Ministério Público instaurou inquérito para apurar falhas.
O Ministério Público (MP) está a investigar as circunstâncias em que ocorreu o naufrágio do ‘Olívia Ribau’, na Figueira da Foz, nomeadamente se houve falhas na prestação de socorro. Ontem, nas operações de resgate, foi encontrado o corpo de Américo Tarralheiro dentro do barco. Até agora estão confirmados quatro mortos e um pescador, Adriano Cambóia, continua desaparecido. Apenas dois tripulantes foram resgatados com vida.
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Fonte judicial confirmou ao CM que já foi instaurado um inquérito para apurar se terá havido ou não responsabilidade das instituições neste desfecho trágico. A par da investigação do MP, os familiares de um dos pescadores também já anunciaram que vão recorrer aos tribunais. Vítor Gaspar, advogado que representa a família de Adriano Cambóia, disse que vai apresentar queixa por eventual omissão de auxílio e mover uma ação administrativa para responsabilizar "a atuação das instituições".
A atuação dos meios de socorro tem sido fortemente criticada. Ontem, a Autoridade Marítima reafirmava em comunicado que "as decisões tomadas foram inequivocamente as mais adequadas face a todos os fatores presentes". O comunicado alerta para a necessidade de "implementação de uma cultura de segurança, que aumente as probabilidades de sucesso em emergências desta natureza", responsabilizando assim os próprios pescadores por não adotarem as necessárias medidas.
À cabeça da lista dos "exemplos negativos da falta desta cultura está "a não utilização de coletes pelos tripulantes em momentos de risco elevado, que diminui as probabilidades de sobrevivência na água não dando tempo para que o resgate se efetue". Outro exemplo referido é a entrada numa barra condicionada com o material desarrumado e sem estar preso, provocando instabilidade e a sua libertação à volta do barco, o que impossibilita "a chegada do socorro por via marítima". Por último, "a decisão de operar em situações limite de alto risco, em oposição a esperar melhores condições tem sido também recorrente".
Ontem a embarcação foi rebocada para o rio e os mergulhadores encontraram, ao início da noite, o corpo de Américo Tarralheiro, nos aposentos do barco.
Família e amigos seguem buscas
Encontrado corpo em arrastão naufragado
Os familiares e amigos dos pescadores acompanharam ontem, pelo terceiro dia consecutivo, as buscas das autoridades para localizar Adriano Cambóia e Américo Tarralheiro. Só ao início da noite foi encontrado o corpo de Américo. Estava preso nos aposentos da embarcação. A remoção demorou uma hora.
"Barra é ratoeira para os pescadores"
Nos últimos quatro anos registaram-se três acidentes graves, com vítimas mortais, à entrada da barra da Figueira da Foz. Os pescadores apontam o dedo às obras ali realizadas. "Aquela barra ficou mais perigosa depois do aumento do cais. Temos mais areia e a navegação é muito mais arriscada", refere José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
"Está na altura de questionar porque é que há tantos naufrágios", afirma, revoltado, Alexandre Carvalho, pescador na Figueira da Foz. "A barra transformou-se numa ratoeira para os pescadores", refere. Com o aumento do cais, explica, "os barcos têm de entrar ou sair da barra atravessados, não há segurança". Segundo José Festas, na altura em que foram realizadas as obras, a associação que representa alertou os responsáveis para o problema, mas sem sucesso: "Nós tentámos impedir que a barra fosse feita assim. Avisámos que ia matar muita gente".
"Estações com um elemento"
O Sindicato dos Trabalhadores das Administrações Portuárias revelou ontem que há estações de salva-vidas "com um só elemento" quando deveriam ter seis. No País há 60 tripulantes dos salva-vidas, mas a lei prevê 130, diz o comunicado. Nuno Leitão, porta-voz da Autoridade Marítima, confirma que existem 60, mas recusa comentar o comunicado. Serafim Gomes, do Sindicato, diz que na Figueira da Foz só foi usada a moto de água porque não havia pessoal para tripular os salva-vidas.
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