A edição de hoje
A fé voltou ontem a percorrer a lezíria, 28 anos depois de ter sido celebrada a última Romaria da Senhora de Alcamé (Vila Franca de Xira), em Julho de 1974. No ponto mais alto desta manifestação religiosa, as centenas de fiéis juntaram-se no adro da Ermida de Alcamé para a procissão em torno do templo. Após a presença no exterior da Imagem de Nossa Senhora, a cerimónia viria a ficar concluída com a bênção dos animais presentes. Um grupo de cabrestos, conduzidos por campinos a cavalo juntou-se então aos romeiros.
Antes do início da missa teve lugar a leitura da lenda que levou à edificação desta ermida no século XVII. "Segundo a tradição, há muitos anos andava um campino a conduzir o gado na lezíria, quando de repente surge à sua frente um monstro serpente. Atormentado, o homem apenas tinha para sua defesa lançar-lhe uma maçã. Nisto, o monstro desaparece e surge na lezíria a imagem de Nossa Senhora.
A história espalha-se então de boca em boca e a fé dos ribatejanos levará anos mais tarde à construção do templo", segundo explicou ao CM Ana Serra, presidente do Rancho Folclórico de Varinos de Vila Franca de Xira e uma das principais impulsionadoras do regresso da romaria à ermida, que se encontra bastante danificada e cuja imagem original foi roubada. Outro motivo que levou a autarquia, bem como a Companhia das Lezírias a apoiar a realização da Romaria resulta da fama que a ermida obteve após ter servido de local de encontro de Marta e Salvador, personagens da telenovela "A Filha do Mar", tal como o nosso jornal noticiou oportunamente.
"Todos os fins-de-semana deslocam-se para aqui centenas de forasteiros, vindos sobretudo de Lisboa e é triste para as pessoas de Vila Franca terem um local tão bonito abandonado", disse, por sua vez, Elvira Rocha, que com 67 anos ainda se recorda das últimas romarias bem como "dos dias sem conta ao calor da apanha do melão", nos terrenos em torno da ermida.
Para além da manifestação de fé ontem retomada, os romeiros rumaram para junto da ermida pelas 11h00, para ali realizarem um piquenique, onde não faltaram sardinhas e frangos assados, bem como chouriço e caldo verde. Após ter ficado concluída a celebração religiosa, as pessoas voltaram a estender as toalhas no chão para um lanche convívio.
O dia foi ainda animado pela actuação dos ranchos folclóricos de Varinos (pescadores do Tejo) de Vila Franca de Xira e pelo da Alfarrobeira. Mas o ponto alto da diversão ocorreu aquando do encontro de futebol entre as selecções de Portugal e da Polónia. Com vários televisores ligados a geradores, os vila-franquenses gritaram a plenos pulmões os golos marcados.
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