Papa Leão XIV acusado de encobrir casos de abuso sexual nos EUA e no Peru

Sumo pontífice é acusado de falhar na resposta aos casos divulgados sob a sua supervisão.

12 de maio de 2025 às 11:44
Papa Leão XIV Foto: André Medichini/AP
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O Papa Leão XIV está a ser acusado por algumas organizações de defesa de vítimas de abuso sexual de menores de encobrir vários casos nos EUA e no Peru.

“Alguns podem aconselhar dar ao novo pontífice o benefício da dúvida. Nós discordamos. É responsabilidade do Papa Leão XIV ganhar a confiança das vítimas e das famílias”, disse Anne Barrett Doyle do grupo BishopAccountability.org, num comunicado citado pela agência AP

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A organização realçou que, ao contrário de várias dioceses e ordens religiosas, Robert Prevost nunca divulgou uma lista dos agressores acusados, sob a sua supervisão.

O grupo criticou também o “secretismo” nos processos disciplinares para bispos, perpetuado por Prevost. “Sob a sua chefia, nenhum bispo cúmplice foi destituído do título”, escreveram no comunicado. 

Por outro lado, alguns defensores dão crédito ao atual líder da Igreja Católica por apoiar sobreviventes de um movimento católico abusivo sediado no Peru, que foi dissolvido pelo Papa Francisco. 

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“[Prevost] ficou do nosso lado quando outros não o fizeram. Por isso é que a sua eleição importa”, afirmou o sobrevivente e jornalista Predo Salinas, que ajudou a fundar o grupo Ending Clergy Abuse (‘acabar com os abusos do clero’ em português). 

O recém pontífice não é acusado de abuso, mas de falhar na resposta aos casos ocorridos em Chicago e no Peru. 

Em março deste ano, a Rede de Sobreviventes de Abusos por Padres apresentou uma queixa formal ao Secretário de Estado do Vaticano contra o então cardeal Prevost, alegando que o clérigo americano terá abusado do poder eclesiástico. 

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Em causa está um caso da época em que Prevost era líder regional da Ordem de Santo Agostinho, em Chicago. James Ray, um padre da arquidiocese de Chicago, foi colocado em ministério restrito em 1990 devido a suspeitas de abuso sexual. Mas, de acordo com a queixa, deixaram Ray, que não era agostiniano, viver num convento da ordem entre 2000 e 2002. 

O movimento acusa Prevost de saber do acordo que permitiu Ray viver no convento e afirmam que o agora Papa devia ter informado a escola vizinha sobre a situação. “O Cardeal Prevost colocou em perigo a segurança das crianças”, alega a acusação. 

Em 2002, Ray saiu do convento e eventualmente deixou a vida sacerdotal. Nesse mesmo ano, Prevost tornou-se o líder mundial dos agostinianos. 

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O outro caso envolve o mandato de Prevost como bispo de Chiclayo, no Peru. 

Em 2022, três mulheres acusaram dois padres de abusos sexuais em 2007, quando ainda eram menores. A diocese, liderada por Leão XIV, passou o caso para o Vaticano, que foi depois arquivado sem alcançar nenhuma conclusão. 

A acusação afirma que, apesar da diocese ter suspendido um dos sacerdotes, existem fotografias que mostram o padre a celebrar missas publicamente. Quanto ao outro agressor, a diocese afirma que ele foi afastado da vida sacerdotal devido à idade avançada e problemas de saúde. 

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O grupo defende que Prevost falhou porque não entrevistou as vítimas para dar informação mais completa aos investigadores do Vaticano, nem reportou os padres às autoridades. 

Já o Vaticano garante que o antigo bispo de Chiclayo agiu de forma correta ao impor restrições preliminares a um dos padres, enquanto as autoridades civis conduziam a sua própria investigação.

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