Carrilho forçado a fazer curso para agressores

Juízes da Relação confirmam acórdão que já não tem recurso para o Supremo Tribunal.

25 de setembro de 2018 às 01:30
Manuel Maria Carrilho Foto: Vítor Mota
Bárbara Guimarães Foto: David Martins
Tribunal da Relação Foto: Pedro Catarino

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Alguém que humilha, insulta e maltrata uma mulher à frente dos filhos só não vai para cadeia se fizer um curso destinado a agressores. Tem de aprender a lidar com a violência e a perceber que não pode ter determinado tipo de comportamentos e que os mesmos têm consequências.

Quem o diz é o Tribunal da Relação de Lisboa e o agressor, confirmam os juízes, é Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da Cultura condenado a quatro anos de cadeia. Bárbara Guimarães é a vítima que desde o momento em que decidiu acabar o casamento viu a sua vida ser devassada. Carrilho 'saltou' para os jornais e, confirmam os juízes desembargadores, manipulou o filho, então com 10 anos, para mentir à Justiça.

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"O arguido disse ao menor para falar nas sessões de julgamento - dá as tuas opiniões - ao contrário do que a mãe lhe disse - diz a verdade toda", referia a juíza de primeira instância, num acórdão agora confirmado pelo tribunal imediatamente superior. Manuel Maria Carrilho já não pode recorrer para o Supremo. Só pode pedir esclarecimentos ou avançar para o Constitucional. Mas a matéria de facto já foi dada como provada. E a Relação diz mesmo que ou Manuel Maria Carrilho vai fazer um curso para conseguir lidar com a violência ou terá de ir para a cadeia.

"Não sei se é bem assim. Ainda vamos ver se podemos recorrer. Mas não quero falar da decisão", disse Manuel Maria Carrilho, ao Correio da Manhã.

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O tribunal teve em conta o relatório feito pelo pedopsiquiatra ao filho que agora vive com o pai. O especialista diz que o menino se tornou agressivo e que revela pouca empatia. Não respeita a mãe, nem lhe reconhece autoridade. E que o pai lhe prometeu que ao contrário da mãe nunca "arranjaria outra".

Foi absolvido de um crime de violência contra Bárbara

No final do ano passado, o ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho foi absolvido do crime de violência doméstica e de 21 de difamação. Foi, no entanto, condenado a uma multa de 900 euros por um crime de difamação. A juíza Joana Ferrer - que foi alvo de dois pedidos de afastamento por parte de Bárbara ao longo do julgamento - afirmou que o tribunal se deparou com falta de provas. No julgamento, a apresentadora Bárbara Guimarães disse sempre que nunca se deslocou a um hospital ou ao Instituto Nacional de Medicina Legal por "vergonha".

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Chegam a acordo quanto à guarda dos dois filhos

Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho chegaram a acordo na Justiça, com a apresentadora da SIC a desistir de todos os processos que tinha movido contra Manuel Maria Carrilho relacionados com os filhos de ambos. Dinis, de 14 anos, fica com o ex-ministro e Carlota, de sete, com a apresentadora.

PORMENORES

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Absolvido de ameaças

Manuel Maria Carrilho tinha sido condenado na primeira instância por ameaças a um amigo de Bárbara Guimarães. Agora foi absolvido. A pena desceu de quatro anos e meio para quatro anos.

Suspensão por decidir

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Pedro Reis, que defende Bárbara Guimarães, tem um recurso ainda pendente a pedir que a pena do ex-ministro não seja suspensa.

Dívida de gratidão

Os relatórios do processo dão conta de que a criança tinha uma dívida de gratidão para com o pai e que culpava a mãe, por terem perdido "a vida fantástica que tinham".

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