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PSD pede explicações sobre doentes de Psiquiatria nos Hospitais de Coimbra

Presidente do Conselho de Administração do CHUC refutou as acusações da Ordem dos Médicos do Centro.

10 de julho de 2019 às 12:08

O grupo parlamentar do PSD pediu explicações ao Governo sobre as condições de internamento de doentes com problemas psiquiátricos graves no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foi hoje anunciado.

A iniciativa dos sociais-democratas surge depois da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) ter denunciado, na segunda-feira, o que diz ser a "realidade desumana" dos doentes de psiquiatria do CHUC ao nível da higiene e alimentação por falta de condições de internamento.

Numa ação parlamentar, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os deputados Adão Silva, Ricardo Baptista Leite, Fátima Ramos e Luís Vales questionaram, por escrito, a ministra da Saúde sobre "desde quando se verifica e se tem o Governo conhecimento" da situação.

"Que medidas tomou já o Governo para assegurar adequadas condições de internamento e de alimentação aos referidos doentes?", pergunta o PSD, que pretende ainda saber "com que data ou datas se compromete o Governo, nos três meses que restam para o termo da atual Legislatura, para a efetividade das medidas eventualmente já tomadas para assegurar condições mínimas de dignidade para os doentes em questão".

Em nota enviada à agência Lusa na segunda-feira, Carlos Cortes, presidente da SRCOM, acusou o CHUC de desvalorizar a saúde mental, argumentando que os doentes "passam vários dias na urgência" por não existirem condições de internamento e que "apenas comem bolachas, sopa e leite ou sumos".

"Há inclusivamente doentes com critérios para internamento compulsivo e que permanecem vários dias no serviço de urgência" e outros, internados noutras enfermarias, "sem os devidos cuidados especializados".

Os doentes "passam dias a fio com dificuldades em satisfazer as suas necessidades básicas de higiene e alimentação, já que não existem condições para os internar".

A denúncia tem por base um documento, dirigido, "face à gravidade da situação", à administração do CHUC, por cerca de 40 médicos do serviço de Psiquiatria, onde são enunciadas "as carências e as deficiências" existentes, nomeadamente relacionadas com a falta de vagas de internamento e com o perigo que aqueles doentes correm na urgência, onde ficam "mais vulneráveis" e desenvolvem complicações orgânicas com infeções hospitalares.

No entender do PSD, "esta é uma situação que, além de lamentável, se torna totalmente inaceitável na medida em que põe em causa a dignidade e a assistência aos referidos doentes, assim como a qualidade dos cuidados de saúde especializados que lhes são prestados".

O presidente do Conselho de Administração do CHUC refutou as acusações da Ordem dos Médicos do Centro e de psiquiatras da instituição sobre a existência de doentes psiquiátricos maltratados.

Em declarações à agência Lusa, Fernando Regateiro rejeitou as críticas e frisou que "só muito excecionalmente" os doentes ficam mais de 24 horas no serviço de urgência e que essas situações, "raras e excecionais, são menos do que os dedos de uma mão".

"Essas descrições [dos críticos] não correspondem à realidade", assegurou Fernando Regateiro, adiantando que quem está no serviço de urgência "é porque tem de lá estar".

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