menos 20 ou 25 anos de cadeia para ter emenda." Aliás, não entende como é que "um homem que mata outro" é condenado a cinco anos de cadeia. "E mesmo assim nem isso cumpriu. Acabou por fugir", acrescenta Maria Adélia, ao esperar que "desta vez seja mesmo castigado" e pelo menos cumpra a pena a que foi condenado.

Também a filha de Rui Mendes, actualmente com 29 anos, pede justiça: "É a única coisa que queremos, porque ele nunca foi condenado como deveria ter sido." Ao recusar prestar mais declarações, apenas referiu que a notícia deixou a família em choque. Ela própria não foi trabalhar ontem. A avó dá conta do drama que têm vivido após a perda de Rui Mendes: "Faz--nos tanta falta. Deixou uma mulher viúva e dois filhos pequenos."

"CONHECI LOGO O MEU FILHO E COMECEI A GRITAR"

Rui Mendes, 36 anos, era adepto ferrenho do Sporting, tal como o pai. Na véspera da Final da Taça de Portugal de 1996, em que se defrontavam Sporting e Benfica, Rui tinha estado em casa dos pais, em Sula, próximo do Luso. "Parece que já adivinhava o que ia acontecer. Dizia que não tinha vontade de ir", recorda a mãe. Perante as dúvidas do filho, Maria Adélia Pereira ofereceu-se para pagar o dinheiro do bilhete, desde que não fosse.

Antes de Rui Mendes partir para Lisboa, Maria Adélia ainda telefonou a recomendar-lhe que "fugisse se visse alguma zaragata". Foi a última vez que falou com o filho. Oito minutos após o início do jogo, quando se festejava o primeiro golo do Benfica, Rui Mendes foi atingido no peito com um very-light. Em casa, a família acompanhava em directo as manobras de socorro. "Conheci logo o meu filho e comecei a gritar", lembra a mãe.

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