Ana Isabel Fonseca
JornalistaTerminou a sessão
"O velhote já devia ter morrido": Testemunha lembra insultos a Pinto da Costa na AG do FC Porto
A última testemunha a ser ouvida foi Bruno Nogueira, sócio do FC Porto, que também foi à assembleia com Fernando Saul. Lembrou que no pavilhão do Dragão Arena ouviu insultos a Pinto da Costa. “Dizem que devia haver mudança, que o velhote já devia ter morrido”, afirmou, dando conta de que o episódio de maior confusão ocorreu após o discurso de Henrique Ramos, adepto portista.
Bruno diz ainda que é amigo de Saul há vários anos. “Ele sente-se injustiçado, acho que não devia ser arguido”, disse.
A testemunha disse em tribunal que no seu entender a assembleia não devia ter acontecido. A advogado do FC Porto confrontou, no entanto, a testemunha com uma mensagem enviada no dia seguinte à assembleia no grupo de WhatsApp dos Super Dragões. “Por mim era igual para a semana”, dizia o sócio, que agora refere que não se lembra.
"Filho da p***, velho, fala mais alto, não consigo ouvir": Sócio lembra ofensas ao presidente da mesa e a Pinto da Costa na AG do Porto
Quanto à assembleia, Carlos Moreira explicou que no auditório ouviu cânticos. “Estava muita gente em pé, os cânticos vinham de muita gente, cheguei a filmar”, contou a testemunha, dando conta de que não conseguiu perceber se estavam mais apoiantes de Villas-Boas ou de Pinto da Costa.
Carlos Moreira recordou que depois foi para o pavilhão do Dragão Arena.
“Lembro-me que o presidente da Mesa da Assembleia foi insultado. Diziam: filho da p***, velho, fala mais alto, não consigo ouvir. O Pinto da Costa também foi insultado”, contou.
A testemunha diz que só viu “bate-bocas”, dando conta de que não percebeu da primeira situação de agressões já relatada em tribunal por várias testemunhas, mas que também se apercebeu de uma garrafa a voar. Apenas se apercebeu depois da confusão com Henrique Ramos, adepto portista. “A assembleia depois ficou muito inflamada”, lembrou.
Carlos Moreira diz que se lembra de ver Fernando e Sandra Madureira, mas apenas “debruçados numa grade”.
Já inquirido pela advogada do FC Porto, a testemunha admite que fazia parte do grupo de WhatsApp ‘Super Dragões 1986’. Este foi um dos grupos onde foram trocadas várias mensagens e onde ‘Madureira’ e outros arguidos terão, segundo a acusação, planeado o que aconteceu na assembleia.
“Recordo de se falar na importância da assembleia geral, mas eu não via as mensagens todas. Por vezes ia lá e tinha 600 mensagens”, explicou Carlos Moreira, que foi confrontado com mensagens trocadas com arguidos como Sandra Madureira, mas diz que não se lembra do teor das conversas.
“Eu não tenho noção nenhuma de se ter falado tanto na assembleia-geral no grupo, honestamente não me lembro, não consigo contextualizar”, tentou justificar.
"Vi coisas que me impressionaram": sócio do FC Porto recorda insultos nas redes sociais a Pinto da Costa
A sessão da tarde foi retomada com o depoimento de Carlos Moreira, sócio do FC Porto, e arrolado como testemunha de defesa de Saul. Explicou que antes da assembleia existiram muitos comentários nas redes sociais.
“Eu vi coisas que me impressionaram (nas redes sociais). Vi insultos principalmente para com o ex-presidente Pinto da Costa. “Diziam coisas como: chulos, mamões, estão a viver à custa do clube, temos de correr com estes bandidos. Eram coisas assim”, explicou.
Sessão interrompe para o almoço
Sócio do FC Porto diz que apesar dos assobios e apupos não viu ninguém inibido na AG
Luís Cunha, sócio do FC Porto, foi chamado também a depor como testemunha na assembleia. Recordou o que viu no pavilhão do Dragão Arena.
“De repente ouvi alguém dizer: parem esta m*** que ainda há gente para entrar. Depois houve ali umas reações, houve uma confusão e para minha segurança achei que devia sair dali”, explicou.
Depois do discurso de Pinto da Costa disse que houve assobios, apupos, mas também palmas. Relatou ainda que não viu ninguém inibido, ao contrário do que referiram várias testemunhas de acusação que passaram já pelo tribunal. Luís Cunha lembra ainda que teve algumas conversas com Saul, oficial de ligação aos adeptos.
“O Saul era da ideia que aquela alteração naquela altura não fazia sentido e que as eleições já estavam perdidas”, refere Luís Cunha.
"Franco-atirador”: J. Marques diz que ‘Catão’ mostrava-se "muitas vezes" contra Pinto da Costa e os 'Super Dragões'
O ex-diretor de comunicação do FC Porto diz que depois as coisas serenaram e que parecia ser possível continuar com a assembleia, mas logo depois ocorreu uma confusão com Henrique Ramos, adepto portista.
“Depois de ele falar há ali dois ou três sócios que se envolvem com ele. O único contacto físico que eu vi na assembleia-geral foi essa situação. Para surpresa minha vi um funcionário do FC Porto envolvido (Tiago Aguiar, que já não é arguido). Ficamos muito surpresos com isso”, recordou, dando conta de que achou uma situação estranha. “A única estranheza que tive durante a assembleia, e visto que tinha pouca segurança, foi o facto de a polícia não ter entrado”, disse.
J. Marques explicou ainda que Vítor ‘Catão’ mandava-lhe muitas mensagens e que muitas vezes se mostrava contra Pinto da Costa e os Super Dragões em vídeos nas redes sociais. “A ideia que eu tenho é que dois, três meses antes da assembleia, ele falava muito dessas questões dos bilhetes. Ele pelo menos nos últimos tempos era o franco-atirador”, recordou.
"Insultos de parte a parte”: Francisco J. Marques garante não ter sentido clima de intimidação na AG do FC Porto
Sobre os estatutos, o antigo funcionário do FC Porto explicou qual era a ideia que muitos sócios tinham. “Criou-se a ideia de que aqueles estatutos iam beneficiar a direção em funções e, portanto, quem era contra a direção ia à assembleia para votar contra. Foi essa a ideia que se criou, essencialmente nas redes sociais. Era muito maior o movimento a favor da oposição do que da direção”, disse J. Marques, que diz que existia uma perceção errada. “Criou-se a ideia que aquela revisão estatutária era um golpe e não era nada disso. Em assembleia, os sócios são aliás soberanos para decidirem quando é que os estatutos iam entrar em vigor, seria só após a eleições”, explicou.
O ex-diretor disse, ainda, que nenhum diretor do clube alguma vez pediu produção de conteúdos sobre a revisão dos estatutos e que isso nem era tema de conversa.
Recordou ainda que após o discurso de Pinto de Costa na assembleia existiram muitos assobios, algo que não era normal. “Depois gerou-se a tal confusão lamentável a partir daí, com bate-bocas. Existiram várias discussões entre pessoas que eram a favor da direção e outras contra. O que se ouvia mais era aquela coisa de ‘não aplaudes, não aplaudes?’ e do outro lado diziam ‘vou aplaudir porquê?’. Isto eram insultos de parte a parte”, acrescentou. “Teve a sensação de que havia um clima de intimidação? Que não se pudesse filmar ou manifestar o que queria?”, questiona Cristiana Carvalho, que é advogada do arguido Fernando Saul.
“Não, não senti isso. Depois da grande confusão, em que as pessoas começam a desviar-se, toda a gente por exemplo na minha bancada ficou indignada. A única pessoa que eu ali identifiquei foi só o Fernando Madureira ali a gesticular, já tinha havido a confusão, mas eu não sei o que se passou. A ideia com que fiquei é estava a tentar a controlar, mas não ouvi o que disse”, lembrou.
“Havia uma enorme contestação dos sócios à direção em funções": Francisco J. Marques explica afluência na AG do FC Porto
A primeira testemunha a ser ouvida é Francisco J. Marques, antigo diretor de comunicação do FC Porto, que começa por referir que esteve na assembleia extraordinária do FC Porto a 13 de novembro de 2023.
“Fui essencialmente na qualidade de sócio, credenciei-me num local quase só usado por funcionários. Quando cheguei a assembleia já estava a decorrer no espaço que costumava ser habitualmente, no auditório. Entrei e saí porque estava cheio e irrespirável, um ar insalubre. Era evidente que a assembleia não ia decorrer ali. Estava muita gente já lá dentro e ainda uma fila de gente lá fora para fazer a credenciação”, disse Francisco J Marques.
O ex-diretor de comunicação diz que se esperava muita gente. “Todos nós sabíamos que ia ter uma afluência muito grande. Todas as outras assembleias decorreram no auditório e nunca estava cheio. Na semana anterior à assembleia-geral em conversa com o Tiago Gouveia, diretor de marketing, soube que existiam duas alternativas em função da afluência. Foi uma conversa por telefone. Estava a tribuna VIP como solução de recurso e se o número de pessoas fosse tão elevado mudava-se para o Dragão Arena”, explicou.
“O que motivou esta afluência tão grande?”, questiona a advogada Cristiana Carvalho.
“Havia uma enorme contestação dos sócios à direção em funções e um início de uma candidatura que veio a ganhar com larga margem do atual presidente André Villas-Boas”, afirmou J. Marques.
Sessão começou
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.