Calor e vento não dão tréguas. Aldeias evacuadas, uma casa ardida, vinte pessoas feridas e um carro de combate a incêndios destruído pelas chamas. Quase quatro mil bombeiros no combate aos fogos rurais.
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Ao início da noite de terça-feira, eram duas dezenas os incêndios que preocupavam os bombeiros, com destaque para Arouca, o maior de todos, que alastrou para os concelhos de Cinfães e Castelo de Paiva, o de Ponte da Barca, que entrou em força no Parque Nacional da Peneda-Gerês, o de Penamacor, o de Nisa, que obrigou à retirada dos moradores das aldeias de Vinagra e Pé da Serra, e o de Alcanede, em Santarém, onde ardeu uma casa e uma unidade pecuária e onde uma aldeia, Vale do Sopo, também foi evacuada.
Lavraram também com grande força as chamas em Capela, Penafiel, que, ao passarem para Melres, Gondomar, destruíram um carro de combate a incêndios dos bombeiros locais, e em Rebordões, no concelho de Ponte de Lima.
Chegaram a estar no terreno mais de 3900 bombeiros, apoiados por cerca de 1300 viaturas e 38 aeronaves, meios significativos, mas insuficientes perante o número de fogos e a violência das chamas, intensificada pelo calor e pelo vento.
“Nunca pensei que o fogo chegasse a esta zona, Começou em Arouca, deu a volta e está com muita força. Estamos preocupados com as nossas casas”, disse ao CM Manuel Vieira, morador em Carvalhais, Cinfães.
Em Ponte da Barca, perto da aldeia de Ermida, uma equipa de sapadores florestais foi surpreendida pelo avanço rápido das chamas, mas conseguiu deslocar-se para lugar seguro.
Foi também neste incêndio, que lavra já desde sábado à noite, que dois bombeiros e dois sapadores florestais sofreram ferimentos ligeiros e foram levados ao hospital.
“Têm sido dias muito difíceis porque, devido ao vento, o fogo surge de todos os lados”, disse Silvério Lopes, morador em Lourido.
Segundo a Proteção Civil, em todo o País, vinte pessoas, entre as quais 14 bombeiros, um militar da GNR, dois elementos da Afocelca e três civis tiveram de ser assistidos.
“Este fogo semeou miséria” em Penamacor
Bemposta, Aldeia do Bispo, João Pires, Medelim. Aldeias que ontem estiveram no caminho do grande fogo que lavra desde segunda-feira em Penamacor e que chegou a ser combatido por mais de 400 operacionais. Arderam barracões, alfaias, sobreiros, olival e pasto. Um fogo de propagação rápida que foi controlado, mas contou com fortes reacendimentos ao longo do dia.
“Passei a noite a controlar o fogo. Deitei água em tudo o que pude e ainda salvei 20 ovelhas que estavam num barracão com chamas muito perto”, contou terça-feira ao CM Alberto Pires, morador de Bemposta. Mário Marques, eletricista, relatou que arderam “culturas de sobreiro, olival e ainda palha”, numa zona que conhece “muito bem”. “Foi um verdadeiro inferno que se viveu aqui”, lamentou.
O corticeiro Manuel Santos, de Aldeia do Bispo, afirmou que a cortiça ardida “tem de ser retirada”. “Depois é esperar entre 8 a 9 anos por nova cortiça. Muitas pessoas vão perder a fonte de rendimento. Este fogo semeou miséria”, assegura.
Este incêndio foi propagado por rajadas muito fortes de vento: “favoreceram a progressão do incêndio de uma forma estrondosa, como se viu”, sustentou José Neves, da Proteção Civil. A cabeça de incêndio seguia em direção a Proença-a-Velha.
Ministra criticada por afirmar que número de meios aéreos é irrelevante
A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, defendeu terça-feira, à saída de uma reunião na Proteção Civil, que é irrelevante o número de meios aéreos uma vez que o que está a causar “dificuldade aos operacionais” nos fogos em curso são as características do terreno. “A complexidade das operações e do combate é tal que não ajuda nada estar a saber quantos meios aéreos temos, se faltam muitos, se não faltam muitos. E, de facto, não faltam”, acrescentou.
Fonte dos bombeiros assinalou ao CM a “incongruência” destas declarações, uma vez que os meios aéreos são “ainda mais importantes” quando os bombeiros não conseguem aceder às frentes de fogo. “São a única forma de chegar ao fogo. Não se compreendem estas afirmações, ainda para mais logo após ter reunido com quem a deve informar corretamente”, afirma a mesma fonte.
“Os meios aéreos, em complemento com os meios terrestres, é que são, no fundo, a chave para conseguir e para ter sucesso no combate ao incêndio”, disse Mário Silvestre, comandante nacional da Proteção Civil.
Dos 79 meios aéreos previstos, faltam cinco que tiveram os contratos desertos. Dois devem estar no terreno em breve; os restantes três não ficarão de todo disponíveis. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, que esteve na mesma reunião, admitiu que a situação dos incêndios é complexa e apelou aos portugueses para que sigam as instruções das autoridades.
E TAMBÉM
Área ardida duplica em dois dias
Entre domingo e o final da tarde de terça-feira ardeu mais área (cerca de 15 mil hectares) quanto em todo o ano desde janeiro. De acordo com dados do ICNF, entre 1 de janeiro e a tarde de ontem arderam pelo menos 22428 hectares, em resultado de 4455 ocorrências. 45% são floresta; 40% mato; e 15% agrícola.
Fogos de madrugada
Na madrugada e início da manhã de terça-feira (01h00 e as 08h00) tiveram início 41 novas ocorrências de incêndios rurais, destacou a Proteção Civil.
Menor detida em Ílhavo
A GNR de Ílhavo deteve terça-feira em flagrante uma jovem de 16 anos pelo crime de incêndio florestal, naquele concelho. Os militares acorreram a um foco de incêndio e identificaram a suspeita a queimar artigos de vestuário nas imediações.
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