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Vida sexual de Salazar agita julgamento da ‘Operação Marquês’

Escuta que envolvia nomes de Salazar, Soares e Almeida Santos provoca protestos.

10 de julho de 2025 às 01:30

A juíza Susana Seca até explicou a José Sócrates como se procedia à fase de perguntas/respostas durante o julgamento, para que tudo decorresse “da forma mais serena possível”. “A partir de agora darei o meu melhor”, prometeu o antigo primeiro-ministro. Porém, ao terceiro dia de interrogatório no julgamento da ‘Operação Marquês’, tudo se descontrolou, quando o Ministério Público pediu a audição de uma escuta telefónica, de forma a demonstrar a proximidade entre Sócrates e Henrique Granadeiro, antigo presidente da Portugal Telecom. Só que a conversa entre ambos acabaria por evoluir para a vida sexual de António de Oliveira Salazar e a sua governanta, dona Maria.

A certa altura da conversa, que decorreu em outubro de 2013, Sócrates decidiu partilhar com o seu interlocutor um dos temas que tinham animado um jantar com Mário Soares e Almeida Santos (dirigentes históricos do PS, ambos já falecidos): a eventual relação íntima entre Salazar e dona Maria, a histórica governanta. Segundo Sócrates, Almeida Santos garantia que tal nunca tinha acontecido, até porque teria informações de um médico.

Por sua vez, Mário Soares, ainda de acordo com o relato telefónico de Sócrates, jurava o contrário de Almeida Santos, invocando uma fonte que trabalhava no Palácio de São Bento. “Olhe, tem sido um divertimento para mim estar mais próximo desta gente e ter mais tempo para estar com eles”, comentou José Sócrates com Henrique Granadeiro.

A audição da escuta levou o advogado José António Barreiros a formular um pedido em forma de protesto: da próxima vez, o Ministério Público deveria ser mais concreto na audição das escutas, contestando a “indignidade” do que tinha acontecido. Em jeito de pedido de desculpa, Susana Seca interveio: “O tribunal lamenta o incidente ocorrido.” “Esperava um pedido de desculpas”, disse José Sócrates que não esqueceu o incidente. À tarde, depois de o procurador Rui Real ter manifestado desagrado com os seus “apartes”, o antigo primeiro-ministro, acusado de 22 crimes, respondeu: “Se o Ministério Público entende que me dirigi em termos pouco respeitosos, tem toda a razão, depois do que aconteceu esta manhã.” À saída do tribunal, José Sócrates insistiria na crítica: “Foi um ato indigno por parte do Ministério Público. (...) O MP reproduziu uma conversa telefónica entre mim e Henrique Granadeiro para fazer o espetáculo mais indigno de voyeurismo político e pessoal e para me expor a falar do Mário Soares e do Almeida Santos. É uma coisa horrível, como nos defendemos de um procurador sem escrúpulos?”.

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