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“Rajada de vento e fogo atingiu a minha mulher”

Glória Correia, de 76 anos, sofreu queimaduras graves quando tentava salvar a casa, em Alferce, com o neto.

13 de agosto de 2018 às 01:30

Lágrimas, dor, revolta e milhões de euros de prejuízo numa paisagem que antes era verde e agora é negra. Na serra de Monchique, o inferno das chamas andou à solta e causou 41 feridos. Uma mulher de 76 anos foi a única a ficar ferida com gravidade, quando salvava a casa do fogo, no Alto de Baixo, junto à localidade de Alferce.

"Ela estava com o neto, com uma mangueira, a tentar apagar as chamas. Mas veio uma rajada de vento e fogo e ela foi apanhada mesmo à porta de casa, que não conseguiu abrir com a aflição. Ficou com queimaduras na cara, braços e numa perna", revelou ao CM o marido, Diogo Correia, de 80 anos, com quem a vítima está casada há 57. Glória Correia está hospitalizada em Lisboa e o marido diz que ela "já está melhor".

A violência das chamas obrigou à retirada de centenas de pessoas das suas casas e outras fugiram pelos seus próprios meios. Na Quinta das Hortênsias, nas Caldas de Monchique, uma família teve de fugir já debaixo de fogo. Um anexo da casa principal sofreu danos avultados. Os carros da família arderam todos, bem como os animais e a horta.

"Foi um grande susto. As chamas vieram de repente, como um tornado e passaram por cima da casa. Num instante, ardeu tudo aqui à volta. O fogo matou mais de 100 animais, destruiu os carros e o trator e danificou a horta e parte da casa", revelaram ao CM os moradores, José e Inácia Baiona, de 64 e 62 anos.

607 operacionais ainda continuam em prevenção  

O incêndio ainda não foi dado como extinto e ontem à noite continuavam no terreno 607 operacionais, apoiados por 181 viaturas. Estavam ainda dois meios aéreos em prontidão para o caso de existirem reacendimentos.

"Bombeiros são a coluna vertebral"

O ministro da Administração Interna considerou ontem que "os bombeiros são a coluna vertebral do sistema de Proteção Civil em Portugal" e demonstraram "toda a sua coragem, entrega e capacidade de superação para defender pessoas e bens".

Incêndio assustou populações da Sertã 

As populações das aldeias de Figueiredo e Survel, no concelho da Sertã, viveram ontem momentos de pânico depois de um incêndio florestal atingir a zona. As chamas deflagraram ao início da tarde junto à povoação de Figueiredo, mas rapidamente progrediram e aproximaram-se das restantes aldeias. 

"Temos medo. Estamos sempre com o coração nas mãos", conta uma moradora. O vento intenso, com mudanças repentinas de direção, dificultou o combate. Após quatro horas, o incêndio foi dominado. Nas operações estiveram envolvidos nove meios aéreos e mais de 250 operacionais.

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