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Prisão preventiva para suspeito de liderar rede criminosa transnacional de branqueamento

Montantes provenientes de origem criminosa eram transferidos para contas correspondentes domiciliadas em países europeus terceiros.

15 de dezembro de 2025 às 14:13

O alegado líder da organização criminosa transnacional de branqueamento de capitais e de evasão fiscal, com epicentro na zona industrial da Varziela, em Vila do Conde, e desmantelada quarta-feira pela Polícia Judiciária (PJ), ficou em prisão preventiva.

Em comunicado, a PJ diz que "o cidadão estrangeiro ficou em prisão preventiva", depois de presente a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, acrescentando dos outros detidos na operação "Cash-a-lot", um ficou sujeito à medida de coação de obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica, enquanto três saíram em liberdade, mas com proibição de contactar entre si.

Num outro comunicado divulgado na semana passada, a PJ anunciara a detenção de sete pessoas e a constituição de 45 arguidos durante a operação, sublinhando que esta rede criminosa utilizava o sistema bancário nacional para sustentar o processo de branqueamento.

"Procedimento alicerçado na criação sucessiva de sociedades e contas bancárias tituladas pelas mesmas, por onde fluem as vantagens na sua maioria provenientes da prática do 'Trade Based Money Laundering' (processo para disfarçar lucros de atividades ilícitas como se fossem fundos legítimos, utilizando transações de comércio internacional para ocultar a origem do dinheiro)", explicou a PJ.

Os montantes provenientes de origem criminosa, depositados continuamente nas contas bancárias criadas para o efeito, eram depois, segundo a investigação, transferidos para contas correspondentes domiciliadas em países europeus terceiros.

"No espaço de 24 meses, a investigação apurou a existência de depósitos em numerário no montante superior a 141 milhões de euros, num total movimentado, através das 'conta veículo' de 209 milhões de euros", referiu esta força de investigação criminal.

Fonte policial adiantou à agência Lusa, na semana passada, que a operação contemplou buscas na zona industrial da Varziela, que acolhe muitos armazéns e uma grande concentração de comerciantes chineses radicados em Vila do Conde, distrito do Porto, que se dedicam à importação e revenda de vários produtos, funcionando também como um grande entreposto comercial.

No âmbito da operação "Cash-a-lot", além de Vila do Conde, as autoridades realizaram buscas também nos municípios de Espinho, de Paredes, da Póvoa de Varzim, do Porto, de Valongo, em Vila Nova de Gaia e em Vila Franca de Xira.

A PJ deu cumprimento a 67 mandados de busca, pela presumível prática dos crimes de associação criminosa, branqueamento, fraude fiscal e falsificação de documentos, alegadamente "praticados por uma organização de caráter transnacional, controlada por cidadãos nacionais e estrangeiros".

"No decurso da operação policial, foram apreendidas/alvo de arresto, em cumprimento de ordem judicial, através do Gabinete de Recuperação de Ativos na PJ/Norte, seis imóveis urbanos, nove viaturas de alta gama, 74 contas bancárias controladas pelos suspeitos em território nacional e saldos de contas bancárias domiciliadas em 11 países europeus, num total de 67 contas bancárias", disse ainda a PJ.

As autoridades apreenderam ainda cerca de 300 mil euros em numerário, documentação diversa relativa à prática dos factos, material informático, cartões bancários e de telecomunicações, documentação falsa e armas de fogo.

O inquérito corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto.

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