INEM só tem 6 ambulâncias em Lisboa
Dados do instituto e da comissão de trabalhadores são diferentes.
A comissão de trabalhadores denunciou esta segunda-feira que 11 das 17 ambulâncias existentes em Lisboa do serviço do INEM estão paradas devido à recusa dos técnicos em fazer turnos extra, mas o organismo revela que só sete estão inoperacionais.
Em declarações à agência Lusa, Rui Gonçalves, representante da Comissão de Trabalhadores, adiantou: "pelas 9h00 já se encontram 11 ambulâncias inoperacionais, além de uma das duas motas do serviço de emergência médica e de constrangimentos no CODO (Centros de Orientação de Doentes Urgentes)".
No entanto, o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) contrapôs que há sete ambulâncias paradas em Lisboa na sequência do protesto dos trabalhadores, no total de 21 daquelas viaturas do INEM na capital.
INEM: População não deve ficar alarmada
Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião no Ministério da Saúde, Paulo Campos lembrou que não há qualquer pré-aviso de greve em vigor que suporte o protesto dos trabalhadores e sublinhou que a população não deve ficar alarmada porque o socorro não está em causa.
Durante a manhã, a Federação Nacional do Sindicato dos Trabalhadres em Funções Públicas e Sociais anunciou que vai emitir um pré-aviso de greve nacional para dar suporte aos trabalhadores do INEM que pretendam não cumprir o trabalho extraordinário.
Luis Pesca, dirigente da federação, explicou aos jornalistas que o pré-aviso de greve só produz efeito a partir das 00h00 da próxima terça-feira.
Contratação de 85 profissionais
O presidente do INEM, no final da reunião com a tutela, anunciou que até setembro vai haver um reforço de técnicos de emergência médica com a contratação de 85 profissionais.
Os técnicos de ambulância de emergência estão desde o início do mês a recusar fazer horas extraordinárias, queixando-se de falta de pagamento de subsídios e de horas extra e de mais cortes no salário.
Domingo, os técnicos de emergência médica iniciaram uma vigília por volta das 00h00 que juntou cerca de cem pessoas à porta da sede do Instituto Nacional de Estatística, em Lisboa, numa forma de protesto silenciosa.
Guerra de números
Depois de os trabalhadores terem promovido esta noite uma vigília em Lisboa, a comissão de trabalhadores veio dizer ao início da manhã que 11 das ambulâncias existentes em Lisboa do serviço do INEM estavam paradas devido à recusa dos técnicos em fazer turnos extra, mas o organismo insistiu que, nessa altura, só um destes veículos estava inoperacional.
O INEM garantiu então que o serviço de emergência estava a ser assegurado na capital lisboeta, acrescentando que havia outras 75 ambulâncias, dos bombeiros da Grande Lisboa, disponíveis para ajudar nos serviços de urgência.
"A segurança dos doentes está garantida na cidade de Lisboa. Temos 75 ambulâncias [dos bombeiros ao serviço] como nunca tivemos graças à solidariedade do Sistema Integrado de Emergência Médica", assegurou Ivone Ferreira, do INEM.
Profissionais com 24 dias consecutivos de trabalho
Ricardo Rocha, do Sindicato dos Técnicos de Ambulâncias de Emergência, explicou estar em causa o serviço de socorro, já desde há algum tempo, com os técnicos de emergência a terem de fazer 23 a 24 dias consecutivos de trabalho. O sindicalista adiantou que as horas extraordinárias já ultrapassaram as 150 anuais, sublinhando: "e ainda estamos no mês de junho".
Numa nota após estas declarações, o INEM garantiu em comunicado que a emergência médica está assegurada em Lisboa e que participará ao Ministério Público contra quem contribuir para colocar em risco o socorro urgente a pessoas.
Segundo o instituto, "existem mesmo SMS [mensagens via telemóvel] que incentivam ao absentismo e ao abandono do serviço, depois de iniciado, através de mecanismos diversos e abundantemente sugeridos".
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