Fogo matou 64 pessoas e fez mais de 200 feridos.
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Já são conhecidas as identidades de algumas das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, em Leiria, que matou 64 pessoas.
A família Lopes da Costa vivia em Várzea. Na pequena localidade, onde morreram catorze pessoas, o engenheiro reformado da EDP tinha a casa mais faustosa. A mesa estava preparada para o jantar, percebe-se que fugiram à pressa, face à chegada das chamas. Não sabiam que iam encontrar a morte. "Eram nove pessoas que estavam dentro da casa. Eles fugiram a correr, havia aqui três carros à porta", diz ao CM, em lágrimas, Eduardo Augusto, que mora na casa em frente.
"Eu também queria fugir, mas a minha mulher e a minha filha não quiseram. Como não as íamos deixar, eu e o meu filho, ficámos todos. E foi o que nos salvou, ficarmos à espera que o fogo passasse".
Contam os sobreviventes que seriam 20h00 de sábado quando as chamas se alastraram. Falam num furacão ou num tufão, dizem que foi o diabo. Estiveram no inferno e agora choram os amigos que perderam. "O Fausto estava com a mulher, o filho Miguel, a nora e os dois netos. Havia ainda um casal amigo, também com uma criança, que estava na casa. Já está confirmado que ficaram todos presos na Nacional. Devem ter embatido uns nos outros e não conseguiram fugir", diz o vizinho José Rosa.
O mesmo terror foi vivido por outros moradores da aldeia. Também José Maria e São tentaram fugir. "São meus primos. Estávamos em casa, mas a São estava muito nervosa. Eu disse-lhes para não fugirem, mas eles quiseram. Foi horrível, não andaram muitos quilómetros e foram apanhados pelas chamas", recorda o primo José, que também conhecia a família Lopes da Costa e a família Pinhal. "Perdemos 14 dos nossos. É muito duro. Não sei como conseguiremos recuperar. Não só aqui em Várzea, mas em todas as aldeias. Estamos de luto".
Esta quarta-feira, conhecem-se mais pormenores da família de nove que morreu quando tentava fugir ao fogo, deixando a mesa posta para o jantar, na aldeia de Várzeas.
Fausto Lopes da Costa, de 73 anos, e a mulher Lucília Simões, de 70, promoveram a reunião familiar - com os filhos de casamentos anteriores - aproveitando a ‘ponte’ do feriado.
O engenheiro da EDP e a professora, reformados, tinham casa cheia: Miguel, advogado, filho de Fausto, com a sua mulher, Mafalda, arquiteta, e os filhos António, 6 anos (jogava rugby no Belenenses, que está de luto), e Joaquim, de 4; e Fernando Rui, engenheiro filho de Lucília, o filho Luís, de 5 anos, e a mulher. Os nove tentaram fugir ao fogo em três carros.
A família de Lopes da Costa morreu toda presa na estrada da morte. A casa de onde escaparam ficou em pé.
Miguel Lopes da Costa era advogado da Misericórdia da Amadora. A mulher, Mafalda Lacerda, tinha origens em São João das Lampas, Sintra. Fernando Rui Mendes da Silva, de 48 anos, engenheiro civil da Câmara de Castanheira de Pera, morreu ao lado do filho Luís Fernando e da mulher, madrasta do menino. As cerimónias fúnebres das nove vítimas ainda não têm data marcada.
Fausto Lopes da Costa
Lucília Simões, que era casada com o engenheiro reformado
Fernando Rui morreu com o filho e a mulher
Luís Fernando tinha 5 anos
Também António Lopes, e Augusta Ferreira, 88 e 87 anos, morreram abraçados, em casa.
Na segunda-feira, a embaixada de França divulgou um comunicado onde confirma que um cidadão francês morreu no fogo de Pedrógão.
Didia Augusto tinha apenas 58 anos. Cega devido à diabetes, deslocava-se com dificuldade e recusou sair de casa quando o fogo avançava sobre a aldeia de Balsa, no sábado à noite. As chamas entraram no povo e quem não fugiu logo defendeu as casas como pôde até ter de correr pela vida. "Quisemos trazê-la, mas ela recusou", contou ontem a vizinha da frente, Vera David, 33 anos, minutos antes do funeral da mulher. A casa ardeu e Didia foi encontrada sem vida. Na mesma igreja, em Sarzedas de São Pedro, estava outra urna, a de Anabela Carvalho, natural de Sarzedas do Vasco e que também morreu no incêndio. Duas vítimas que levaram centenas a encher a pequena capela.
Luciano Maria Joaquim, 78 anos, entrou no carro e tentou fugir pela estrada. Despistou-se e tentou a pé. Morreu na rua ainda perto de Vila Facaia. Amélia, de 80 anos, a mulher, não ia com ele. Ficou ferida.
Rodrigo, de quatro anos, seguia de carro com o tio Sidnel quando foram surpreendidos pelas chamas.
Afonso Conceição
Mário Carvalho, madeireiro, tentou fugir com o sobrinho Diogo. Foram mortos pelas chamas. O emotivo funeral de Mário foi esta terça-feira, na Graça. "Porquê?", perguntava a viúva. Diogo Carvalho, residia em Pedrógão Grande e trabalhava numa empresa de exploração de madeiras.
Sara Costa, de 35 anos, foi procurada dois dias até ter chegado a confirmação: morreu queimada em casa. Deixa um filho menor, Dinis. O funeral foi esta terça-feira à tarde, em Vila Facaia.
À mesma hora e no mesmo local, foi a sepultar Alzira Costa, de 71 anos, sua familiar, que morreu atropelada a fugir das chamas.
Esteves, 47 anos, fugiu de Pobrais com a vizinha Anabela Araújo, de 38. Morreram no carro, a primeira com todo o ouro que tinha e 30 mil euros.
A família Damâsio perdeu três pessoas. Nélson, António e Eliana Damásio, todos da mesma família, de Castanheira de Pera, estão entre as vítimas mortais. Nélson (na foto abaixo) e António eram irmãos.
António era irmão de Nélson e marido Eliana
Paulo Silva tinha 36 anos. Morreu em Sarzedas de S. Pedro. Na mesma localidade, vários operários da têxtil Albano Morgado morreram ao tentar fugir a pé. Quem se refugiu nas instalações sobreviveu. Fernando Abreu
Maria Cristina Costa
A família de Sacavém desaparecida desde sábado está entre as vítimas mortais. Sérgio Machado e Lígia Sousa passavam férias com os filhos, Martim, de dois anos, e Bianca, de quatro, na Praia das Rocas, um complexo balnear em Castanheira da Pera.
Gonçalo Conceição, de 40 anos, ficou com queimaduras de terceiro grau ao combater o fogo em Pedrogão Grande. O bombeiro de Castanheira de Pêra acabou por morrer esta segunda-feira no Hospital de Coimbra. Gonçalo era casado e deixa um filho.
Também a família de Sara Antunes recebeu a pior notícia possível. A mulher de 33 anos, natural de Sesimbra, tentou fugir ao fogo numa aldeia perto de Figueiró dos Vinhos. Morreu no jardim, juntamente com a sogra.
Da "estrada da morte", são agoras conhecidas mais duas das vítimas. Manuel André Almeida, de 62 anos, e Maria Cipriano, de 59, morreram dentro do carro. O casal de empresários regressava a casa, na Amadora, vindo de um almoço em Góis
São e José Maria Graça são duas das vítimas mortais que já integram a lista da tragédia ocorrida na tarde deste sábado, em Pedrógão Grande, Leiria. O casal, residente na Bobadela, em Loures, estava a passar o fim de semana em Vila Facaia, uma pequena aldeia no concelho de Pedrógão Grande. Acabaram por morrer quando tentavam escapar às chamas, na EN236-1.
Susana Marques Pinhal
Margarida, filha de Susana
Joana, filha de Susana e irmã de Margarida
Felismina Rosa Nunes, de 83 anos, é outra das vítimas mortais do incêndio.
Assim como Anabela Quevedo.
Bianca, de 4 anos e a avó, Odete, morreram junto à aldeia de Nodeirinho. Gina Antunes, de 39 anos, é funcionária da escola de Pedrógão e sobreviveu à tragédia.
Casal Ana Henriques e Ricardo Martins morreram junto do padrasto e da mãe deste (Jaime e Fátima Carvalho)
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