A edição de hoje
Jovem descreveu às autoridades ter visto Mateus Marley Machado "com a faca na mão", a correr em direção ao local onde Manuel Gonçalves foi brutalmente esfaqueado.
Estava no carro a fazer companhia a uma amiga que se tinha sentido mal no interior do Bar Académico de Braga (BA), na noite em que 'Manu' foi assassinado. Esta testemunha, ouvida durante a investigação à morte do jovem Manuel Gonçalves, de 19 anos, na madrugada do dia 12 de abril, em Braga, contou ter visto Mateus Marley Machado, que está em prisão preventiva e já acusado de homicídio, "a surgir do seu lado direito", que já vinha com "a faca na mão, levantada para cima" e a dizer aos gritos: "já lhe tirei a faca e agora o que ele vai fazer? Ele não vai fazer nada". Descreve que viu depois Marley correr na direção do jovem que estava junto ao BA, "a trocar a faca de mão algumas vezes" e que "quase de imediato" vê o Marley a sair a correr daquele sítio, mas desta vez "não trazia nada nas mãos".
A jovem referiu no depoimento que o suspeito do homicídio de 'Manu' a viu, ao passar pelo carro onde estava, e que, horas depois, já pelas 08h55, Mateus Marley Machado lhe telefonou. A jovem não atendeu, mas ainda nessa manhã recebeu mensagens do brasileiro, que confirmava que a tinha visto. As mensagens e tentativas de contacto foram anexadas ao processo.
No depoimento que prestou à Polícia Judiciária de Braga, a jovem descreveu que a confusão à porta do BA se gerou pelas 05h00 da madrugada do dia 12 de abril. Que viu um jovem ser violentamente agredido. Repetiu várias vezes que este jovem "não trazia nada nas mãos".
Testemunha viu 'Manu' ser pontapeado até desmaiar
Diz que se gerou uma confusão mesmo em frente ao carro onde estava. Viu que estava um rapaz no chão e cerca de quatro rapazes a bater-lhe, "com chutos e pontapés. Julgo que até lhe deram um pontapé na cabeça, porque acho que houve um momento em que acho que ele desmaiou". O jovem que seria 'Manu', foi retirado por amigos para outro lado da rua, quando surgiu Marley, que a testemunha não teve dúvidas em identificar. "Dava para perceber que o Marley estava ali porque ele é alto e via-se", sublinhou a jovem.
'Manu' foi morto com três facadas
O Ministério Público acusou Mateus Marley Machado de ter assassinado Manuel Gonçalves com três facadas: na axila direita e na clavícula e braço esquerdos. No primeiro interrogatório judicial a que foi sujeito uma semana após o homicídio, no Tribunal de Guimarães, o brasileiro de 27 anos, já cadastrado por crimes violentos, não assume as três facadas. Num interrogatório longo, Marley diz que viu um dos amigos de 'Manu' com uma faca, a tentar esfaquear um amigo e que, na luta, a faca caiu ao chão. Alega que agarrou a faca, quando viu 'Manu' correr na sua direção, mas que não se recorda de o ter atingido.
Canta para a namorada ao telefone
Nas transcrições das escutas telefónicas entre o arguido e a namorada, é referido várias vezes, por ambos, que vão manter a tese de "legítima defesa". Marley chega a dizer, numa conversa telefónica mantida no dia 25 de abril com a namorada, que a legítima defesa "dá uma pena de dez anos, no máximo".
Nessa mesma conversa, Marley canta para a namorada uma música que escreveu já na cadeia, onde diz, entre juras de amor, "me perdoa por ter que te machucar, por todas as vezes que eu agi sem pensar".
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