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Protesto com agressões

Nove elementos da Quercus e da Greenpeace foram detidos pela GNR, depois de terem bloqueado a entrada da Vicaima, fábrica de madeiras em Vale de Cambra, durante toda a manhã de ontem.

30 de março de 2005 às 00:00

A medida foi tomada como forma de protesto à importação ilegal de madeira, oriunda da Amazónia, e irritou os administradores que agrediram um porta-voz da Quercus e um repórter da SIC e que já declararam que vão avançar com um pedido de indemnização na ordem dos 10 milhões de euros.

Ao meio-dia, depois de cinco horas de bloqueio, os activistas entregaram-se à GNR que os deteve por invasão de propriedade privada. Os indivíduos ainda foram ouvidos em tribunal, mas a audiência foi suspensa por falta de documentos. Os arguidos ficaram com Termo de Identidade e Residência até à próxima sessão marcada para 14 de Abril. Quanto aos administradores, acusados de agressão, não foram presentes ao juiz porque, segundo a GNR, “a agressão não foi presenciada em flagrante”.

“Temos fortes indícios de que a Vicaima usa madeiras exóticas ilegais. Quem a importa é a Madeiporto que depois fornece a Vicaima. Como as duas empresas pertencem ao mesmo grupo a responsabilidade do acto criminoso é de ambas”, informa o representante da Quercus, Domingos Patacho, que alega que há guias que são forjadas para introduzir as madeiras ilegais em solo português.

A Quercus explica que a ilegalidade se prende com a quantidade de abates que não assegura a “sustentabilidade do ecossistema florestal”. “O abate deve ser feito de forma selectiva, mesmo que isso encareça o preço da madeira”, explica e diz que em 2003 a área desflorestada no Brasil rondou os 23 mil quilómetros quadrados, ou seja um terço da área de Portugal.

“Com o Sistema de Certificação da Floresta (FSI) queremos criar legislação comunitária que impeça a importação ilegal de madeira mas também aumentar a fiscalização nos países de origem”, continua.

O director de produção da Vicaima aceitou ouvir as reclamações dos ambientalistas, mas a administração recusou-se a recebê-los por “não aceitar pressões”.

O administrador Arlindo Costa Leite refutou as acusações que lhe são dirigidas e afirma que “a Vicaima e a Madeiporto se pautam pela legalidade e que estão numa fase avançada do processo de certificação da FSI”. “Além disso vamos pedir à Quercus uma indemnização de 10 milhões de euros que corresponde aos prejuízos resultantes do protesto”, avança.

Álvaro e Arlindo Costa Leite (pai e filho), administradores da Vicaima chegaram a partir para a violência, agredindo um repórter e Luís Galrão, membro da Quercus, que aproveitaram a presença da GNR no local para apresentar queixa, usando como prova as imagens gravadas pelos canais de televisão.

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