Projeto desenvolvido na Unidade Local de Saúde de Leiria permite aos médicos de família referenciarem diretamente os utentes para a unidade de hospitalização domiciliária.
Um projeto desenvolvido na Unidade Local de Saúde de Leiria que permite aos médicos de família referenciarem diretamente os utentes para a unidade de hospitalização domiciliária vai contribuir para diminuir as urgências.
"Contribui para um alívio da carga do serviço de urgência, no internamento hospitalar e para uma maior humanização dos cuidados prestados em saúde. Acaba por ser uma possibilidade de retirarmos muitas pessoas que teriam de passar obrigatoriamente pela urgência para serem internadas, seja no domicílio, seja mesmo no próprio hospital", explicou à agência Lusa André Rainho Dias, médico de Medicina Geral e Familiar na Unidade de Saúde Familiar (USF) Vitrius, na Marinha Grande.
Até agora, para os médicos de família referenciarem os utentes para a Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) tinham de os enviar obrigatoriamente para a urgência: "Imagine-se o que é ter um doente já fragilizado e ter de lhe explicar que vai para uma urgência, onde, se calhar, estão 100 pessoas para ser observadas e onde vai estar 24 horas à espera até ser chamado", constatou André Rainho Dias.
Não se trata de situações emergentes, mas situações como infeções urinárias que só respondem a um antibiótico hospitalar "e isto configura obviamente receber uma pulseira verde".
Através deste projeto, os médicos podem fazer a referenciação como se fosse o pedido para uma consulta de especialidade: "Poder fazer uma referenciação direta à UHD é, sem dúvida, uma grande mais-valia. Se não for no próprio dia, no dia seguinte o utente terá uma avaliação".
Estas referenciações podem também ser realizadas para cuidados paliativos ou acompanhamento de doentes oncológicos.
"Faz diferença a pessoa morrer em casa junto da família ou ter morrer no hospital. Este contacto muito direto permite-nos fugir da urgência. Isto é humanizar a medicina".
André Rainho Dias destacou ainda a importância de ter "a colaboração muito imediata de um colega internista que tem muitas vezes à disposição meios complementares de diagnóstico", inexistentes nos centros de saúde.
"Eles rapidamente conseguem chegar ao domicílio do utente e até podem perceber que tem de ser agudizado ou mesmo ir para o hospital".
A diretora da UHD, Amália Pereira, revelou que, em 2023, 23% dos doentes que internavam eram da urgência: "Sendo uma ULS, não fazia sentido estarmos presos à referenciação exclusiva hospitalar. Em 2023, começámos com o projeto-piloto na USF Vitrius e em Fátima. A Nobox ajudou-nos a modificar o sistema para que a referenciação fosse mais ágil".
Os médicos de família fazem a referenciação para a UHD, que no prazo máximo de 24 horas faz a avaliação do doente para saber se tem critérios para esta unidade ou se tem de ir para internamento convencional.
"Falta-nos ainda permitir a referenciação pelos enfermeiros, quando os utentes não têm médico de família", afirmou a médica.
Amália Pereira reforçou que "são pequenas medidas que vão melhorar o trabalho médico de família, a qualidade dos cuidados prestados ao doente, libertar camas e diminuir a afluência à urgência. São ganhos em saúde".
A UHD intervém até 30 quilómetros e 30 minutos, num total de 12 camas, insuficiente para o número de pedidos. Não conseguem cobrir todo o território de influência da ULS, enquanto só tiverem uma equipa. "O ideal era ter duas unidades, uma em Leiria e outra em Alcobaça", disse Amália Pereira.
Diogo Fernandes Silva, cofundador da Nobox e médico especialista em Saúde Pública, explicou à Lusa que este é um projeto que surgiu no âmbito da bolsa capital humano em saúde, criada pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, e que a equipa de Leiria venceu. "O grande objetivo é ajudar as ULS e as organizações de saúde a repensarem a forma como prestam cuidados e como fazem a gestão das equipas. A Nobox presta toda a consultoria para estes projetos", precisou, ao adiantar que tem contribuído para ultrapassar as barreiras e informar os clínicos.
EYC // SSS
Lusa/Fim
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