Papa pede perdão, cria comissões e avisa com dureza, mas a ‘limpeza’ da Igreja parece missão impossível.
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A entrada do Papa Francisco no Vaticano - faz amanhã cinco anos - com um caloroso "boa noite", a partir da varanda da Basílica de S. Pedro, numa noite fria e chuvosa, foi entendida por boa parte dos fiéis católicos como um sinal de esperança de que a mudança estava a chegar.
E os dias que se seguiram sublinharam vincadamente essa ideia. Um Papa que vai, em pessoa, pagar a conta da pensão onde se hospedara durante o Conclave, que pega no telefone e liga para a casa dos jesuítas e pede para falar com o superior, perante a estupefação do telefonista, ou que vai a uma ótica de Roma porque precisa de trocar de óculos, tem de ser um Papa diferente.
Na verdade, cinco anos após a eleição para a cadeira de S. Pedro de um argentino (o primeiro Papa não europeu da história da Igreja), é unânime a opinião de que Francisco rompeu distâncias, implementou um estilo diferente e mostrou ao Mundo que um Papa pode ser simpático, afável e acolhedor e, ao mesmo tempo, direto, claro e inflexível perante a injustiça.
No entanto, é também evidente que não tem sido fácil a tarefa de Francisco perante algumas das questões que têm afligido a Igreja: os escândalos de pedofilia, envolvendo padres e bispos, e os casos de corrupção e lavagem de dinheiro na própria Cúria Romana.
"Não posso deixar de exprimir o pesar e a vergonha que sinto perante o dano irreparável causado às crianças por ministros da Igreja (...). Que tais crimes nunca mais se repitam". Esta foi uma das duras afirmações de Francisco sobre a pedofilia, ele que, logo em 2013, criou uma comissão de apoio às vítimas.
E quanto à Cúria, apenas três meses depois da eleição, nomeou uma comissão para estudar as atividades do controverso banco do Vaticano. Mas as resistências foram-se avolumando e, ao fim de cinco anos de Pontificado, só 30 por cento dos cardeais estão claramente ao lado do Papa Francisco.
Fátima foi uma das 22 viagens em cinco anos
"Uma presença marcante de paz e de esperança. Fátima assumiu renovada acentuação no culto mariano na Igreja Católica e nos caminhos de peregrinação cristã", disse ao CM o bispo D. José Cordeiro, acrescentando que "o Papa Francisco, ao estabelecer a memória de Santa Maria, Mãe da Igreja, no calendário universal da Igreja Universal vem sublinhar isto mesmo, como disse em Fátima: "Temos Mãe!".
Portugal foi o 26º país a merecer a visita do Papa Francisco que, nestes cinco anos de Pontificado, visitou apenas 31 países em 22 viagens apostólicas.
Na visita ao Santuário de Fátima, o Papa presidiu ao Centenário das Aparições e canonizou os pastorinhos Jacinta e Francisco. A visita decorreu nos dias 12 e 13 de maio do ano passado.
"O Papa Francisco foi centralizador das periferias"
O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, considera que "o Papa Francisco foi centralizador das periferias", transportando o que fazia em Buenos Aires para o centro de Roma. "A justiça como condição para a paz, a salvaguarda da Terra de todos para todos. É em torno de pontos como estes que a união mais urge. Por isso suscita aplausos unânimes nas instâncias internacionais", afirma o patriarca, para quem "o Papa alerta incessantemente para o essencial".
Visita pôs na agenda drama dos refugiados
Rumavam aos milhares, da Síria e de várias zonas de África, para a Europa. Centenas perdiam a vida na travessia do Mediterrâneo, e a comunidade internacional fingia não ver. Em julho de 2013, Francisco visitou de surpresa a ilha de Lampedusa, onde todos os dias chegavam centenas de pessoas. Lançou uma coroa de flores ao mar em memória dos mortos e louvou o esforço de acolhimento. E assim, colocou no centro do debate a questão dos refugiados.
"Reformas exigem martírio e paciência"
Correio da Manhã – Que novidade trouxe o Papa Francisco à Igreja?
D. José Cordeiro – O Papa Francisco é o primeiro Papa filho do II Concílio do Vaticano e, por isso, consequente com o espírito dos sinais dos tempos. Assume a Misericórdia e a Graça como o rosto da alegre notícia para a Igreja e para o Mundo de hoje, como se vê nos seus gestos e palavras.
–Terá desistido das grandes reformas?
– As reformas autênticas levam tempo, e exigem humildade, grande martírio e paciência. Para o Papa Francisco são desafios e permanentes oportunidades de conversão pessoal, pastoral e missionária.
–A luta contra a pedofilia é uma batalha perdida?
– Muito se fez e continua a fazer no combate deste mal. O Papa Francisco tem mostrado enorme determinação nesta batalha.
Aproximação à China
É um tema sempre presente, mas que nunca conheceu tantos avanços como atualmente. É por isso que a maioria dos analistas considera que este ano pode acontecer a primeira visita de um Papa à China.
A aventura Myanmar
Foi uma das mais marcantes viagens do seu Pontificado. Em Myanmar, o Papa Francisco alertou para o drama dos muitos refugiados da minoria muçulmana Rohingya.
Quatro visitas por ano
Francisco, que foi eleito já com 76 anos, tem um registo de visitas apostólicas mais baixo do que o seu antecessor. Em cinco anos realizou 22 viagens apostólicas e visitou 31 países.
Pontificado breve
Embora nunca o tenha dito claramente, colaboradores próximos defendem que Francisco abdicará quando não se sentir capaz. Em 2015 disse "o meu Pontificado será breve".
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