Mais de meia centena de trabalhadores da Base das Lajes recorreu ao adiantamento de salários em atraso
Trabalhadores têm duas quinzenas e quatro dias de salários em atraso, devido à paralisação da administração norte-americana, que se prolongou por 43 dias.
Mais de meia centena de trabalhadores da Base das Lajes recorreu, esta semana, ao adiantamento do salário disponibilizado pelo executivo açoriano, revelou esta sexta-feira a presidente da Comissão Representativa dos Trabalhadores (CRT), Paula Terra.
"A informação que tivemos ontem [quinta-feira] da vice-presidência foi de que já tinha sido emitido o pagamento a 47 trabalhadores e que havia 15 que estavam em avaliação", adiantou, em declarações à Lusa, Paula Terra, acrescentando que ainda existiam marcações na Segurança Social para hoje.
Os trabalhadores portugueses na Base das Lajes, na ilha Terceira, nos Açores, ao serviço da USFORAZORES, têm duas quinzenas e quatro dias de salários em atraso, devido à paralisação da administração norte-americana, que se prolongou por 43 dias.
Dos cerca de 430 trabalhadores da Base das Lajes, 363 não receberam os vencimentos.
Trabalhadores, sindicatos, Governo Regional dos Açores e partidos políticos apelaram a que o Governo da República adiantasse os valores em atraso, à semelhança do que foi feito em Espanha e Alemanha, tendo em conta que o trabalho prestado na Base das Lajes resulta de um acordo de cooperação entre Portugal e os Estados Unidos.
No entanto, foi o executivo açoriano que decidiu avançar com esse adiantamento, através do Instituto da Segurança Social dos Açores (ISSA), que foi autorizado a recorrer à banca, até ao limite de 1,2 milhões de euros, com o compromisso de que os encargos com a operação bancária seriam suportados pelo Governo da República.
Os trabalhadores terão 10 dias úteis após receberem o vencimento da administração norte-americana para restituir o valor adiantado pela Segurança Social.
Segundo Paula Terra, a adesão a este mecanismo ficou abaixo do esperado, o que poderá ser justificado com o acordo no Senado norte-americano para prorrogar o orçamento federal até final de janeiro.
"O balanço do número de pessoas que aderiram a esta medida ficou um bocadinho aquém das expectativas, mas tem a ver com o facto de, no domingo, os Estados Unidos terem anunciado uma interrupção no 'shutdown' até ao dia 30 de janeiro", apontou.
O projeto de lei que ditou o fim da paralisação foi aprovado, na quinta-feira, na Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos e assinado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, mas os trabalhadores portugueses da Base das Lajes ainda não sabem quando vão receber os vencimentos em atraso.
"O comandante da base foi questionado por colegas e disse que ainda não tinha informação nenhuma. Há quem faça previsões de duas semanas, mas oficialmente não temos essa informação", revelou Paula Terra.
"Se tivermos informação de que no próximo período de pagamento vão ser acertados os salários em atrasos, as pessoas não vão ter necessidade de recorrer a esta medida. Se o comandante disser que ainda vai demorar mais duas ou três semanas acredito que mais trabalhadores vão recorrer", acrescentou.
O acordo entre democratas e republicanos nos Estados Unidos prevê, no entanto, uma prorrogação do orçamento federal apenas até 30 de janeiro, o que levanta novos receios junto dos trabalhadores portugueses da Base das Lajes.
"O nosso medo é que, a partir do dia 01 de fevereiro, entre em 'shutdown' outra vez e que fiquemos outra vez sem salários, sem saber por quanto tempo", admitiu a presidente da CRT.
Segundo Paula Terra, não há garantias de que, se isso acontecer, os trabalhadores voltem a ter acesso a um adiantamento dos salários.
Quanto à solução disponibilizada desta vez, a avaliação dos trabalhadores foi positiva.
"O processo foi extremamente simples. Os trabalhadores dirigiram-se à Segurança Social, não tinham necessidade de tirar senha, havia uma técnica designada só para atender os trabalhadores da base. Os colegas todos mencionaram a simpatia e o profissionalismo de quem os atendeu e os pagamentos foram feitos dentro do que nos foi dito na Segurança Social, que eram dois a três dias", descreveu a presidente da CRT.
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