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Artigo exclusivo

Homicida de polícia libertado por atraso da Justiça mata rapper Mota Jr

Apanhou mais de 20 anos de cadeia pela morte de um agente da PSP reformado. Foi libertado, matou novamente.

12 de novembro de 2020 às 01:30

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Rapper Mota Jr
Rapper Mota Jr Direitos Reservados
Morte de rapper Mota Jr abre guerra entre grupos
Morte de rapper Mota Jr abre guerra entre grupos CMTV
Mota JR
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Eduardo Paixão tinha 65 anos quando foi assassinado. Tentava defender a mulher, assaltada por dois jovens armados. Júnior e o amigo estavam encapuzados e aproveitaram a hora do fecho do minimercado da Amadora. Era véspera de Ano Novo e ainda havia clientes no estabelecimento. Armados, os jovens fizeram um disparo de intimidação. Júnior empunhou a arma contra Alzira, mulher de Eduardo Paixão, e obrigou-a a abrir a caixa registadora.

O ex-agente da PSP reformado, que tinha a sua arma no coldre, não hesitou. Tentou chegar à pistola, foi demasiado lento. Levou um tiro de Júnior que o matou de imediato. E que antes de fugir ainda teve o sangue frio de levar o que pretendia - 750 euros que estavam na caixa registadora.

Residente na Cova da Moura, foi esse o seu primeiro lugar de fuga, no último dia de 2015. Tal como agora, onde se voltou a esconder, durante seis meses, após o corpo de Mota Jr ter sido encontrado.

Sabia que a Judiciária o procurava, mas tinha uma rede de apoio que se mantinha. E que lhe permitia saltar de poiso em poiso, sempre que a PJ se aproximava.

Esta quarta-feira, acabou a fuga. Foi preso pelos inspetores, numa megaoperação que teve ainda mais nove buscas a casas. Eram muitos os locais a procurar, mas Júnior não conseguiu fugir. Foi indiciado por homicídio e rapto do rapper e vai ser esta quinta-feira ouvido em tribunal. Tem agora 26 anos, mas, tal como em 2015, matou para conseguir roubar.

Venderam ouro por dois mil euros

Ainda o corpo de Mota Jr não tinha aparecido e já a PJ sabia que se tratava de um homicídio. As provas eram muitas: o sangue encontrado no pátio da casa mostrava o ataque violento; o rapper nunca mais tinha dado sinais de vida; o proprietário de uma casa de penhores confirmou que comprou por dois mil euros o ouro que o jovem usava no dia em que foi assaltado.

Três dos suspeitos, sabia também a PJ, tinham saído do País a 19 de março. Mas só dois deles tinham estado no assalto, o terceiro apenas conduzia o carro. Faltava apanhar um dos assaltantes, que embora tivesse apenas 26 anos era considerado muito perigoso.

Sabem agora as autoridades que a morte de Mota Jr foi muito violenta. O corpo foi encontrado na serra da Arrábida e mostrava sinais de tortura. David Mota pode ter morrido pouco depois do assalto e o seu corpo foi abandonado num local de difícil acesso, de forma a poder ser comido por animais. O que efetivamente aconteceu e dificultou a descoberta dos restos mortais.

Estava à espera de um recurso

Júnior saiu em liberdade enquanto esperava pela decisão do Tribunal da Relação de Lisboa. Ainda que condenado, mantinha-se em prisão preventiva, por a decisão não ter transitado em julgado. As duas penas podem agora acumular e ser superiores aos 25 anos.

Edi Barreiros foi preso ao chegar ao aeroporto

Edi Barreiros, o primeiro suspeito a ser apanhado, ficou em Manchester durante mais de dois meses, mas a descoberta do corpo do rapper Mota Jr precipitou tudo. O jovem fugiu para Londres e tentou depois viajar para o Porto. Não sabia que havia mandados pendentes, foi apanhado ainda no aeroporto. A detenção de Edi Barreiros foi feita pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do Porto e o suspeito depois entregue à Polícia Judiciária.

Confinamento ajudou na fuga

Mota Jr foi sequestrado na madrugada de 15 de março e dois dos três atacantes - havia um quarto homem num carro no exterior do prédio - saíram do País na semana seguinte. O móbil do crime foi o roubo das joias e dinheiro do rapper, de 28 anos, que tinha por hábito ostentar os luxos nas redes sociais. O plano era roubar Mota Júnior e torturá-lo caso resistisse, o que efetivamente aconteceu. O confinamento acabou por ‘ajudar’ os assaltantes, que conseguiram manter-se escondidos até o corpo aparecer.

Aproveitaram quando família foi à PJ

O grupo voltou ao local do crime horas depois, numa altura em que a mãe e irmã do cantor estavam a prestar depoimento na PJ. Tinham as chaves de casa e sabiam onde estavam guardados os bens. O assalto foi cirúrgico, sabiam o que procuravam.

Amiga não pediu ajuda porque teve medo

A amiga de Mota Jr que estava com ele na noite de 15 de março, quando foi atacado, foi ouvida como testemunha pela PJ. Contou que os atacantes a mandaram embora e ela, com medo, não chamou a polícia. Não reconheceu os homicidas.

PORMENORES

Devorado por javalis

David Mota, conhecido por Mota Jr no mundo da música, terá sido torturado até à morte e devorado por javalis. O corpo estava muito decomposto.

Porta de casa

Mota Jr foi atacado à entrada de casa, a 15 de março, em São Marcos, Sintra. Estava com uma amiga que inicialmente foi considerada suspeita, por ter fugido do local.

Disse que ia entregar-se

Edi Barreiros ainda alegou em tribunal que veio para Portugal porque se queria entregar à Justiça. A explicação não foi aceite. Está agora em prisão preventiva, tal como os restantes arguidos.

Valor desconhecido

O valor que foi roubado do cofre de Mota Jr é desconhecido. Ninguém sabe exatamente quanto estava no local e a família admite que a vítima tenha revelado a existência do cofre quando foi torturada. Mas também não sabe o montante que o jovem guardava.

Também é arguido

O dono da casa de penhores que comprou as peças em ouro foi constituído arguido por recetação, mas garante que não sabia que se tratavam de artigos roubados. A Polícia Judiciária defende que não está envolvido no homicídio. Apenas os quatro já detidos.

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