Ainda não eram nove da manhã, e a Avenida José Malhoa, em Lisboa, onde fica situada a Mesquita Central de Lisboa, já via chegar os primeiros muçulmanos. A reunião nacional do movimento fundamentalista islâmico Tabligh Davah recebe entre ontem e domingo centenas de pessoas de todo o Mundo. Os ‘ministros do culto’ – como são apelidados os representantes estrangeiros do movimento – vêm de vários países como o Paquistão, Índia, Bangladesh e Reino Unido, e eram, ontem de manhã, esperados.
A transnacionalidade do grupo e o facto de poderem estar infiltrados no congresso – onde é interdita a entrada a mulheres – indivíduos extremistas colocou o País sob alerta antiterrorista.
Por razões de segurança e prevenção, a PJ e o Serviço de Informações e Segurança (SIS) têm a mesquita na mira e as movimentações destes muçulmanos debaixo de olho, ao longo deste fim-de-semana. Mas no local – curiosamente a poucas centenas de metros da sede do departamento da PJ que investiga o terrorismo –, não se vê qualquer aparato policial.
Os poucos tablighis que ontem tinham chegado à mesquita faziam notar-se pela diferença. As longas túnicas brancas que vestem e as barbas compridas distinguem--nos dos demais muçulmanos. Afirmam-se tradicionalistas e primam pela discrição, ainda que sejam muitas vezes apelidados de ‘extremistas radicais’.
A missão que trazem a Portugal, onde também existem tablighis residentes, faz deles uma espécie de gurus do islamismo. A sua função é andar de mesquita em mesquita, pelo Mundo fora, a espalhar a fé e a relembrar os princípios e tradição da religião islâmica citando passagens do Alcorão.
O encontro só teve início pelas 14h00. A manhã serviu para receber alguns dos 40 000 muçulmanos que se estimam residirem em Portugal e para preparar o almoço. Ontem, serviu-se frango assado, carne picada e jardineira aos convidados.
Os primeiros tablighis terão começado a estabelecer-se em Portugal quase há trinta anos. Mas só se começaram a organizar em grupo e a desenvolver actividades visíveis – como a realização destes congressos – em 1981.
DISCURSO DIRECTO (Esmael Loonat, representante do Tabligh Davah)
"MINISTROS SÃO BISPOS MUÇULMANOS"
Correio da Manhã – O quesignificaTabligh Davah ?
Esmael Loonat – Significa chamar para o convite. Em termosgerais,oDavah (convite)queestamos difundindo neste encontro religioso é a mãe de todas asacções(oraçõesque nos aproximam do divino) do Islão. Esta é a nossa missão.
– Quem são os ‘Ministros de Culto’?
Os convidados estrangeiros que vêm falar neste encontro nacional e, que fique claro, estão devidamente autorizados para estar no País, como é do conhecimento das autoridades, são – em termos de hierarquia – os‘ministrosdeculto’. São,comparandocoma Igreja Católica, os bispos muçulmanos.
– Estes encontros religiosos acontecem com frequência?
– Sim, com a frequência que consideramos necessária. Mas já acontece há vários anos e têm sempre o objectivo de difundir, na linha de orientação divina, a mensagem divina que cessou com o profeta Muhammad e que esta possa chegar dentro dos mesmos patamares da mensagem proferida pelos profetas. É neste contextoqueosmuçulmanos estão pregando para cimentaressaféeosvalores consagrados.
À MARGEM
A ORIGEM DO GRUPO
O movimento fundamentalista islâmico Tabligh Davah (que significa grupo que propaga a fé) foi fundado em 1920 na província de Mewat, na Índia, por Maulana Muhammad. Os tablighis são uma espécie de missionários que divulgam os princípios da fé aos muçulmanos. Em Portugal, o movimento está representado desde 1979.
INFILTRADOS
As autoridades policiais estudam o movimento de perto porque há suspeitas da existência de indivíduos radicais que se infiltram nos congressos e aproveitam estes encontros para estudar o ambiente e recrutar elementos para concretizar actividades radicais.
LOCAIS DE CULTO
Em Portugal, há pelo menos 32 locais de culto oficiais espalhados em várias localidades. Lisboa, Laranjeiro, Palmela, Leiria, Coimbra, Porto, Portimão e Funchal são apenas alguns dos lugares dedicados ao culto da religião islâmica, onde homens e mulheres rezam o Tasbi, o equivalente ao terço cristão.
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