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Atualizado a 18 de março de 2025 às 09:09

Tudo o que foi dito na primeira sessão do julgamento da Operação Pretoriano

Operação Pretoriano

 - 12 arguidos entre os quais o antigo líder dos 'Super Dragões' Fernando Madureira e a mulher, Sandra Madureira, começam esta segunda-feira a ser julgados no âmbito da Operação Pretoriano, no Tribunal de São João Novo, no Porto.
- Em causa está uma alegada tentativa de os 'Super Dragões' "criarem um clima de intimidação e medo" numa Assembleia Geral do FC Porto, para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderada por Pinto da Costa.
- Estão acusados de 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação. Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva
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Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 18h53

Sessão terminou

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 16h49

“Estava lá um senhor a dizer que ele mamou e que eu queria mamar. Tive um impulso e dei-lhe uma chapada", diz 'Aleixo' em tribunal

Começa a falar Vítor Manuel Oliveira, mais conhecido por Aleixo. ‘Aleixo’ começa a dizer que não é membro dos Super Dragões. “Soube da assembleia pelos jornais. Como fui às outras também fui a esta”, diz.

“Vi lá o senhor Fernando, o meu irmão José. Cumprimentei-os, normal”, lembra.

“Estive no auditório com eles, não havia lugar para toda a gente. Estive com eles num corredor. Estávamos a cantar músicas”, recorda.

‘Aleixo’ lembra que depois também viu o filho no Dragão Arena, mas que não falou com ele. “Não falei, nem estive lá com ninguém”, afirma. 

“Lá dentro vi uma confusão, mas não sei quem era a pessoa em concreto. Vi isso depois do presidente Pinto da Costa falar”, continua.

“Quando acabou de discursar o Presidente muita gente começou a chamar-lhe nomes, chamaram velho e disseram que estava agarrado ao poder”.

“Eu senti-me indignado, eu adoro o presidente. Saltei para o pavilhão, fui à bancada norte e disse que não tinham nada que mandar vir e disse que estavam a cuspir no prato que comeram estes anos todos”, recorda.

Estava lá um senhor a dizer que ele mamou [Pinto da Costa] e que eu queria mamar. Tive um impulso e dei-lhe uma chapada. Depois levei um soco, não dele, de outra pessoa. Depois vim a saber que era pai desse rapaz”.

“Na altura até queria pedir desculpa ao pai. Vou fazer neste tribunal quando os vir se for possível”, diz. 

“Eu disse que ele era Villas-Boas e que se continuasse com aquilo não estava ali a fazer nada”.

“Nessa altura depois reparei que o meu filho estava ali. O meu filho foi para me defender”, acrescenta. 

“A acusação diz que esse senhor mais velho foi agredido a soco e pontapé pelo seu filho e pelo Fábio”, afirma a juíza. “Porque ele me deu um soco”, justiça Vitor Manuel ‘Aleixo’.

“Senti-me mal, vim pela parte de cima. As pessoas começaram a insultar-me a dizer que levei e bem. Do nada vi um senhor a dizer que eu devia levar mais. Peguei e dei-lhe um cachaço e saí dali. Estavam várias pessoas à minha beira ali”, recorda.

“Depois dei um abraço ao meu filho e disse : o pai vai embora, o pai já fez me***". Eu depois pedi desculpa ao Fernando pelo que tinha feito. E pedi desculpa a vários dirigentes do Porto que eu conheço”.

“Não vi o Tagarela e ainda bem. Temos problemas há muitos anos e sempre que nos vemos dá faísca”, revela.

“Depois fui ao Capa negra comer um prego e vi na TV que na assembleia tinha dado mais problemas”.

 “Quero pedir à senhora juíza que me deixe pedir desculpa quando vier a pessoa que agredi e o pai”.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 16h13

"Eu fui lá falar com a senhora, bati-lhe o coro e pedi as pulseiras [para a AG]", 'Polaco' fala em tribunal

Começa a falar Hugo Carneiro, mais conhecido como 'Polaco'. "Nesse dia fui à assembleia, normal. Cheguei lá tudo normal, entrei e vi. É o que posso dizer", diz 'Polaco'.

Questionado sobre as pulseiras, 'Polaco' conta o que aconteceu. "Eu fui lá falar com a senhora, bati-lhe o coro e pedi as pulseiras. Disse que tinha a minha mulher, colegas de trabalho e precisava de pulseiras para entrar. Nas outras assembleias também me deram pulseiras", disse.

"O senhor não está credenciado e ainda pede pulseiras para outras pessoas?", questiona a juíza.

"Mas eu não estou mal, quem está mal é a menina que me deu as pulseiras. Eu bati-lhe o coro e ela deu", afirma, causando risos na sala.

'Polaco' diz que depois foi à casa de banho e quando voltou encontrou-se com 'Macaco'. "Eu só tirei quatro pulseiras, depois fui embora e fui entregar à minha mulher", conta.

"O senhor Fernando nunca esteve comigo. Só quando existiram os problemas com o senhor Henrique Ramos é que a gente se cruzou", refere. "O que é que viu?", pergunta a magistrada. "Não vi nada. Antes da situação do Tagarela eu não vi nada", diz.

"Não vi agressões, nada. Estive sempre sentado", refere. "Depois peguei na minha companheira e vim embora". "Não vi, nem ouvi nada de agressões. É a pura das verdades que estou aqui a dizer", acrescenta.

"Ninguém me disse nada para ir à assembleia, eu é que decidi ir", diz 'Polaco', que assume que não é sócio do FC Porto.

"O senhor não deu pulseiras a mais ninguém?", questiona a procuradora.

"Só dei à minha mulher e ela deu às amigas. As pessoas podem dizer o que quiserem, mas é pura mentira".

"O senhor nunca me disse lá nada, nós pouco nos cruzámos", reforça 'Polaco'. "O senhor ainda abre uma porta?", pergunta a procuradora

"Sim, estávamos lá e um senhor de alguma idade magoou-se e os seguranças estavam aflitos. Então eu abri a porta para ajudar os seguranças", conta 'Polaco'.

"O senhor tem o dom de ver pelas paredes? O senhor estava dentro do recinto e abriu a porta de onde vinham as pessoas. Como é que sabia que do outro lado alguém estava a passar mal?", pergunta a juíza incrédula.

"Não venham com versões do arco da velha", diz a magistrada. 

"Eu ouvi pessoas a dizer que uma pessoa se estava a sentir mal", diz Hugo Carneiro.

"Eu ouvia as coisas pelos rádios dos seguranças", acrescenta 'Polaco', que não consegue convencer a juíza. A magistrada diz mesmo que não vai colocar mais questões sobre este assunto ao arguido.

"Estive só lá na assembleia a falar com uma senhora que foi qualquer coisa da cultura. Eu só quero o Porto campeão, o resto quero lá saber. Ninguém me mandou fazer nada", afirma.

"Se o senhor Fernando Madureira tivesse dito às pessoas para pararem com tudo eles tinham parado?", pergunta a procuradora.

"Há perguntas que não consigo responder, senhora procuradora. Está aqui a confundir-me", afirma 'Polaco'.

"Quem liderava a claque dos Super Dragões'", pergunta a juíza.

"Era o líder, o Fernando", afirma.

"E vocês não tinham de fazer o que o líder dizia?", pergunta a magistrada.

"Não. Então se ele me mandasse atirar de uma ponte eu atirava-me? Eu não ia fazer algo que ia contra a minha cabeça", diz.

'Polaco' refere que não era habitual a mulher ir a assembleias. Quando lhe a advogada que representa o FC Porto pergunta o motivo da sua companheira ter ido à de novembro de 2023, o arguido diz que "apeteceu-lhe ir".

"Eu na assembleia não ia votar que eu não percebo nada daquilo. Eu só ia ouvir, que gosto de ouvir os discursos", afirma.

"Isso é quase como ir a um restaurante e dizer que não quer comer, que foi só ver as vistas. O senhor nem o discurso do Pinto da Costa ouviu", salienta a juíza.

"A gente respeitava muito o falecido Pinto da Costa, é o rei", afirma o arguido.

Termina o depoimento de Polaco.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 15h50

Fernando Madureira diz que não esteve com Sandra na AG

Agora Miguel Marques Oliveira, advogado que representa o casal Madureira, vai colocar algumas questões para a defesa de Sandra.

"Esteve na assembleia com a Sandra?", questiona. "Por acaso não nos cruzamos", diz Madureira, relembrando apenas uma situação onde a viu.

É agora Gonçalo Cerejeira Namora, advogado de 'Macaco' a questionar o arguido. "O senhor alguma vez leu os estatutos?", questiona o advogado. "Não, não li", diz Fernando.

"Nas redes sociais existiam muitas páginas onde enxovalham o presidente. Diziam 'o velho tem de morrer', coisas assim", diz Madureira, tentando assim justificar que a única intenção não assembleia era que Pinto da Costa não fosse humilhado.

"Na assembleia vi elementos dos Super Dragões envolvidos com elementos dos Super Dragões", refere. "Quantos episódios de violência viu?", pergunta o advogado.

"Vi só duas, três altercações. Algumas vi na televisão", afirma.

"Porque é que o senhor era o bombeiro de serviço?", pergunta o advogado. "Porque sempre foi assim ao longo dos anos, tentei sempre acalmar os ânimos, muitas vezes eu ia lá e nem era preciso chamar a polícia", afirma Madureira, que diz que muitas vezes os spotters coordenavam tudo consigo.

Termina o depoimento de 'Macaco'.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 15h48

No local estão 47 polícias e 13 GISP. Estão 12 arguidos na sala e 14 advogados. Só para 'Macaco' estão 13 guardas prisionais.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 15h21

"André Villas-Boas não está aqui a ser julgado", diz juíza

Advogada de Catão, Susana Mourão, coloca questões. 'Macaco' começa por negar que Catão tenha alguma vez pertencido aos Super Dragões. "Ele é sócio há vários anos, mas nunca esteve na bancada dos Super", afirma. 

Outros advogados estão a colocar questões sobre a relação de 'Macaco' e os arguidos. Sobre Hugo 'Polaco', Madureira diz que "não faz ideia" se era sócio do FC Porto. "Em 20 anos de Estádio do Dragão estive presente em todas as assembleias", afirma 'Macaco'. "Já fui a dezenas de assembleias".

"O Henrique Ramos alguma vez lhe disse que o Saul lhe bateu?", questiona a advogada de Fernando Saul. "Não isso nunca aconteceu", diz 'Macaco'.

A juíza chama agora à atenção de que "André Villas-Boas não está aqui a ser julgado" e que por isso algumas questões não fazem sentido na sua ótica. "O que pretende demonstrar? Que houve incitamento e que isso justifica a ação dos arguidos?", questiona a magistrada, que diz que o que está aqui em causa é a ação dos arguidos.

"É falso que o André Villas-Boas tenha dito que nos ia cortar as regalias (aos Super Dragões). Ele nem candidato era", afirma. "A assembleia foi o rastilho para ele lançar a campanha, ele estava à procura de alguma coisa, ia tentar perceber o pulso dos eleitores", diz, 'Macaco', referindo-se a Villas-Boas."Quem fosse a favor de Pinto da Costa votava contra ou a favor dos estatutos?", pergunta agora a juíza.

"Os estatutos tinham de ser aprovados?", insiste a magistrada. "Cada um ia votar no que queria", tentar explicar 'Macaco'.

Madureira explica que foram listas das eleições anteriores que criaram um conselho para que depois os estatutos fossem alterados. A juíza insiste com o arguido mas não fica convencida com a resposta. Madureira não sabe explicar quantas pessoas estavam de cada lista.

"A aprovação dos estatutos eram mais benéfica para quem?", pergunta a juíza. "Para ninguém, porque não ia a tempo das novas eleições", defende Madureira.

São agora colocadas questões por parte do advogado de Vítor Manuel 'Aleixo' e do filho Vítor Bruno 'Aleixo'. "Quando cantavam 'Pinto da Costa, olé' era um cântico de alegria?", pergunta o advogado.

"Sim era, nós agora até chamávamos o Pinto da Costa de rei", diz Madureira, que explica que se sentia muito triste sempre que alguém atacava Pinto da Costa.

'Macaco' diz que num grupo de Whatsapp dos Super está também "o neto do Pinto da Costa, o Cândido Costa, ex-jogador". Garante que não tem mal nenhum estar no grupo.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 14h59

"Era o vale tudo": Madureira sobre mensagens enviadas ao grupo dos Super Dragões

Sofia Ribeiro Branco, advogada do FC Porto, começa por questionar Madureira sobre os não sócios. "Quem não era sócio do FC Porto o que ia lá fazer à assembleia?", pergunta a advogada.

"Isso tem de perguntar a quem não era sócio. Eu sou sócio há 30 anos, com quotas pagas e por isso fui à assembleia", diz 'Macaco', que assume que nos grupos do WhatsApp existia indicação para votarem todos a favor de Pinto da Costa.

"Houve muita gente que foi lá sem saber o que é que ia ser votado, nem os pontos", acrescenta.

Madureira explica que logo na intervenção, Pinto da Costa deu conta de que ia votar contra alguns pontos. "Havia muito burburinho nas redes sociais, mas as redes sociais valem o que valem. A maior parte das páginas são falsas", diz.

"Aquilo era uma mobilização de apoio a Pinto da Costa", questiona a advogada. "Eu não ia obrigar ninguém a votar, cada um votava no queria", responde Madureira.

"Isto era sentido figurado. Tenho esposa, a minha mãe, filhas", afirma 'Macaco' com confrontado com alegadas ameaças feitas a uma adepta que apoiava Villas-Boas. Em mensagens dizia que não lhe iria arranjar mais bilhetes.

"Tens um cartão a mais'", pediam a 'Macaco' em mensagens.

"Eu à data era líder dos Super Dragões e estava em mais de 80 grupos. Eu muitas vezes dizia 'ok, ok', mas era só para despachar. Por vezes era gozado e até me chamavam de ok, ok", explica.

“Quem falhar sofrerá as consequências”, dizia ‘Macaco’ num grupo, onde exigia a presença de elementos de núcleos dos Super Dragões.

"Arranjem cartões de sócios, amigos, familiares", dizia Madureira também. "Amanhã valem tudo", dizia ainda.

"Não sei o que queria dizer, era o vale tudo. Mas não era incentivar a baterem em ninguém", esclarece Madureira.

Ainda sobre as filmagens na assembleia, 'Macaco' diz que não pediu a ninguém para não filmar.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 14h36

Procuradora lê mensagens do grupo dos Super Dragões: "Amanhã estaremos lá, contra tudo e contra todos"

A procuradora confronta agora Madureira com as mensagens trocadas no grupo dos Super Dragões. Numa das mensagens é pedido um cartão de sócio a 'Macaco'. "Ela pediu-me um cartão de sócio de mulher, eu disse que sim, que sim, que sim. Mas depois deixei-a na mão. Ela fazia campanha pelo André Villas-Boas e isto foi para a castigar", tenta justificar Madureira.

Confrontado com outras mensagens, 'Macaco' diz também que não arranjou pulseiras. Noutras mensagens, no grupo do WhatsApp onde estava 'Macaco', estava escrito "amanhã lá estaremos, contra tudo e contra todos". 

"Este grupo tinha cerca de 300 participantes. Se deixava de ir lá meia hora tinha logo 500 mensagens, era impossível ver todas as mensagens", diz o arguido, que dá conta de que não viu estas mensagens.

"Arranjem cartões de sócios, amigos, familiares. Dá na mesma", dizia outra mensagem, lida pela procuradora.

"Alguém entrava ou ousaria entrar numa assembleia extraordinária do FC Porto pertencendo aos Super Dragões contra a sua vontade?", pergunta a juíza. "Sim, era possível. Obviamente que sim. Eu não mando nas pessoas", afirma Madureira.

Confrontado com outras mensagens 'Macaco' diz que "não pode responder pelos atos dos outros". Acrescenta mais : "tenho de responder apenas pelos meus atos".

"Não fui eu que escrevi. São pessoas a falar umas com as outras, não tive conhecimento, nem responsabilidade", acrescenta.

Estão a ser lidas várias mensagens anteriores à assembleia, onde falavam de ser levar cartões de sócio, até de menores. "Eu não estou na cabeça das pessoas, estou apenas na minha cabeça e só sei por isso responder pelos meus atos."

Terminam as perguntas por parte do Ministério Público.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 14h25

Recomeça a sessão

        

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 14h24

'Macaco' regressa à sala de audiências após pausa para almoço

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 12h49

Pausa para almoço

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VÍDEO: Wesley Nunes

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 12h11

“Pedi para levarem três, quatro pessoas. Mas nunca pedi para baterem em ninguém”, diz ‘Macaco’

A procuradora começa a colocar questões. “O que pediu aos chefes dos núcleos?”, pergunta a procuradora. “Pedi para levarem três, quatro pessoas. Mas nunca pedi para baterem em ninguém”, diz ‘Macaco’.

"Aquilo eram umas primárias. Há 14 meses que digo isto, eram umas primárias. O André Villas-Boas usou aquilo como umas primárias. Para mim a votação era indiferente, eu só queria que apoiassem o Pinto da Costa. Andavam a dizer nas redes sociais 'o velho tem de morrer', era uma total falta de respeito", afirma o arguido, que garante que não queria que Pinto da Costa fosse humilhado.

Fernando Madureira nega também que juntamente com Sandra Madureira andassem a arranjar números de sócios. A procuradora diz depois que 'Macaco' não fez a credenciação. "E isso é crime? Sou sócio há 30 anos com quotas em dias", diz.

Há imagens que mostram o senhor a receber cartões de sócio e o senhor dá a outras pessoas. Está nas imagens. Nega?”, pergunta a procuradora. “Nego. Só me vieram colocar questões”, diz ‘Macaco’.

“O senhor ajudou a meter pessoas à frente na fila?”, questiona a procuradora. “Falso. Houve pessoas que passaram à frente, mas uns eram Villas-Boas, outros Pinto da Costa”, refere.

"Isso pessoas a passar à frente, foi constante. Cheguei a passar um grupo de senhores de idade para não estarem à espera horas na fila", tenta justificar Madureira quando confrontado com várias questões da juíza, que refere que 'Macaco' levantou a fita de segurança. "Até o Villas-Boas furou a fila", diz 'Macaco'.

"Não queria meter gente para fazer força lá dentro?", pergunta a juíza ao que 'Macaco' nega. "Nada disso", diz.

A procuradora vai agora exibir várias mensagens que Madureira trocou com Vítor Bruno 'Aleixo', mais conhecido por 'Aleixo filho'.

"Acho que toda a gente ficou surpreendida com aquele número de pessoas que foram à assembleia", diz 'Macaco'. “Eu não fazia parte da organização, não tive participação ativa. Dei só indicações a pessoas qual era o caminho mais rápido para o Dragão Arena para não andarem à chuva”, explica.

"O senhor andava lá para trás e para a frente a fazer o quê?", pergunta a procuradora. Madureira volta a usar a expressão "apagar fogos", algo que já tinha mencionado em anteriores interrogatórios.

'Macaco' volta a negar ter proferido insultos. "As imagens não têm som, mas a minha postura corporal nas imagens desmente isto por completo", diz 'Macaco' que reproduz os cânticos que entoou. "Só cantei Pinto da Costa, olé ", recorda.

A juíza pergunta agora sobre as câmaras que terão sido desviadas. "Não se desvia com a mente", diz 'Macaco', que nega que também com a mão fosse possível desviar. Fernando Madureira diz que as câmaras são controladas por um responsável da segurança.

O antigo chefe dos Super Dragões diz ainda que não se lembra de ter enviado uma mensagem a 'Catão' a pedir para arranjar várias pessoas para irem à assembleia. "Isso foi para as eleições. Disse que conseguia pessoas de Paredes, de Paços de Ferreira, de Rebordosa. Ele era uma pessoa influente nas redes sociais", justifica.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 11h52

Juíza questiona 'Macaco': "Mas porque é que o senhor diz algo e as pessoas se levantam todas da bancada?"

“O senhor disse que não foi à bancada central, onde estava a dona Sandra e outras pessoas”, diz a juíza. “A dona Sandra nunca esteve sentada, esteve sempre ali e depois comigo”, afirma 'Macaco'

“Mas porque é que o senhor diz algo e as pessoas se levantam todas da bancada?”, pergunta a magistrada.

“Isso foi na bancada Sul. Estavam lá algumas pessoas dos Super Dragões. Eu disse que eles ali estavam deslocados, que não iam conseguir ver nada”, contou.

“Não foi para as pessoas se misturarem com o público em geral e fazerem pressão?”, pergunta a juíza. “Não, de modo algum", responde Macaco.

"Porque havia tanta preocupação em não filmar?", pergunta a juíza, que menciona várias mensagens de Sandra Madureira. "Tem de lhe perguntar, mas aquilo era proibido filmar, era uma reunião de família", diz 'Macaco.

"Também era proibido bater e dar cachaços", afirma a magistrada. "Eu não bati em ninguém, nem dei cachaços", disse Madureira.

Madureira diz agora que estava zangado com Catão há sete anos. Madureira vai olhando para Catão e quase fala diretamente para ele, dando conta de que só fizeram as pazes após a assembleia.

"Se vir a minha postura corporal é falso. Não ia estar a sorrir se estivesse a dizer isso", afirma 'Macaco' quando questionado se fez ameaças e chamou 'betinhos'.

"Cantamos Pinto da Costa duas ou três vezes, Força Grande Porto estou apaixonado. Não ouvi essas coisas", explica referindo-se a ameaças.

A juíza agora confronta 'Macaco' com várias mensagens do grupo dos Super Dragões, onde agradece após a assembleia. "As pessoas daquele grupo não agrediram ninguém, depois era uma maneira de me expressar para eles", diz.

"Então o senhor diz estar muito triste e depois agradece e diz que somos os maiores? Não bate a cara com a careta", afirma a juíza. "Quem estava naquele grupo não vi envolvido em agressões", tenta justificar 'Macaco'.

"Eu naquele grupo só estava a agradecer aos Super Dragões que se portaram bem", diz ainda.

A juíza questiona: "Então aquilo que aconteceu na assembleia não teve nada a ver com os Super Dragões? É isso que está a dizer?"

'Macaco' responde: "É isso, não teve nada a ver. Foram situações antigas, problemas que já existiam".

"Foram atos isolados, que foram potenciados pela máquina de campanha do André Villas Boas para alguém ficar bem nas eleições", diz Madureira.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 11h03

Fernando Madureira começa a prestar declarações

"Quero dizer que nestes 14 meses detido sempre me prontifiquei a prestar declarações, sempre falei. Declarações que não foram levadas em conta, ou foram dadas como falsas. E sempre foram verdadeiras", começa por dizer Fernando Madureira.

"Começamos pelo Dr. Adelino. No início, o MP dizia que o plano era do Dr. Adelino, que me pediu e ao Saul que levássemos os sócios para a Assembleia para que votassem. Eu na altura disse logo que era mentira".

"Eu não falava para o Dr. Adelino três meses antes disso. Eu e a minha esposa dissemos ao falecido presidente [Pinto da Costa] que se quisesse ganhar as eleições tinha de tirar o Adelino Caldeira e o Fernando Gomes da lista", diz.

"O Dr. Adelino soube e depois virou-nos a cara, a mim e ao Saul"
, acrescenta.

Juiz interrompe Madureira e diz que Adelino Caldeira não consta na acusação e que quer que o arguido fale dos factos em si. "Porque é que a assembleia era tão importante?", questiona. 

"Esta assembleia geral era umas primárias. Não sei se era braço no ar. No Dragão Arena era impossível ser braço no ar, era muita gente", responde Madureira.

"O que é que ia ser objeto de votação?", pergunta a magistrada.

"Eram umas primárias porque ele ia sentir o pulso. Houve uma campanha orquestrada nas redes sociais e na comunicação social. Eu não tive nada a ver com a elaboração dos estatutos", afirma 'Macaco'.

Juíza pergunta o que os estatutos iam mudar na claque. Fernando responde "nada".

A juíza questiona se o protocolo com a claque não passaria a ser formalizado e não uma "colaboração". 

"O que mais se falava era na questão do voto eletrónico", responde o arguido. "Quem poderá explicar melhor são os membros do conselho superior", acrescenta.

"Quiseram-me também colar ao caso do zelador e aos Super Dragões, afinal era um caso de delinquência", diz Fernando Madureira. 

Fala também agora de dois arguidos que já não estão no processo 'António Sá e Tiago Aguiar'. "A acusação diz que ameacei o Henrique Ramos. Ele é meu amigo, já o conheço há 23 anos. Nunca me aproximei dele, depois da assembleia fomos ao Barril comer um prego e uma cerveja. Nos dias seguintes brincámos por ele ter ido à assembleia com uma gabardine".
 
"Também quero falar do pseudo ataque à liberdade de imprensa do Vítor Catão. Ligaram-me a dizer que havia problemas, eu estava no ginásio", recorda 'Macaco'. "Quero falar da minha relação com os arguidos", diz.

Juíza refere agora que 'Macaco' surge neste processo como cabecilha. "Existiu ou não uma ação concertada da claque no sentido da presença na assembleia?", questiona.

"Eu mobilizei os Super Dragões para irem apoiar o Pinto da Costa, conforme o Villas Boas mobilizou os seus apoiantes. Eu só disse para irem e para votarem em conformidade com o Presidente", afirma 'Macaco'.

A juíza questiona: "O senhor soube que aquilo deu para o torto?"

"Vi o senhor Bruno Branco (que não é arguido) puxar o braço a um senhor de idade. Vi outra altercação do Vítor (Aleixo), é aí que eu apareço num vídeo a gesticular, esse vídeo até já se tornou viral. Nunca pedi a ninguém para mudar de bancada", diz 'Macaco'.

A juíza começa agora a falar dos nomes de pessoas que foram agredidas. Fernando Madureira nega conhecer a maioria. Assume que conhece Henrique Ramos.

Fernando Madureira tenta agora explicar através de gestos como tudo aconteceu. "Fiquei muito nervoso, transtornado, irritado e triste por ver sócios do Porto uns contra os outros. Eu disse: 'é esta m*** que vocês querem para presidente. Veio dar uma entrevista, foi para casa. A esta hora está com os c*** sentados no sofá e vocês aqui à porrada", diz 'Macaco' que pediu autorização à juíza para usar palavrões. Diz ainda que não chegou a ver pessoas à porrada.

Nega também ter feito qualquer ameaça de morte. "Vi só a garrafa de água a voar, isso eu vi. Uma garrafa de plástico que voou de uma bancada para a outra".

Madureira diz que não sabe também nada de não filmarem. "Quem era os fozeiros? Os betinhos da Foz?", pergunta a juíza. "Sim, eram os apoiantes do Villas-Boas", responde o arguido.

"Não me recordo se fiz a credenciação para entrar na assembleia. Estava sempre dentro e fora", acrescenta 'Macaco'.

Fernando Madureira lembra que se entrava na assembleia com pulseiras. Está a descrever como era o espaço e por onde seguiam. Fernando Madureira tenta agora explicar imagem onde parece que faz um gesto para apanhar algo.

"Eu sugeri a uma das meninas que estava a dar as pulseiras se não era melhor distribuirmos pelas filas e ela disse não. Nisto, o Hugo 'Polaco' pega na caixa das pulseiras, eu tirei-lhe as pulseiras", diz.

"Mas depois o 'Polaco' tem pulseiras na mão", afirma a magistrada. "Isso já não sei", diz 'Macaco'. A acusação diz que as pulseiras foram dadas a pessoas que não eram sócias do clube.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 10h46

'Macaco' quer falar em tribunal

Arguidos começam a ser identificados. Fernando Madureira confirma que é conhecido por 'Macaco' e diz que quer falar em tribunal. Sandra Madureira avança que, para já, não quer prestar declarações. Vítor Catão não fala e Hugo 'Polaco' quer falar. 

Vítor Manuel 'Aleixo' diz querer prestar declarações, assim como Fernando Saul.

Carlos Nunes 'Jamaica' não quer falar. Também Vítor Bruno 'Aleixo', filho de Vítor Manuel 'Aleixo', quer falar. Fábio Sousa e José Dias também querem prestar declarações.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 10h22

Começa a sessão. Advogada de Fernando Saul afirma: "Esta acusação envergonharia um jovem caloiro de Direito"

A procuradora do Ministério Público prescinde de fazer exposições introdutórias. Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul, quer fazer exposições. "Esta acusação é terrorismo jurídico. O Ministério Público transforma bagatelas penais numa novela, à qual eu não assistia a dois episódios. É a degradação da Justiça, plasmada numa decisão instrutória que deu continuação a um erro. Esta acusação envergonharia um jovem caloiro de direito", diz a advogada.

“O que é foi definido para colocar em prática? Onde? Quando? Em que circunstâncias? Não há uma escuta, uma mensagem que o prove (o plano). Não há prova”, afirma a advogada.

"O arguido Saul não bateu, o ofendido não sabe que foi agredido e o Ministério Público também não sabe que lesões existem", diz Cristiana Carvalho.

Fala agora Francisco Duarte, que representa Hugo Loureiro. "Os arguidos vão expor as fragilidades da acusação, todas as faltas de diligências durante o inquérito. Demonstraremos que nunca se procurou a descoberta da verdade. É incompreensível que nunca ninguém com responsabilidade da organização do evento tenha sido chamada para ser ouvida", diz Francisco Duarte.

"Não houve um plano criminoso, quanto muito houve um plano de ambas as partes. Houve apenas uma mobilização para mostrar apoio ao então presidente."

Fala agora Adélia Moreira, advogada de José Pereira. "Iremos provar que não existiu coautoria. A acusação está inundada de factos genéricos, não concretizados. Tive dificuldade em identificar os 19 crimes de coação, li várias vezes a acusação e mesmo assim não cheguei lá".

"A acusação tem alguns factos que são considerados ridículos", afirma.

"Vamos provar que a acusação do José Pedro se resume a um facto, não há coautoria. Não há qualquer contacto do José Pedro com os restantes arguidos, nem sequer se conheciam", diz Adélia Moreira. 

Fala agora António Caetano, advogado de Fábio Sousa. "A acusação são meras deduções. O Ministério Público optou pela tarefa de imputar aos arguidos uma panóplia de crimes sem qualquer critério. Como se imputa um crime de arremesso de objeto líquido? Estamos a falar de uma garrafa de água. Meteram tudo e todos no mesmo saco".

"O arguido Fábio não fazia parte de qualquer plano como diz a acusação", recorda.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 10h09

'Macaco' rodeado por guardas prisionais na sala de audiência

Quatro elementos do GISP - Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais - rodeiam 'Macaco' na sala de audiência para que ninguém se aproxime. Madureira está sozinho num banco enquanto Sandra e Catão estão sentados noutro banco, lado a lado.

Juízes entram na sala. Os guardas prisionais tiram as algemas a Fernando Madureira que está de calças pretas, camisola preta e casaco bege. Tem um ar cansado e abatido.

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 09h39

Sandra Madureira também já chegou a tribunal

Sandra Madureira, mulher de 'Macaco', disse à chegada ao tribunal que está tranquila.

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VÍDEO: Wesley Nunes

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 09h25

"Ninguém roubou nada a ninguém": Hugo Polaco diz estar tranquilo com o julgamento da Operação Pretoriano

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VÍDEO: Wesley Nunes

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 09h14

Fernando Madureira, Vítor Catão e Hugo 'Polaco' já chegaram a tribunal

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VÍDEO: Wesley Nunes

Segunda-feira, 17 de março de 2025 às 08h38

Julgamento da 'Operação Pretoriano' começa hoje com forte dispositivo policial

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Publicada originalmente a 17 de março de 2025 às 07:16

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