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Três polícias julgados por espancar arguido dentro do Tribunal de Almada

Ministério Público acusa agentes da PSP. Agressão foi filmada pelo sistema de videovigilância.

10 de novembro de 2025 às 21:24

O Ministério Público (MP) acusou três polícias de vários crimes, por terem alegadamente espancado um arguido dentro do Tribunal de Almada e falsificado o auto da detenção do jovem para fazer crer que este os tentara agredir primeiro. Segundo a acusação, à qual a Lusa teve, esta segunda-feira, acesso, o principal arguido é um agente principal da PSP de 56 anos ao qual foram imputados dois crimes de ofensa à integridade física qualificada, um de sequestro agravado, um de falsificação ou contrafação de documento agravado, um de ameaça agravada e um de injúria agravada.

Os restantes arguidos são um agente da PSP de 33 anos acusado de dois crimes de ofensa à integridade física qualificada, um de sequestro agravado e outro de falsificação ou contrafação de documento agravado, e um subcomissário de 26, superior hierárquico dos dois agentes, suspeito de um crime de ofensa à integridade física qualificada e outro de falsificação ou contrafação de documento agravado. O caso remonta a 24 de fevereiro de 2025, quando o jovem, com cerca de 20 anos, e os três polícias se encontravam no Tribunal de Almada para que aquele fosse julgado em processo sumário por tê-los alegadamente insultado na véspera.

Quando o subcomissário se encontrava dentro da sala de audiências, os dois agentes ter-se-ão apercebido, no átrio do tribunal, que o arguido estaria a dançar. De acordo com a acusação, datada de julho, o principal arguido terá então, de imediato, esbofeteado e esmurrado o jovem, antes de, com a ajuda do outro agente o imobilizar no chão, dando-lhe então novamente dois socos, na cabeça. Pelo meio, o agente principal terá ainda comparado o jovem, por gestos, a um macaco, enquanto exigia respeito. Já depois de terem todos entrado na sala de audiências e abandonado o julgamento, o mesmo arguido terá, a caminho do elevador, ameaçado o ofendido, já sob detenção e algemado. Dentro do elevador, com o subcomissário presente e perante uma juíza e uma procuradora, esbofeteado mais uma vez o jovem, que acabou por ser conduzido à esquadra. Para o MP, tal configurou uma detenção ilegal, com o conteúdo do auto a ser falsificado para fazer crer que as agressões por parte dos polícias surgiram como resposta a supostas ameaças e tentativas de agressão pelo detido. O episódio no átrio foi registado na totalidade pela videovigilância do Tribunal de Almada.

Em 30 de abril, fonte da PSP adiantara à Lusa que um dos polícias tinha sido suspenso de funções pelo juiz de instrução enquanto decorria a investigação, tendo-lhe sido também instaurado internamente um processo disciplinar. Na altura, o à data juiz presidente da Comarca de Lisboa, à qual pertence o Tribunal de Almada, defendeu que em causa está "uma situação que não prestigia a Justiça", mas que "felizmente é pontual". "Não temos nenhum [outro] caso que se compare", garantiu à Lusa Artur Cordeiro, sublinhando que a situação "foi tratada imediatamente". 

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