Centro de Obesidade do Hospital da Feira com 676 cirurgias em 2024 e 10 bypasses por dia
Unidade hospitalar de Santa Maria da Feira espera manter ou melhorar os tempos de espera de 2024, ano em que nenhum utente aguardou mais de um ano pela cirurgia.
O Centro de Responsabilidade Integrada para Tratamento Cirúrgico de Obesidade e Doenças Metabólicas (CRITCODM) de Santa Maria da Feira realizou 676 cirurgias em 2024, revelou esta sexta-feira essa estrutura, afirmando-se apta para "mais de 10 bypasses gástricos por dia".
O balanço da atividade desse serviço da Unidade Local de Saúde do Entre Douro e Vouga (ULS EDV), que tem sede no Hospital São Sebastião e serve seis municípios do distrito de Aveiro, foi revelado após o seu reconhecimento formal pela IFSO -- Federação Internacional de Cirurgia de Obesidade e Doenças Metabólicas como o primeiro "Centro de Excelência" em Portugal nesse domínio de intervenção.
Para a certificação europeia contribuiu o progresso registado na atividade do CRITCODM desde a sua entrada em funcionamento em janeiro de 2019.
A produção cirúrgica foi particularmente condicionada nos anos seguintes, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19 e os atrasos daí decorrentes, mas a estrutura chegou a 2024 com "um aumento global de produção, o que demonstra um esforço significativo da equipa para recuperação da atividade e resposta às necessidades assistenciais dos utentes".
Essa análise é do CRITCODM, Mário Nora, que, em declarações à Lusa, afirma que o reconhecimento da IFSO é assim "fruto de um trabalho contínuo, baseado na dedicação de uma equipa multidisciplinar comprometida com os melhores resultados clínicos e humanos para os seus doentes".
A equipa em causa integra cirurgiões, endocrinologistas, psiquiatras, anestesiologistas, nutricionistas e psicólogos, entre outros profissionais de saúde, e, só no primeiro trimestre de 2025, já intervencionou 233 utentes, tendo agora como meta chegar aos 700 até final do ano.
A expectativa é também a de manter ou melhorar os tempos de espera de 2024, ano em que nenhum utente aguardou mais de 12 meses pela cirurgia e em que a marcação dos procedimentos demorou em média 2,1 meses.
Quanto à produção concreta de cirurgia bariátrica e metabólica assegurada por essa equipa, Mário Nora diz que foram três os procedimentos vulgarmente referidos como "operações para emagrecer" mais frequentes no CRITCODM: a gastrectomia em manga ou "sleeve gástrico", que reduz o tamanho do estômago e a sua capacidade de conter alimentos, conferindo-lhe uma forma idêntica à de um tubo; o bypass gástrico, em que o estômago é seccionado de forma a criar uma pequena bolsa na parte superior, o que restringe a quantidade de alimentos ingerível; e o SADI-S (Single Anastomosis Duodeno-Ileal Bypass), para casos de obesidade extrema, porque elimina parte do estômago e também o reconfigura num pequeno tubo, deixando vários metros de intestino sem contacto com os alimentos, para evitar má absorção.
"A Cirurgia Bariátrica e Metabólica assume-se como o único tratamento verdadeiramente eficaz para a obesidade de grau II e III, permitindo corrigir não só o excesso de peso, mas também muitas doenças que lhe estão associadas, como a diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia e a apneia do sono", realça Mário Nora.
O médico garante, contudo, que a sua equipa não tem predileção por nenhuma técnica em específico: "Entendemos que devemos adequar o procedimento a cada paciente e, assim, avaliamos individualmente o seu perfil, para saber qual a cirurgia mais indicada para o seu caso".
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