João Carreira foi detido em fevereiro pela Polícia Judiciária.
O julgamento do jovem de 19 anos suspeito de planear um ataque terrorista à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa começa esta terça-feira no Campus da Justiça, depois de ter sido detido em fevereiro pela Polícia Judiciária (PJ).
João Carreira foi acusado em julho pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de terrorismo, um dos quais na forma tentada, e de um crime de detenção de arma proibida.
Ficou em prisão preventiva desde 11 de fevereiro de 2022, tendo a medida de coação sido substituída por internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias, com o MP a alegar "forte perigo de continuação da atividade criminosa e um intenso perigo de perturbação da tranquilidade e da ordem públicas".
A detenção do jovem ocorreu no dia 10 de fevereiro, após indicação do FBI (que surgiu a partir de uma denúncia de um utilizador) e na véspera da data que tinha definido para levar a cabo o ataque ao estabelecimento de ensino superior que frequentava.
Além de armas proibidas - entre as quais uma besta e várias facas - foram apreendidos outros artigos, "suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos" e vasta documentação, "além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear", segundo a nota divulgada então pela PJ.
De acordo com a acusação do MP, João Carreira começou a mostrar interesse pelo fenómeno dos assassínios em massa em 2012, com apenas 9 anos, que se viria a desenvolver a partir de 2018, com 14/15 anos, para "um fascínio e uma obsessão" por este tipo de conteúdos, consumindo de forma "compulsiva" através de redes sociais, aplicações e fóruns 'online', nomeadamente, Discord, Reddit e Tumblr.
"O fascínio e a obsessão do arguido João Carreira por estas temáticas criou no mesmo, desde pelo menos final de setembro de 2021, uma vontade profunda de replicar e copiar tais atos violentos, executar um ataque/assassinato em massa e de suicidar-se ou vir a ser morto em seguida", considerou a procuradora Felismina Carvalho Franco no despacho de acusação, que sublinhou que o ataque só não ocorreu graças à intervenção atempada das autoridades.
Referindo que "os objetivos de matar indiscriminadamente várias pessoas e espalhar o terror na comunidade escolar" por parte do jovem, o MP relatou que o estudante universitário também denotava ressentimento por ter sido associado a suspeitas de plágio num trabalho académico e que isso terá reforçado o quadro psicológico que apresentava à data dos factos.
"João Carreira encontrava-se afeto das anomalias psíquicas de perturbação do espetro do autismo, sem perturbação do desenvolvimento intelectual e com nulo a ligeiro défice na linguagem funcional, e de episódio depressivo, sem sintomas psicóticos. (...) No entanto, não se apurou a 'existência de sintomatologia psicótica'", frisou, assegurando que não existiam "pressupostos médico-legais para ser considerado inimputável".
Para a procuradora, existe ainda um risco de que o jovem "possa sentir novamente o mesmo desejo de matar pessoas e de morrer e que tal ocorra num momento e em circunstâncias em que as autoridades não consigam atuar de forma a travar o comportamento do arguido".
A investigação foi dirigida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo (UNCT) da PJ. O julgamento arranca esta terça-feira de manhã no Juízo Central Criminal de Lisboa.
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